Fonte afirma que não invadiu o celular de Moro, mostra Greenwald

Fundador do The Intercept Brasil enviou à Veja o diálogo com fonte de mensagens vazadas

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2019 às 08:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

A fonte que entregou os diálogos da Operação Lava Jato ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, negou em conversa no dia 5 de junho que também tenha sido responsável pela invasão ao Telegram do Ministro da Justiça, Sergio Moro. O diálogo foi repassado a Veja pelo próprio Greenwald.

Na mensagem, segundo a reportagem publicada no portal da revista nesta sexta-feira (26), o jornalista pergunta à fonte se ela havia lido uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre a invasão ao celular do ministro. O título da matéria dizia que o hacker usou aplicativos do aparelho e trocou mensagens por seis horas. “Posso garantir que não fomos nós”, responde a fonte, em mensagem transcrita de forma literal.

“Nunca trocamos mensagens, só puxamos. Se fizéssemos isso ia ficar muito na cara”, diz a fonte em outra mensagem. “Nós não somos ‘hackers newbies’ [amadores], a notícia não condiz com nosso modo de operar, nós acessamos telegrama com a finalidade de extrair conversas e fazer justiça, trazendo a verdade para o povo.”

Segundo o jornalista contou à Veja, o primeiro dos contatos com a fonte ocorreu no início de maio. Ou seja, um mês antes da denúncia feita pelo Ministério da Justiça. Ele conta que foi apresentado à fonte por um intermediário, e reitera que todos os contatos foram feitos virtualmente. Greenwald também afirmou desconhecer a identidade do hacker, que teria extraído todo material do Telegram de Dallagnol.

“A fonte me disse que não pagou por esses dados e não me pediu dinheiro algum em troca desse conteúdo”, revelou o jornalista à Veja. 

No último dia 23, três homens e uma mulher foram presos no primeiro desdobramento da Operação Spoofing, que investiga o acesso ilegal a telefones de autoridades do governo, entre eles o de Sergio Moro. As investigações mostraram que Walter Delgatti Neto, Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira teriam invadido o celular de Moro e de pelo menos outras 1.000 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, a deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

The Intercept Brasil afirma que não comenta sobre suas fontes O site The Intercept Brasil afirmou nesta quinta-feira (25), em nota, que, "assim como a melhor imprensa mundial, não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas". Preso nesta quarta-feira (24), um hacker disse à polícia que deu ao site acesso a conversas do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O comunicado diz ainda que a "tentativa de ligar supostos hackers ao Intercept Brasil é mais uma etapa dos constantes ataques aos quais nossa redação tem sido submetida" desde o início da publicação da série "As mensagens secretas da Lava Jato", em 9 de junho. "Trata-se de um claro ataque à liberdade de imprensa", afirma a nota.

Segundo o site, a Operação Spoonfing, deflagrada pela Polícia Federal, "não muda o fato de que a Constituição Federal garante o direito do Intercept de publicar suas reportagens e manter o sigilo da fonte, mesmo direito garantido para toda a imprensa brasileira"."O Intercept Brasil vê com preocupação as conclusões precipitadas do ministro Sérgio Moro sobre uma investigação que sequer teve seu inquérito concluído. Esperamos que a Polícia Federal, comandada por Moro, tenha autonomia para conduzir uma investigação isenta." Ao Supremo Tribunal Federal, Moro disse desconhecer "qualquer investigação em andamento a respeito" do jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept Brasil.