Fundo de investimento do BNDES foca em empresas inovadoras

O FIP Anjo é o primeiro fundo de investimento do BNDES em parceria com investidores-anjo para apoiar startups

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 11 de abril de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

Incentivar o desenvolvimento de startups que atuem em agronegócios, biotecnologia, cidades inteligentes, economia criativa, saúde, cidades inteligentes e tecnologia da informação e comunicação (TIC). Essa é a meta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao aprovar a aplicação de até R$ 60 milhões em cotas do FIP Anjo, fundo de investimento em participações focado em empresas de perfil inovador e alto potencial de crescimento. Os recursos totais do fundo poderão a chegar a R$ 120 milhões, dependendo da capacidade de captação da gestora.

A falta de recursos para investimento é um dos principais desafios das empresas, sobretudo das startups, que não contam com histórico de atuação nem ativos para servir de garantias para financiamentos. "O FIP Anjo reflete a visão do BNDES sobre a importância da inovação e do empreendedorismo como alavanca de desenvolvimento econômico e social. Além de complementar as iniciativas de apoio do banco às micro e pequena empresas inovadoras”, afirma o superintendente da Área de Investimentos, Empreendedorismo e Garantias do BNDES, Andre Loureiro.

Para ele, é comum que, em um primeiro momento, os empreendedores contem com o apoio financeiro de amigos e familiares. “Caso sobrevivam a esse estágio inicial e apresentem um protótipo de produto ou negócio, podem gerar interesse em investidores-anjo, que aplicam recursos próprios maiores em troca da participação nos negócios, ressaltando que esses investidores, geralmente, atuam como mentores, contribuindo com a gestão do negócio e auxiliando na estratégia de crescimento da startup”, destaca.

Loureiro ressalta, ainda, que o fundo procura suprir uma lacuna de mercado, ao prover recursos na fase de investimento-anjo e no momento seguinte, quando a startup precisa de uma nova rodada de capitalização, antes de ter atingido um porte para atrair o interesse de outros fundos de Venture Capital.

Vale salientar que a Domo Invest será responsável pelo mapeamento e seleção das empresas, articulação com aceleradoras e investidores-anjo e pela captação de outros investidores. O Fundo, por sua vez, contará inicialmente com patrimônio de R$ 60 milhões, sendo R$ 40 milhões do BNDES e o restante aplicado pela gestora e outros investidores. Caso os recursos captados pela Domo atinjam R$ 30 milhões, o BNDES aplicará R$ 50 milhões. Se a gestora conseguir R$ 40 milhões ou mais, o aporte total do Banco poderá chegar a R$ 60 milhões.

Previsto para durar 10 anos, o fundo terá período de investimento de cinco anos, que poderá ser prorrogado por dois anos.

“O BNDES espera atrair outros investidores do mercado de capitais para esse segmento de empresas e estimular o ecossistema de inovação nacional", completa Loureiro.  

As  startups com interesse em apresentar seus projetos para a gestora, podem se cadastrar no site  

Etapas

Na primeira fase de investimentos, o fundo aportará pelo menos R$ 25 milhões em empresas nascentes (com faturamento inferior a R$ 1 milhão). A expectativa é que nessa etapa o FIP Anjo invista em cerca de 100 startups, aportando entre R$ 100 mil e R$ 500 mil em cada uma. O valor aportado será igual ao captado junto a investidores-anjo ou aceleradora e esses outros apoiadores também deverão atuar como mentores dos empreendedores, estimulando melhores práticas de governança e gestão. Com isso, o fundo alavanca os recursos aplicados em cada startup, amplia a base de investidores-anjo e difunde uma cultura de empreendedorismo. 

Na segunda fase de investimentos, serão realizados aportes de até R$ 5 milhões em empresas com receita bruta entre R$ 1 milhão e R$ 16 milhões. Embora os recursos possam ser aplicados em novas empresas, serão priorizados os empreendedores contemplados na primeira fase que estejam apresentando crescimento acelerado.

De acordo com pesquisa apresentada pela Associação Anjos do Brasil, em 2017, a quantidade de investidores-anjo no país chegou a 7.600, aumento de 16% em relação a 2016, e volume total de investimento de R$ 984 milhões.

Embora os registros sejam expressivos, a quantidade de anjos e o volume total de investimento correspondem a apenas a 2,6% e 4,1% dos números nos Estados Unidos no mesmo ano.  Com base nos PIBs dos dois países, a pesquisa conclui que o volume de investimento-anjo pode aumentar nove vezes em relação ao total aplicado em 2017, com potencial de atingir a marca de aproximadamente R$ 9 bilhões.