Fundos que usam inteligência artificial ganham espaço no mercado

Revolução digital será tema do seminário Humanize-se, em novembro

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  • Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2018 às 19:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Fundos de investimentos que usam apenas inteligência artificial viraram uma alternativa para balancear a rentabilidade das carteiras do investidor diante do cenário de volatilidade dos últimos meses. Enquanto a Bolsa acumula alta de 8% no ano e o CDI, que baliza as aplicações da renda fixa, avança 6%, esses fundos, chamados de quantitativos, prometem retornos maiores - de mais de 10% - especialmente em momentos de crise.

O uso de inteligência artificial nas aplicações ganhou fama com os robôs de investimento, que montam uma carteira com base em algoritmos. Esses fundos elaboram regras matemáticas e aplicam com base nos dados de diversos ativos, como dólar, ações e juros, por isso são da classe dos fundos multimercado. 

A inteligência artificial e a transformação dos mercados, o uso da tecnologia na era cognitiva e as transformações na vida, na sociedade e no mundo do trabalho estarão em discussão em 07 de novembro, em Salvador, quando acontece o seminário Humanize-se, último evento da programação do Fórum Agenda Bahia 2018, que começou em agosto passado.

O seminário terá ainda temas como a interação entre os seres humanos e as máquinas, o uso da criatividade nos novos tempos e a cultura maker, a versão tecnológica do ‘faça você mesmo’, que incentiva a inovação e o empreendedorismo.

Ativos

Diferentemente das carteiras de robôs, os quantitativos vão mais a fundo no movimento de sobe e desce dos ativos e conseguem traçar regras matemáticas mais sofisticadas, com ativos que reagem de maneira diferente a um determinado evento. O movimento de papéis de empresas varejistas, por exemplo, dificilmente vai influenciar o de empresas de saúde. 

Os fundos quantitativos geralmente têm aporte inicial maior, na casa dos R$ 10 mil e podem ser encontrados em distribuidoras populares como XP, Órama e Easynvest. 

O princípio básico de um fundo desse é que pequenas distorções detectadas em dados históricos irão se repetir no futuro e, para realizar o ganho nessas pequenas vantagens, os fundos usam a estatística e a matemática, explica Moacir Fernandes, sócio e gestor da Murano, que tem sob gestão R$ 230 milhões e 12% de retorno em 12 meses. 

"É como se tivéssemos uma moeda que, em vez de ter chances iguais de cair cara ou coroa, tivesse uma probabilidade maior de cair em uma das faces. Uma aposta única nisso seria um grande risco, mas várias pequenas apostas são mais viáveis, é como se tivessem várias apostas em várias moedinhas", diz. 

Perfil

A aposta na volatilidade fez Dennis Kac, sócio da butique de investimentos Brainvest, incluir essa estratégia em algumas de suas carteiras neste período de crise. "Ele protege o portfólio no momento em que os fundos em geral têm performance ruim", explica. 

Kac pondera que esse tipo de fundo é para quem tem um perfil mais agressivo de investimento e faz mais sentido para investimentos de mais longo prazo. 

A inteligência artificial também permite traçar perfis de estratégias diferentes, explica Flávio Terni, sócio da Visia, que só gere fundos quantitativos e tem R$ 780 milhões sob gestão. Um dos fundos da empresa utiliza algoritmos com o principal foco em retorno, enquanto outro, tem como foco ter ativos mais diversificados, o que protege mais a carteira. Os fundos da Visia chegaram a 13% de retorno nos últimos 12 meses.

Esses fundos levam em conta apenas os números, sem os vieses comportamentais dos gestores. Para Willian Eid, coordenador do centro de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no entanto, um fundo desse tipo não substitui a análise de um bom gestor de fundos. "Quero um gestor que dance em qualquer música, não só em crise. Acredito em tecnologia, mas não para tomar decisão", diz. 

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia; e apoio do Sebrae.

*Com Jéssica Alves, da Agência Estado