'Fiquei desesperada', diz esposa de mecânico morto com tiro no peito no Carnaval

Eles estavam curtindo o trio do Olodum quando Jeferson foi atingido

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  • Nilson Marinho

Publicado em 7 de março de 2019 às 11:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal/Reprodução/ CORREIO

O momento de diversão do casal Jeferson São Pedro Almeida, 21 anos, e Vitória Santana, 19, na sexta-feira de Carnaval terminou em tragédia. Eles estavam atrás do trio do bloco Olodum quando Jeferson foi atingido por um tiro no peito. 

"Antes do tiroteio, nós ouvimos o barulho de tiro. Aí ele disse: ‘corre que é tiro”. Nós estávamos de mãos dadas. Eu acabei escorrendo e ele percebeu que tinha sito atingido. Ele não caiu no chão, foi eu quem colocou ele no chão depois dele colocar a mão embaixo do peito. Fui tirar os pertences dele, para não sujar de sangue e os PMs ainda acharam ruim. Não quiseram ajudar e ainda falaram que não iriam sujar a farda de sangue”, disse Vitória nesta quinta-feira (7) no Hospital Geral do Estado (HGE). 

A morte cerebral de Jeferson foi confirmada na tarde dessa quarta-feira (6) e na manhã de hoje, a equipe médica do HGE informou aos familiares que os aparelhos que ainda o mantém vivo serão desligados após os familiares se despedirem dele.

A mãe de Jeferson,a dona de casa Joice Pinheiro de São Pedro, 37, foi até a unidade de saúde para dar adeus ao filho mais velho. Além dele, ela tem uma filha de 6 anos. 

Joice, em conversa com o CORREIO, afirmou que não doará os órgãos do filho. A decisão, segundo ela, foi tomada para respeitar a vontade do mecânico que só estava disposto a transplantá-lo para os familiares mais próximo - o mecânico, morador do bairro da Federação, era pai de uma criança de 1 ano e 6 meses. 

"Meu filho sempre dizia que os órgãos dele seria apenas doado para mim, pra irmã, namorada, ou filho", contou. 

Além de Jeferson, que foi baleado nas costas, outras três pessoas também ficaram feridas durante a apresentação do Olodum. Os disparos aconteceram durante uma briga generalizada.

A mãe, que estava próximo ao filho, disse que ouviu um policial negando dar socorro a Jefferson. "Eu estava dois isopores distante. Não ouvi barulho nenhum, mas vi o momento em que as pessoas passaram com ele nos braços. Um policial que estava próximo disse que não iria sujar a mão de sangue para dar socorro".

A Secretaria da Segurança Pública, através do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, apresenta nesta quinta-feira (7)  Edmilson Silva dos Santos Júnior, apontado como autor de disparos de arma de fogo, na sexta-feira (1º) de Carnaval, no circuito Osmar (Centro).  Edmilson é apontado pela SSP como autor dos disparos que atingiram Jeferson e outros três (Foto: Dilvulgação/SSP) Dos quatro baleados no Forte de São Pedro, Jeferson foi o primeiro a dar entrada no HGE. Ele chegou à unidade por volta das 23h40 de sexta-feira (1º). Pouco depois das 23h50 chegou no HGE o cordeiro do bloco Olodum Jonas Nunes Santos, 27, atingido do lado esquerdo do quadril. Inicialmente, ele recebeu os primeiros atendimentos no posto do Salvar, no Largo dos Aflitos, depois foi levado para o hospital.

Os outros dois baleados deram entrada na unidade médica simultaneamente. A ambulante Gessinice Santana Alves, 39, foi atingida na perna esquerda. Já Paulo Rodrigues de Paula Santos, 20, acabou baleado no pé esquerdo. A ambulante contou que trabalhava quando foi vítima de uma bala perdida. O mesmo projétil atingiu Paulo, que estava ao seu lado.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier