'Foi um desespero, muita gente gritando', diz parente de ferida em ônibus que capotou

Segundo cunhada, Adenildes ainda chora bastante ao lembrar do acidente

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  • Bruno Wendel

Publicado em 14 de junho de 2019 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Ônibus capotou perto do Shopping Bela Vista (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A cena do ônibus capotando e caindo de uma altura de 10 metros não sai da cabeça da auxiliar administrativa Adenildes dos Santos Oliveira, 52 anos. Ela é uma das 27 pessoas que ficou ferida após o coletivo descer ribanceira abaixo nesta quinta-feira (13).

Ela sofreu escoriações e foi socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas recebeu alta no mesmo dia. Segundo a cunhada dela, a psicopedagoga Margarete Cerqueira, 45, Adenildes ainda está muito assustada. "Ela ainda está muito trêmula com o que aconteceu. Lembra de alguns flashs", disse a cunhada.

Segundo Margarete, toda vez que Adenildes fala sobre o acidente, chora e passa mal.“A face dela fica trêmula e ela chora. Foi um desespero total. Ela disse que havia muita gente gritando, algumas pessoas tentaram sair, mas não conseguiram de imediato. Ela ainda está muito assustada. Para se ter uma ideia, ela sequer lembra onde estava sentada. Tudo indica que, a partir de amanhã, as coisas ficarão mais claras na cabeça dela, que alguns detalhes venham à tona”, continuou. O capotamento do ônibus do Consórcio Integra, que fazia a linha Mata Escura/Pituba, aconteceu no começo da noite de quinta, nas proximidades da rótula do Shopping Bela Vista e deixou 27 feridos, entre eles uma gestante e crianças. Um dos passageiros ficou preso às ferragens e precisou ter o braço amputado. Ele foi resgatado pelos bombeiros e socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não teve a identidade divulgada.  Não houve vítima fatal.  27 passageiros ficaram feridos no acidente (Foto: Reprodução) A maioria dos feridos foi socorrida para hospitais públicos - as demais receberam atendimento médico no local do acidente e foram liberadas ou encaminhadas para unidades particulares. Das 19 vítimas, 11 deram entrada no Hospital Geral do Estado, cinco foram socorridas para o Hospital Ernesto Simões e três levadas ao Hospital do Subúrbio. As informações são da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Ainda de acordo com a secretaria, apenas seis vítmas ainda continuam internadas nas unidades de saúde do estado.

Segundo a Sesab, dos 11 feridos que deram entrada no HGE, seis já tiveram alta. Assim como Adenildes, os demais passageiros que tiveram ferimentos leves também já deixaram o HGE entre a noite de quinta-feira e a madruga desta sexta (14).“Agradecemos a Deus. Não houve mais nada sério nela, diante do que foi o acidente. Ela hoje só se queixa das dores no corpo por causa das escoriações”, disse a cunhada de Adenildes, Margarete. Adenildes tinha acabado de sair do trabalho, na Avenida Tancredo Neves, e pegou o ônibus nas imediações do Shopping Sumaré – ela ia para casa, no bairro Nossa Senhora do Resgate, na região do Cabula. “Ela disse que no ônibus tinha gente sentada e em pé. Que parou no ponto do shopping para pegar uma pessoa e que o motorista não estava correndo, pois tinha acabado de dar partida. Ela, assim como as outras pessoas, não soube explicar o porquê de o ônibus ter perdido o controle e capotado”, contou Margarete.

O acidente, que teve ocorrência finalizada às 22h30, é apurado pelo delegado titular da 11ª Delegacia (Tancredo Neves), Thiago Rodrigues Andrade Pinto. "Já foi feita perícia no local do acidente. Estamos também aguardando os laudos das perícias complementares. Nos próximos dias deveremos ouvir algumas vítimas que já tiveram alta”, declarou.

Nesta sexta, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) realizou uma visita na região onde aconteceu o acidente. Por meio de nota, o órgão informou que "o objetivo da inspeção dos engenheiros e técnicos foi analisar aspectos como condições do asfalto, traçado da via, sinalização e possibilidade de implantação de contenções no local". Com o resultado obtido a partir desse estudo, a Transalvador avaliará mudanças no trecho para reforçar a segurança viária. Resgate Para o resgate das vítimas, o Corpo de Bombeiros precisou usar uma viatura para estabilizar o ônibus, que estava balançando bastante com a movimentação dos socorristas que resgatavam os passageiros. As pessoas que ficaram feridas foram atendidas na calçada, imobilizadas e encaminhadas para as ambulâncias.

A concentração de ambulâncias, viaturas, e carros de bombeiros chamou a atenção de quem passava pela região. O major do Corpo de Bombeiros, Ramon Diego foi o responsável por coordenar os resgates.

Passageiros contaram que o ônibus parou no ponto da Alameda Horto Bela Vista, em frente ao shopping, pouco antes do acidente. Logo depois de sair com o veículo, o motorista perdeu o controle do carro, subiu o passeio, derrubou o gradil e rolou barranco abaixo. A ribanceira tem cerca de 10 metros de altura. O veículo só parou depois de esmagar um coqueiro e atingir a pista de baixo. Nenhum carro passava no momento do impacto. 

No interior do ônibus, havia cadeiras soltas e tudo estava bastante revirado. Testemunhas no local informaram que o coletivo vinha em alta velocidade, mas alguns passageiros negaram. Os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) chegaram logo depois do resgate e iniciaram a perícia no ônibus.

Ferido, o motorista foi socorrido e retirado do ônibus por pessoas que passavam pelo local. De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, ele é bastante experiente.  "Os rodoviários sofreram escoriações e estão abalados psicologicamente. O motorista tem mais de 25 anos de experiência. Vamos aguardar a perícia para saber o que aconteceu. Ainda não falei com os rodoviários, mas sabemos que essa é uma via estreita e que precisa de um guard rail. Aproveitamos para reforçar esse pedido pela segurança", declarou no dia do acidente.

O coletivo ficou com a frente totalmente destruída e também teve seus vidros laterais quebrados. Pelo menos, 14 ambulâncias do Samu atenderam a ocorrência, além de viaturas do Salvar, Bombeiros e Polícia Militar. 

Baleiro O baleiro Vinícius Santiago, 26 anos, que voltava para casa na hora do acidente, também é uma das 27 vítimas feridas. Ele contou que subiu no coletivo um ponto antes do acidente e que estava em pé, anunciando a venda das mercadorias, quanto tudo aconteceu. Baleiro ficou ferido no acidente (Fotos: Gil Santos/CORREIO) "Eu tinha acabado de entrar no ônibus. Ele estava cheio, tinha algumas pessoas em pé, mas não estava lotado. Foi tudo muito rápido. O motorista perdeu o controle e capotou. Eu senti um baque e  fui arremessado. Quando abri o olho, vi uma bebê caída do meu lado, uma mulher com o rosto sangrando e muita gente gritando. Escapei pela saída de ar", relatou.Assustado, ele ligou para o pai e pediu ajuda. "Quando eu abri os olhos, vi as pessoas pedindo ajuda e vi muito sangue. Como eu estava ferido, não consegui fazer muita coisa", completou ele, que teve ferimentos nas costas, pescoço e mãos. O balde com as balas que Vinícius carregava ficou totalmente destruído com o impacto.

O baleiro pediu aos bombeiros para ir para casa, mas foi encaminhado para uma unidade de saúde por precaução. O Núcleo de Operações Assistidas (NOA) da Transalvador informou que foi acionado por volta das 19h30. 

Por meio de nota, os bombeiros informaram que "foram empregadas quatro ambulâncias e duas viaturas de salvamento (para retirar vítimas presas às ferragens), além de viatura do coordenador de operações".

A concessionária OTTrans lamentou o acidente e informou que "está prestando atendimento às vítimas".