Frank Tyneski ensina como transformar medo do futuro em oportunidade

Designer norte-americano fez conferência de abertura do seminário Humanize[se]

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  • Andreia Santana

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 06:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos de Marina Silva/CORREIO

Para aqueles que temem ser engolidos pela onda digital e tentam se encontrar em meio à Revolução 4.0. Ou ainda, os assustados com a possibilidade de perder seus empregos para os robôs em um futuro próximo, Frank Tyneski, presidente da empresa RKS Design e, como ele mesmo se define, “um designer de coisas físicas e experiências digitais”, dá o recado: transforme o medo em uma oportunidade de negócio. 

Como exemplo de iniciativa que pega o limão do receio do desemprego e transforma na limonada da inovação, ele citou o site Will a robot take my job? (Um robô vai roubar meu emprego?, em inglês). “O site calcula a probabilidade dos robôs roubarem seu emprego na era da automação. O meu, por exemplo, de designer industrial, tem 4% de chances, nada mal. Quem criou o serviço, enxergou potencial na ideia ”, brincou Tyneski, na abertura da palestra ‘Design para a era experimental’, conferência master do Seminário Humanize[se], evento que encerrou, nesta quarta-feira, 07, o Fórum Agenda Bahia 2018.

Mostrando uma foto da própria infância, em que tentava saltar de uma rampa improvisada em uma calçada com sua bicicleta, Tyneski revelou que, naquela época, não havia nenhuma inteligência artificial para ajudá-lo na aventura ou para calcular os riscos que ele correu de levar um tombo e se machucar.

“A rampa foi feita por um amigo que virou engenheiro mecânico, profissão que segundo o site Will a robot take my job? tem 1% de chances de substituição”, continuou.

Adaptação 

Outro amigo de infância de Frank costumava ter medo de arriscar-se nas brincadeiras mais pesadas e, depois de adulto, foi ser corretor de seguros, profissão com 92% de chances de desaparecer, segundo o site americano. Um terceiro amigo criou uma empresa de dispositivos médicos e uma lavanderia cujos serviços são pagos em Bitcoin, uma criptomoeda (espécie de dinheiro virtual). “O futuro vai ser automatizado e vai forçar cada vez mais a adaptação. Os caminhoneiros, por exemplo, não terão como competir com os veículos autônomos. Ainda assim, acredito que ocorrerá um reequilíbrio das profissões” (Frank Tyneski)Segundo o designer, dos 10 maiores empregadores dos Estados Unidos, oito serão impactados pela digitalização em um futuro próximo, o que significa o risco de perda dos empregos atuais para 28 milhões de trabalhadores, que também deixarão de pagar impostos e taxas sindicais, por exemplo. 

“A solução vai ser integrar robôs à folha de pagamento e cobrar deles”, sugeriu, acrescentando que nos Estados Unidos já se usa o gênero X para designar pessoas que não se identificam nem como homens e nem como mulheres. “Talvez seja preciso criar um gênero para os robôs, o que os especialistas já chamam de transhumanismo”. Designer americano participou de talkshow com Flávia Oliveira Outros hábitos

Nesse porvir digital, será preciso adaptar hábitos de consumo, afirmou Tyneski. “Há 100 anos, o advento do automóvel fez surgir diversas oportunidades de trabalho com a abertura de estradas, postos de gasolina e shopping centeres. Houve uma mudança nos  hábitos de consumo e as pessoas passaram a adquirir o que desejavam e não mais o que necessitavam, porque os desejáveis se tornaram acessíveis. Na era digital, surge nova tendência de consumo e as experiências vividas passam a ser mais significativas”, pontuou.

Para o designer, com as mudanças que se anunciam, será preciso que as tecnologias foquem nas pessoas. “As tecnologias não serão bem sucedidas por aquilo que elas fizerem enquanto ferramentas, mas por atenderem nossas experiências, que nos fizerem sentir”, afirmou.

Abordagens humanizadas serão mais favoráveis, defende Tyneski, acrescentando que o designer do futuro terá de pensar em sentimentos.

Capital humano terá mais valor

Se por um lado existe o risco do desaparecimento ou da reconfiguração de empregos com a era da inteligência artificial e das máquinas. Por outro, o capital humano passa a ser valorizado e usado de forma significativa. 

Robôs, lembrou Frank Tyneski, ao responder perguntas da plateia após sua palestra, ainda não conseguem desenvolver empatia nos moldes de seres humanos. E é por isso que em áreas que exigem cuidados de gente para gente, como a saúde, embora ofereçam ferramentas para exames e procedimentos, as máquinas sozinhas não têm vez.

Segundo o designer, a valorização das pessoas na era dos robôs também passa pela predisposição de se arriscar mais nos negócios. “Precisamos nos preparar para as carreiras que vão mudar e aprender a navegar nos riscos. Manter-se seguro não é estratégia”, ensinou.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do jornal CORREIO, com patrocínio da Braskem, Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; e apoio do Sebrae e da  VINCI Airports.