Fiscais da prefeitura interditam nove estabelecimentos em Salvador

Ação faz parte da medida que proíbe o funcionamento dos espaços a partir desta quarta (25). O CORREIO acompanhou a situação de alguns bairros

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  • Da Redação

Publicado em 25 de março de 2020 às 21:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

A Prefeitura de Salvador, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), realizou na tarde desta quarta (25) uma operação para fiscalizar o funcionamento bares, restaurantes e outros estabelecimentos da capital. A ação faz parte da medida decretada pelo prefeito ACM Neto, que determinou o fechamento dos locais para diminuir o contato entre as pessoas e conter a pandemia do coronavírus. Os espaços estão abertos apenas para o esquema delivery, ou caso a pessoa queira retirar o produto na loja. 

No total, foram fiscalizados 507 estabelecimentos, entre bares e restaurantes, lojas, centros comerciais, academias, terreiros de candomblé e canteiros de obra. Das supervisionadas, nove delas foram autuadas a interditadas pela prefeitura, segundo lista divulgada pela Sedur. 

O bairro da Barra foi o que concentrou o maior número de locais abertos, quatro no total: dois armazéns de bebida, um restaurante e uma loja de conveniência. Os demais foram: delicatessen no Largo de Roma, barbearia em Cajazeiras, clínica odontológica no bairro de Fazenda Grande do Retiro e uma obra, em Narandiba, que também foi interditada pelos fiscais da prefeitura. A franquia da rede de fast food Mcdonald's também foi autuada no bairro da Graça.  

Ainda nesta quarta, dois alvarás foram cassados.

CORREIO também visitou bairros O CORREIO esteve pela manhã no bairro de São Marcos, uma das regiões onde o comércio popular é forte e encontrou a maioria das lojas fechadas. Os estabelecimentos que estavam abertos eram os ainda permitidos pela Prefeitura, conforme decreto. No entanto, alguns pontos comerciais que funcionavam nesta terça-feira (24) estavam fechados. 

Na Rua Direta de São Marcos, a principal do bairro, os motivos foram diversos. Dono de uma mercearia, Ivo Gonçalves, 60 anos, disse que abriu porque tem "muitas dívidas para pagar". "Só uma delas é R$ 3 mil, mas não está valendo a pena. O movimento está muito fraco. Até agora não vendi nada", declarou ele, por volta das 11h30. 

A poucos metros, o CORREIO encontrou aberta uma distribuidora de bebidas. "Ontem (terça) abri só no final da tarde para receber as mercadorias. Hoje eu abri porque, até então, o prefeito não proibiu. Apesar disso, atendemos as pessoas com luvas e máscaras e usamos álcool gel para limpar as mercadorias. Quem vem aqui só pega e vai embora, tanto que suspendemos a venda de doses", justificou Valdeci Santos Silva, 53, proprietária do estabelecimento, que antes funcionava também como um bar, com cadeiras na porta. 

Não muito longe dali, uma outra distribuidora estava funcionando. "Ontem estava o dia todo fechado, mas hoje, o dono resolveu abrir. Ele não me disse o porquê. Só mandou eu vir e aqui estou. O movimento é esse aí, tudo franco, mas estou aqui", disse o vendedor Marcos Vinícius da Glória, 27. 

Ainda na Rua Direta de São Marcos, Viviane Neri, 40, atendia uma senhora que tinha acabado de entrar na loja de compra e venda de eletrodomésticos e móveis. "Ela fez só olhar. O dia está muito fraco. Deveria não ter aberto", disse ao CORREIO. Questionada sobre o porquê da loja estar funcionando, ela respondeu: "Como o meu padrão está viajando, não consegui falar com ele e resolvi abrir". 

Na rua Carlos Gomes, pouquíssimos estabelecimentos permaneciam abertos, contrariando a maioria que fechou por conta própria como medida para evitar a proliferação do coronavírus. "O dono foi quem mandou abrir. Acredito seja porque a gente vende álcool gel", disse a caixa da loja O Perdumista Essence. Ao lado, o Restaurante e Lanchonete Casa Nova também estava em funcionamento. "Mas só para entrega de quentinhas", garantiu o dono do estabelecimento, que não quis revelar o nome. 

Em meio a bares e restaurantes de portas cerradas no Largo Dois de Julho, uma casa de material de construção era a única aberta. "Fui apenas tomar uma vacina e aproveitei para dar um pulo aqui para fazer uma arrumação, nada mais. Já estou fechando", disse Bulhões, proprietário.

* Com supervisão da subeditora Clarissa Pacheco