'Foi um crime frio, covarde e premeditado', afirma mãe de cantora morta na Bonocô

MC DelaRua foi assassinada a facadas na noite de quinta-feira (12), durante uma batalha de rap

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  • Eduardo Dias

Publicado em 17 de março de 2020 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Eduardo Dias/CORREIO)

Seis dias após o crime e três após o enterro da filha, a dona de casa Elindinalva Barreto, mãe da cantora Victória Stephanie Barreto Campos, a MC DelaRua, assassinada na noite da última quinta-feira (12), na Avenida Bonocô, foi chamada para prestar depoimento pela segunda vez. Ela foi ouvida nesta terça-feira (17), no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba. Agarrada a uma camisa branca, estampada com a foto da filha, ela aguardava a chegada da delegada, quando conversou com o CORREIO."Todas as pessoas que falaram comigo relataram que foi um crime frio, covarde e que foi premeditado. Uma brutalidade o que aconteceu com ela”, desabafou.Para a mãe da cantora, o crime foi motivado por ciúmes e inveja, pois, segundo ela, a suspeita do crime, esposa de um homem que está preso no Complexo Penitenciário da Mata Escura, tinha ciúmes da amizade da filha dela com o rapaz, antes de ele ser preso.

A mãe da jovem afirmou que, apesar da amizade, a filha nunca se envolveu com o rapaz ou com a criminalidade. "Minha filha nunca se meteu com coisa errada, nunca teve arma nem nada. Eu quero justiça para a minha filha. Ela estava na flor da idade, cheia de vida. Não tinha nada que a fizesse infeliz, até tentavam, mas ela sempre com o astral lá em cima”, lembrou a mãe. A MC DelaRua foi assassinada na Avenida Bonocô (Foto: Reprodução) O dia do crime No dia do assassinato, dona Elindinalva estava em casa se preparando para dormir, quando pegou e celular e notou inúmeras ligações perdidas. Ela logo estranhou a quantidade de chamadas e resolveu retornar uma delas. Ao ligar, notou que era uma das amigas da filha, solicitando os documentos de DelaRua e pedindo que ela fosse para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brotas, para onde a cantora havia sido socorrida.

Foi lá que ela soube, com detalhes, o que de fato aconteceu com a filha e recebeu a notícia mais triste daquele dia: a morte da jovem. "Imediatamente, eu chamei meu irmão, mas ele estava de moto e ficamos nervosos com a situação. Logo depois, uma outra menina chegou num táxi e me levou junto com ela. Lá a médica me disse que ela já tinha morrido, assim que deu entrada", lembrou.

Apesar da dor da perda da filha, dona Elindinalva afirmou que está sendo amparada por amigos e conhecidos de DelaRua, que enviam mensagens de condolências e solidariedade diariamente para ela desde o ocorrido."Muitas pessoas me procuraram para prestar solidariedade e se disponibilizar a depor em favor dela, pois foram testemunhas do ocorrido. A minha filha era uma menina doce e que se dava com todo mundo, todo mundo gostava dela”, disse.A suspeita do crime, Marluar Brandão Cine dos Santos, havia sido espancada por testemunhas e socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde ficou sob custódia da Polícia Civil até a chegada das equipes do DHPP. Após o atendimento médico, Marluar foi encaminhada para a sede do departamento, onde foi autuada em flagrante. O CORREIO apurou que a suspeita segue presa na sede da unidade à disposição da Justiça.

DelaRua e a mãe tinham uma relação muito próxima. Elas moravam sozinhas no bairro de Cosme de Farias. Filha caçula, a cantora cuidava da mãe, enquanto o irmão mora e trabalha em São Paulo. Dona Elindinalva acredita que a filha foi morta numa emboscada, mas afirma não se sentir ameaçada após o crime e prometeu lutar por justiça.

“Não tenho sentido ameaças, mas também não tenho por que temer nada. Minha filha era muito carismática e conhecida nesse meio dela da música e dos eventos. E ela estava feliz demais por causa da música nova que iria gravar. Ela estava fazendo o que sempre gostou, cantando e se divertindo. São muito fatos que confirmam que a minha filha foi vítima dessa situação. Essa mulher desgraçada assassinou a minha filha. Todo mundo viu que foi ela que matou minha filha”, disse a mãe da jovem.

Investigação Dona Elindinalva esteve no DHPP e conversou com a delegada Cristina Portugal, responsável pelas investigações da morte da cantora. "Vim para saber o que eles queriam realmente de mim. Infelizmente, eu ainda não tenho um advogado no caso, mas uma pessoa me instruiu a falar somente o que eu estou sabendo. E foi o que eu fiz. Falei sobre a vida da minha filha, como ela era, que era uma menina boa e que todo mundo lá no bairro conhecia e gostava dela”, explicou a senhora, na saída do DHPP.  

A Polícia Civil investiga o crime através da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), que apura a motivação da morte de Victória. A suspeita de cometer o crime foi conduzida para o DHPP por equipes da 26ª Companhia da PM (CIPM/Brotas).

*Com supervisão da subeditora Fernanda Varela