Gasolina, pão e câmbio: entenda como guerra Rússia X Ucrânia afeta seu bolso

Aumento de preços afeta inflação, explica especialista

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  • Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 17:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Daniel Leal/AFP

A invasão da Rússia à Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24) deixou o mundo em alerta vermelho e levou aflição aos mercados financeiros globais.

De imediato, as principais bolsas de valores aprofundaram as perdas: a bolsa de Frankfurt chegou a cair 5% e o índice de Moscou, principal bolsa russa, caiu em 45% no início do dia.

No Brasil, não seria diferente: especialistas apontam que deveremos sentir nos próximos dias um impacto no preço da gasolina e no de grãos, como o trigo. Além disso, a inflação mundial deve ser impactada, e consequentemente, a brasileira, que já vem sofrendo altas desde o início do ano passado.

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Gasolina e inflação

O advogado especialista em Direito Internacional, Leonardo Leão, e CEO da Leão Group, escritório especializado em imigração, explica que, como a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, faz sentido que o preço do barril do Brent, extraído em regiões da Europa e Ásia, tenha alcançado os US$ 100,04. 

“Temos na zona de guerra a Rússia, que é um dos maiores produtores de petróleo no mundo, com capacidade de produção de mais de 10 milhões de barris por dia. Isso faz com que tenhamos de imediato mais aumento no preço dos combustíveis no Brasil", explica.

Até então, a alta do petróleo no exterior vinha sendo em parte compensada pela queda do dólar no Brasil, devido às tensões entre os países. A moeda americana chegou a ser cotada abaixo de R$ 5. Agora, com a eclosão da guerra, e com o petróleo e dólar em alta, a tendência é de que o preço da gasolina também volte a subir.

Além disso, o aumento do preço do petróleo acaba impactando diretamente na inflação mundial, e na do Brasil. "A alta no preço dificulta o trabalho do Banco Central de conduzir e controlar preços para controlar a inflação e isso acaba gerando adoção de taxas de juros mais altas por um longo período de tempo", esclarece Leão.

Plásticos e embalagens, também derivados do petróleo, podem subir de preço.

Pães e macarrão

As cotações de trigo já dispararam nesta quinta-feira (24), após a Ucrânia suspender o tráfego comercial marítimo. Isso acontece porque a Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e a Ucrânia, o terceiro maior.

Como o Brasil tem metade do consumo nacional de trigo derivado de importações, a tendência é de que todos os produtos derivados do grão, como pão francês, massas, biscoitos, subam de preço. O país importa de 6 a 7 milhões de toneladas de trigo anualmente.

"A Rússia é o polo de exploração e produção de diversas outras commodities, como minérios e grãos. A exportação desses bens também deve ser dificultada pelas sanções, causando ainda mais danos”, alertou o especialista.

Comércio

Para o especialista em Direito Internacional, a visita do presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL) à Rússia na última semana acabou por demonstrar mais uma ato contra o presidente Biden, dos Estados Unidos, do que pró Rússia, o que pode afetar as relações comerciais brasileiras com outros países.

“Economicamente e historicamente os Estados Unidos são parceiros mais importantes para o Brasil que os russos. Diante da gravidade da atual situação, e depois da visita inoportuna a Moscou do presidente, o Brasil pode sofrer mais críticas e pressões dos EUA”, finaliza.