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Sesab determinou suspensão para redirecionar investimentos para luta contra a pandemia
Wendel de Novais
Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 17:41
- Atualizado há um ano
Nesta segunda-feira (4), o Hospital Roberto Santos amanheceu com os gritos e palavras de ordem de um grupo formado por funcionários e pacientes do Hospital Dia, unidade responsável por cirurgias simples, que protestou contra a suspensão dos atendimentos da unidade, que está instalada no Roberto Santos.
De acordo com manifestantes, a suspensão afeta diretamente a população e os funcionários que trabalhavam no local. A decisão da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) tem o objetivo de redirecionar a verba da unidade para o combate à covid-19.
Revoltados com a suspensão, os manifestantes fizeram questão de ressaltar com números o impacto que a unidade tem na saúde da população. De acordo com eles, o local, que tem como foco principal a realização de cirurgias, faz cerca de 550 operações por mês, sendo elas de cirurgia geral, urologia, oncologia, proctologia, ortopedia ou oftalmologia. Funcionários e pacientes pedem que Sesab recue na decisão (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Desfalque para saúde pública
O principal ponto da manifestação foi o déficit que a ausência do funcionamento da unidade pode trazer para população. Funcionários afirmam que, por ter um número considerável de realizações cirúrgicas no hospital, é impossível realocar pacientes. Isso é o que acredita a técnica de enfermagem Magna Cristina Souza, 46 anos, que trabalha na unidade. "Vai gerar muito prejuízo para a população. Imagina o impacto do fechamento de um lugar que faz 500 cirurgias durante o mês pode trazer para o atendimento em saúde na cidade do Salvador e na Bahia. É um desfalque grande e que nos preocupa", diz.
Menderson França, 30, que é instrumentador cirúrgico no Hospital Dia, diz que a realocação desses pacientes para realização dos procedimentos cirúrgicos não ocorrerá. "Relocar os pacientes para onde? Com o fluxo que temos aqui, nenhuma outra unidade suportaria fazer a quantidade de cirurgia que fazemos aqui. A demanda é grande, tem paciente que vem do interior, da capital e da região metropolitana", conta. Profissionais afirmam que não há como realocar pacientes da unidade (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Ele também afirma que a decisão terá consequências na regulação de pacientes no estado e cita a contribuição da unidade para a regulação de demandas ligadas a urologia para exemplificar o impacto do Hospital Dia. "Já temos pacientes que ficaram sem atendimento com a decisão. Isso aumenta assim a fila na regulação e, consequentemente, o número de pessoas sofrendo por não realizarem o procedimento necessário. Só pra te dar um exemplo, nós conseguimos reduzir a fila de regulação de urologia em quase 83%", lembra.
Desrespeito com pacientes
Outro funcionário, que não quis se identificar, criticou o curto de espaço de tempo que o hospital teve para comunicar pacientes sobre a suspensão das atividades do local. "Nós tivemos apenas dois dias para poder ligar para os pacientes e avisar do fechamento do hospital, isso é muito pouco para uma unidade que trabalha com cirurgias. Conseguimos avisar muitos, mas outros acabaram aparecendo aqui sem saber e ficaram sem a cirurgia", relata. Protestos devem seguir acontecendo de acordo com funcionários (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Magna afirma que os protestos contra a suspensão devem continuar. "Nós continuaremos lutando contra a decisão porque entendemos que é um erro, que pode ser corrigido pela Sesab e pelo Governo do Estado", salienta.
Resposta da Sesab
A reportagem do CORREIO procurou a Sesab para ter da secretaria um posicionamento sobre a suspensão e o protesto. Por meio de assessoria, a Sesab declarou que a suspensão ocorre para salvar vidas já que o número de casos de covid-19 na Bahia continuam aumentando. "O Hospital Dia do Hospital Roberto Santos suspendeu temporariamente, a partir do dia 01/01/2021, os procedimentos. A medida tem a intenção de salvaguardar a saúde dos pacientes diante do aumento do número de casos de Covid-19 no Estado. Todos os pacientes que tinha cirurgias agendadas estão sendo informadas e tão logo sejam retomados os serviços, os procedimentos serão remarcados", escreve.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo