Funcionários de hospitais reclamam de atraso salarial na Bahia

Instituições geridas pela Fundação José Silveira não recebem desde dezembro

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 11:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ivan Erick/ AGECOM

Funcionários terceirizados da Fundação José Silveira (FJS), que atuam em hospitais de todo o estado, denunciam que estão sem receber salários e auxílio transporte desde dezembro. A situação, segundo relatos, afeta unidades de saúde de todo o estado.

Ums das instituições afetadas é o Hospital Roberto Santos, no Cabula. Um funcionário que preferiu não se identificar informou que os profissionais têm sofrido com o descaso.

"É uma situação absurda. A última vez que fizeram um pagamento foi dia 12 de dezembro, referente a novembro. A gente não consegue pagar faculdade, as contas, aluguel, nada. As pessoas saem de férias e não recebem pagamento também. Estamos trabalhando de graça e os pacientes precisam de nós. Enquanto a gente fica sem receber, eles inauguram um laboratório de ponta", desabafa.

O equipamento citado é o Laboratório de Estudos do Movimento,  do Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR), que atende pacientes com distúrbios de locomoção. O Serviço foi implantado através de uma parceria entre o Ministério da Saúde, com recursos do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS), a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) e a Fundação José Silveira. O investimento total foi de cerca de R$ 1 milhão, sendo R$ 800 mil do PRONAS e R$ 200 mil da Fundação José Silveira.

Um auxiliar de enfermagem que também preferiu não ser identificado confirma a situação e diz que os funcionários do Roberto Santos já procuraram o setor de Recursos Humanos e a informação é sempre a mesma, de que não há previsão para que o repasse seja feito.

O CORREIO conversou com funcionários de outros hospitais, como o Instituto Couto Maia e o Hospital de Base de Vitória da Conquista, que também disseram passar pelo mesmo problema. São atingidos apenas aqueles que são contratados - os concursados estão recebendo normalmente. 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), responsável pelo repasse para pagamento da folha das unidades de saúde gerenciadas pela FJS, que por meio de comunicado informou que "realiza pagamentos regulares e consecutivos a todos os fornecedores, inclusive para a Fundação José Silveira".

Acrescentou ainda que "foram pagos mais de R$ 23,5 milhões em dezembro de 2019, ao contabilizar todos os contratos desta instituição com a Sesab. Cabe esclarecer ainda que a mesma é responsável pelo pagamento dos seus colaboradores, bem como os encargos trabalhistas".

A secretaria informou que será aberta sindicância para verificar a denúncia.

Segundo um funcionário da FJS, que também pediu para ter a identidade preservada, a Sesab realmente faz os repasses, mas de meses anteriores e que já estavam em atraso, o que impossibilita o pagamento em dia para os hospitais. "Se a fundação recebe este mês o repasse de novembro, não tem como estar em dia, regularizado".

Questionada sobre os atrasos, a Sesab não respondeu ao questionamento até o momento da publicação desta reportagem.

Já a Fundação José Silveira disse por meio de nota que "sobre o contrato com os profissionais que atuam nestas unidades (que relatam atraso salarial), o pagamento dos salários está regularizado; o vale transporte está em dia e não procede a informação de 40 dias de atraso no pagamento salarial". Acrescentou ainda que "eventual demora no pagamento da folha é decorrente do não recebimento de créditos, situações que vêm sendo objeto de negociações para imediata regularização". Por fim,acrescentou que "nenhum hospital gerido pela Fundação Jose Silveira apresenta atraso no pagamento de salários".