Fórum Agenda Bahia 2018: Big Data também é gerador de negócios

Estimativa é que o setor movimente US$ 41,5 bilhões em 2018

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  • Andreia Santana

Publicado em 22 de julho de 2018 às 05:52

- Atualizado há um ano

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Existe uma demanda crescente no Brasil por empresas que entendam o mercado digital e apontem formas de explorar o potencial do Big Data na geração de novos negócios. Por aqui, a caminhada ainda está no início. Mas no resto do mundo, a previsão da IDC, empresa de pesquisa e consultoria, é que o mercado mundial de Big Data movimente US$ 41,5 bilhões em 2018. 

Para Gabriela Freitas, sócia-diretora da Proxy Mídia, empresa especializada em soluções digitais para geração de negócios, o desafio atual do setor não está mais no armazenamento de dados e sim na interpretação do acervo infinito de informações que é gerado diariamente. 

“As empresas que tem informações entregam resultados melhores para o consumidor. Antes, a TV falava com todo mundo, mas só 10% se interessavam. Agora, com o uso de dados, as ações são mais direcionadas. As empresas precisam aprender o que o consumidor quer”, afirma Gabriela. Gabriela Freitas: "As empresas precisam aprender o que o consumidor quer" Marcio Soussa, professor de Redes e Análise de Sistemas da Unijorge concorda com a empresária e também acredita que o desafio atual está na interpretação inteligente dos dados. Ele lembra que as pessoas nunca tiveram à sua disposição um volume de dados tão expressivo e variado como hoje. 

“São centenas de terabytes gerados por dia em lugares diversos espalhados pela internet, como sites, bancos de dados de empresas, redes sociais, aplicativos, mecanismos de busca, etc.”, enumera.

Soussa acrescenta que as análises de dados são importantes para os negócios porque permitem personalizar serviços e produtos, aumentar as receitas e potencializar a capacidade de inovação.

Gabriela Freitas completa, acrescentando que o consumidor também ganha com isso, pois passa a receber publicidade de acordo com seus interesses e perde menos tempo em uma compra, por exemplo. 

“Vivemos em um mundo de acesso à informação e muita coisa o cérebro não processa. Então é preciso filtro, você receber algo com mais probabilidade de despertar seu interesse”, pontua a empresária, que afirma ainda que “o Big Data é a nova fronteira” do mundo dos negócios. “Muitas empresas ainda não entendem quem são os seus consumidores. Ou até entendem, mas não tiram insights disso”, acrescenta.

Inovação e dados abertos

O pesquisador do Núcleo de Pós-Graduação da Escola de Administração da UFBA, Luciano Ataíde também enxerga no Big Data um recurso ilimitado para gerar inovação. Segundo ele, os dados abertos, como aqueles socioeconômicos, geoespaciais, do orçamento público, de educação e saúde, por exemplo, repercutem no crescimento da economia porque podem ser usados nas análises que apontam caminhos de desenvolvimento, com soluções tecnológicas e novos serviços.

“O cruzamento entre o Índice Global de Inovação e o Índice Global de Dados Abertos revela que quem tem mais dados abertos é mais inovador. Esse caminho é inevitável”, afirma Ataíde.

O pesquisador cita ainda que o Tribunal de Contas da União (TCU) lançou um livro digital - Cinco Motivos para a Abertura de Dados na Administração Pública (faça o download aqui) -, em que um dos cinco motivos é justamente a viabilização de novos negócios.  Gabriel Dias: "Agora, são 50 coisas em uma casa conectadas ao mesmo tempo transmitindo dados" Ecossistema tecnológico

O phD e líder em projetos IoT da Semantix, empresa especialista em big data, inteligência artificial, internet das coisas e análise de dados, Gabriel Dias aponta exemplos do quanto essa ‘ciência dos dados’ é útil também para a iniciativa privada. 

“Na indústria, como na linha de montagem de carros, se quebra alguma coisa, a sequência de montagem é interrompida e ocorre uma parada que gera milhões em prejuízos. Mas existem sensores que fazem o estudo constante dessa linha de montagem e geram dados que, ao serem analisados, avisam sobre a necessidade de manutenção antes da falha ocorrer e ainda preveem a ocorrência das falhas”, diz.

Os milhares de dados coletados por até dois mil sensores, continua Gabriel Dias, geram uma quantidade de informação inimaginável para um humano. O cérebro de uma pessoa não tem a velocidade necessária para processar tudo a tempo de prevenir os problemas antes que aconteçam. Mas, o conjunto de tecnologias e programas que tratam grandes quantidades de dados, que é justamente o papel do big data, consegue trabalhar nessa escala monumental.

O especialista acrescenta que no Brasil, os bancos foram os primeiros a entenderem o movimento sem volta da era digital. Depois, foi a vez das empresas de telecomunicação, que tiveram de se atualizar diante das novas tecnologias. 

“Agora, não se trata mais de ter três computadores conectados na internet em uma casa. São 50 coisas conectadas ao mesmo tempo em casa e tudo isso coletando e transmitindo dados para a nuvem”, acrescenta, referindo-se à IoT (internet das coisas), que envolve TVs, geladeiras, móveis, elevadores e outros objetos com microcomputadores embutidos que recebem informações diariamente do ambiente.

“IoT gera matéria prima para o big data. Os sensores no elevador informam o padrão de uso nos andares, refletindo no controle do ar condicionado quando tem mais ou menos gente usando o equipamento, o que vai impactar em uso mais racional de energia”, exemplifica.