Filme revisita Revolta dos Malês pelo olhar feminino

Dirigido por Jeferson De A Revolta dos Malês será lançado nesta quinta (5) durante o Black Film Festival

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  • Doris Miranda

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 17:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Enxergar a si mesmo e aos ancestrais é a principal preocupação do diretor paulista Jeferson De, 50 anos. Por isso, seu cinema, segundo ele, conta sua própria história, a de um homem negro brasileiro. Seja representado na escritora Carolina de Jesus (personificada por Zezé Mota no curta Carolina) ou no abolicionista Luiz Gama, tema do longa-metragem que lançou no final de 2020.

Agora, Jeferson  (Bróder/2010) é um dos tantos guerreiros que emcampou em Salvador a Revolta dos Malês, tema do filme que lança hoje, com codireção de Belisário Franca, às 20h, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. O evento, que abre o Black Film Festival, contará com a presença dos diretores e dos atores Rodrigo Santos, Rafael Logam e Shirley Cruz."Revolta dos Malês é um mergulho na minha ancestralidade, na história que gostaria de ver. Mas não trato da história dos derrotados mas dos que lutaram", Jeferson De“Revolta dos Malês é um mergulho na minha ancestralidade, na história que gostaria de ver. Mas não trato da história dos derrotados mas dos que lutaram”, explica o cineasta, que é um dos diretores da novela das sete, Bom Sucesso.

“Quando comecei, há 20 anos, existia uma solidão do homem negro no cinema. Hoje, não estamos mais sozinhos. Nem na frente, nem atrás das câmeras”, completa. A trama começa e termina na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, quando explodiu o levante de escravos de origem islâmica (chamados de malês, pois sabiam ler e escrever em árabe) em Salvador. O recorte histórico segue Guilhermina, uma escrava de origem muçulmana de 27 anos que, finalmente, consegue recursos para comprar sua alforria, bem como a de Teresa, 11, sua filha adolescente."Quando comecei, há 20 anos, existia uma solidão do homem negro no cinema. Hoje, não estamos mais sozinhos. Nem na frente, nem atrás das câmeras", Jeferson DeMas, contrariando uma antiga promessa, seu “senhor”, o fazendeiro Souza Velho, se recusa a vender a carta da menina. Em paralelo, Pacífico Licutan, a mais estimada liderança islâmica de Salvador, é preso pelas autoridades baianas e a comunidade muçulmana entra em estado de ebulição. Em desespero, Guilhermina enxerga no levante a única forma de conquistar a liberdade da filha.

Mesclando linguagens do cinema e do teatro, recurso par ao qual Jeferson De apela desde Carolina, o longa revisitar os principais acontecimentos e personagens da revolta o levante através do ponto de vista de Guilhermina. “Preciso destacar a atuação de Shirley Cruz neste papel, ela é uma atriz maravilhosa”, elogia o diretor, que lança um novo trabalho no Festival do Rio, o longa M8 - Quando a Morte Socorre a Vida, filme que conta a vida de um cotista.