Fora da defesa de Flávio Bolsonaro, Wassef tem pouca experiência na área criminal

Advogado é listado em poucas ações do tipo na justiça, todas de interesse próprio

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  • Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2020 às 18:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Auto-denominado advogado criminalista, Frederick Wassef praticamente não tinha experiência em processos criminais antes de assumir a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Segundo o jornal O Globo, não há registros da atuação de Wassef em ações de nenhum outro cliente além do filho do presidente, exceto por algumas de interesse particular dele e de sua ex-mulher. Ele deixou a defesa do senador nesse domingo (21),

O jornal destaca que desde 2007 Wassef é sócio de um escritório com sua prima, Solveig Fabienne Sonnenburg, em Atibaia (SP). Foi no imóvel que o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz foi preso na semana passada por suspeita de participar de um esquema de rachadinha com o então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

No Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), porém, Wassef aparece como advogado em só três ações, todas de interesse particular dele mesmo.

Sua sócia, Solveig, não atua em processos criminais. Ela está listada como advogada em 36 ações judiciais no TJ-SP, a maioria na área de direito civil ou tributário. Nas peças, diz representar o escritório Wassef & Sonnenburg, mas assina sozinha.

Já no TJ-RJ, Wassef aparece apenas como advogado de Flávio Bolsonaro, na investigação recente sobre a “rachadinha”. O Globo buscou também pela atuação de Wassef nos sistemas dos Tribunais Regionais Federais e nos TJs de todas as unidades da federação. Em nenhum deles há processos em que Wassef atue em nome de outro cliente.

Wassef tirou sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 1992. O fato de não ter atuado em processos não impede que ele tenha trabalhado como consultor ou apenas na fase de inquérito criminal, em que o nome do advogado costuma ser sigiloso. Em entrevista à revista Época, no ano passado, Wassef explicou sua atuação "discreta":

"Toda vida fui um cara discreto, não gosto de fama ou de holofote. Vou lá e faço tudo fisicamente. Assino. Você nunca vai achar meu nome nos processos eletrônicos, e faço de propósito. Não quero que saibam que advogo para o Flávio Rocha (acionista das lojas Riachuelo), para o David Feffer (acionista da Suzano Papel e Celulose)", declarou.

Na ocasião, a revista entrou em contato com Flávio Rocha, que negou que Wassef tenha prestado algum serviço para ele. Já os representantes de David Feffer informaram que ele nunca foi cliente desse advogado ou de seu escritório. Em São Paulo, mesmo em processos físicos em que Wassef eventualmente tivesse atuado, seu nome apareceria em uma ficha cadastrada on-line — além disso, só processos antigos são físicos no estado.