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Publicado em 13 de maio de 2022 às 05:00
Após dois anos fora das salas de aula por causa da pandemia, jovens e crianças de 19 escolas dos bairros de Cajazeiras e Águas Claras foram mais uma vez levados a abandonar as aulas presenciais nesta semana - em algumas delas, durante o período de isolamento social, os educandos sequer tiveram acesso a ensino remoto. Ainda assim, pais e professores preferiram suspender as atividades escolares diante do medo provocado por mais um episódio de violência que até o momento resultou na morte de três policiais e quatro suspeitos de integrarem a facção responsável pelo assassinato dos militares.
A violência, como se vê, é mais um desafio à área de educação da Bahia, já reprovada em sucessivos indicadores de qualidade. Educação, todos sabemos, é a principal ferramenta para combater desigualdades e garantir uma vida melhor às pessoas. Assim, além de comprometer o presente, a atuação de quadrilhas que desdenham das autoridades está comprometendo não só o presente, mas também o futuro dos baianos.
Independentemente desse último episódio, a educação estadual já estava nas cordas, derrotada por uma série de problemas que, de tão persistentes, até parecem que são insolúveis e trazem como resultado uma rede que desde 2012 pontua abaixo da meta estabelecida pelo Índice Nacional de Educação Básica (Ideb), avaliação que mensura a qualidade da formação dada aos jovens brasileiros.
Outro indicador que evidencia dificuldades da Bahia na área é o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Os dados mais atuais são de 2015, mas eles pouco mudam no curto prazo. No ranking entre estados brasileiros, a Bahia, com uma média de 361 pontos na avaliação das notas obtidas pelos estudantes em Português, Matemática e Ciências, está em penúltimo lugar, à frente apenas de Alagoas.
Fora da escola, a violência cria um ambiente de intranquilidade. Os estudantes absorvem temores e ansiedades vividos por seus pais, familiares, vizinhos e comunidade. A sensação de segurança é importante para que jovens e crianças mantenham a vontade de frequentar as aulas, pois o medo impede a criação de vínculo positivo entre a criança e a escola. Especialistas afirmam que o medo, dentro das salas, se transforma em mais ansiedade, interferindo no emocional do aluno e refletindo negativamente na aprendizagem.
O episódio dos últimos dias é ainda mais grave porque as escolas suspenderam suas atividades sem que houvesse um toque de recolher ordenado por parte de traficantes – uma realidade infelizmente comum em muitos bairros – ou por recomendação das polícias mediante o perigo de represália por parte da quadrilha. Mas existia a insegurança, causada inclusive pelo temor de que balas perdidas de uma eventual troca de tiros entre policiais e traficantes atingissem os estudantes.
Mas apesar de toda essa realidade, os problemas têm solução. Elas passam por mudanças nas políticas de segurança pública e de uma gestão eficaz e eficiente no enfrentamento à criminalidade e uma maior presença da polícia nas ruas e escolas mais próximas das comunidades do seu entorno. Novos rumos também são necessários na área de Educação, de modo a promover toda uma retomada do setor hoje refém do abandono, engajando estado, educadores, educandos e famílias em favor do aprendizado que trará um futuro melhor para todos, garantindo a realização da potencialidade de cada estudante. E que transforme medo e ansiedade em esperança, aumentando a fé e a credibilidade naquele que é o caminho certo para reduzir desigualdades e transformar vidas.