Filha de professor da Ufba está entre brasileiros isolados na Ucrânia

A jovem Lys Conceição chegou a buscar abrigo na Embaixada do Brasil em Kiev, mas foi mandada embora

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  • Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 19:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Youtube

A jornalista Lys Silva Conceição, 27 anos, é uma entre os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e atualmente se encontram em meio ao fogo cruzado após os ataques russos. O bairro onde Lys vive, em Kiev, foi um dos atingidos pelo bombardeio, e a jovem foi obrigada a abandonar sua casa, onde mora com o marido. Quem conta essa história é o seu pai, o professor titular da Ufba Fernando Conceição.

Em um vídeo publicado em seu canal no Youtube, o professor conta que esteve em contato com a filha desde o início dos ataques e a orientou a buscar refugio na Embaixada do Brasil em Kiev. "Por volta das duas da manhã ela chegou à Embaixada, que estava fechada. Eu disse 'pula o portão, não importa, escala, quebra as janelas, o importante é estar dentro do território brasileiro', porque a Embaixada é a representação do Brasil naquele país estrangeiro", diz.

O professor ainda entrou em contato com o embaixador do Brasil em Kiev, Norton Rapesta, durante a madrugada, a fim de conseguir orientações para sua filha e demais brasileiros. Segue resposta recebida: "No momento a recomendação é de ficar em casa, não adianta vir agora para a Embaixada, já falei com ela (Lys) isso. Então, com calma, (devemos) aguardar, porque isso não deve durar muito, deve acabar em algumas horas. Estamos trabalhando para proteger e tirar os brasileiros daqui no momento oportuno, não adianta vir aqui me dizer o que eu tenho que fazer", disse o embaixador em conversa com o professor.

Fernando Conceição ainda questionou o que deveria ser feito nos casos como o de Lys, que não tem mais uma casa para onde voltar, mas não obteve mais respostas. Lys Conceição, produtora na CNN Brasil, entrevistou o embaixador nesta semana - Foto: Reprodução Ainda segundo ele, as portas da Embaixada foram abertas pela manhã, mas ninguém foi acolhido. "Consegui falar com minha filha, de dentro da Embaixada do Brasil, e ela me disse que o embaixador mandou ela sair", conta Conceição. Um funcionário da Embaixada atendeu Lys e teria dito que a colocaria em um hotel, o que chegou a ser tentado, mas o hotel se recusou a aceitar brasileiros.

Felizmente, a recomendação de ficar em casa parece já ter sido anulada na tarde desta quinta. Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que a Embaixada em Kiev "permanece aberta e pronta a auxiliar os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e todos os demais que estejam por lá temporariamente."

Fernando Conceição finaliza o vídeo comentando que sua filha deve passar a noite na Embaixada, em um "espaço com geladeira e água". O CORREIO tentou contato com o professor para apurar a atual situação de sua filha, mas não obteve respostas até o momento da publicação desta reportagem.

Orientações O Itamaraty está pedindo aos brasileiros que estão em Kiev, capital da Ucrânia, que permaneçam em casa seguindo a recomendação das autoridades do país europeu.

Já os brasileiros que estão no leste do país estão sendo orientados a deixarem a região imediatamente, por meios próprios. Serviços de trem, segundo o governo brasileiro, seguem funcionando. 

Brasileiros que estejam em Odessa, sul da Ucrânia, estão sendo orientados a cruzarem a fronteira com a Moldávia, que está próxima. Pelo mesmo motivo, os cidadãos do Brasil em Lviv, oeste do país, estão sendo orientados a ir para Polônia.  

Ajuda aos brasileiros Nesta quinta-feira (24), o Ministério das Relações Exteriores informou  que está preparando um plano de evacuação dos brasileiros que estão na Ucrânia. Estima-se que a comunidade brasileira seja de aproximadamente 500 pessoas. Ainda não há data nem locais definidos para a retirada.. Por conta do fechamento do espaço aéreo, a evacuação será feita exclusivamente por via terrestre.  

O serviço consular brasileiro está renovando o cadastramento dos brasileiros que estão na Ucrânia. Os contatos podem ser feitos diretamente na página da Embaixada do Brasil em Kiev, pela página do Facebook e em grupo do aplicativo Telegram. Até agora, cerca de 160 brasileiros se recadastraram. 

A retirada dos brasileiros dependerá de de alguns critérios que estão sendo avaliados pelo Itamaraty, como a segurança do trajeto, a disponibilidade de meios e a possibilidade de que as pessoas possam chegar aos pontos de encontro. 

O CORREIO também procurou Itamaraty para comentar o ocorrido com a  jornalista Lys Silva Conceição, mas ainda não obteve retorno.