Geninho admite 'ambiente pior' no Vitória e cobra atitude dos jogadores

"O time tem que ter a minha vontade de ganhar, tem que me representar lá dentro", afirmou o técnico

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  • Da Redação

Publicado em 18 de março de 2022 às 18:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Victor Ferreira/EC Vitória

O Vitória, pelo quarto ano seguido, não conseguiu se classificar para a semifinal do Campeonato Baiano. A eliminação do estadual acabou tendo, como consequência, a demissão de Dado Cavalcanti, e a contratação de Geninho. O novo técnico foi apresentado nesta sexta-feira (18), e admitiu: o panorama é complicado.

Aos 73 anos, Geninho já teve outras cinco passagens pelo rubro-negro. Na última, que começou em 2019, ele chegou com a missão de salvar o Leão da queda à Série C. E conseguiu. Mas, mesmo acostumado a encontrar o time em momentos turbulentos, ele assumiu que o clima, dessa vez, não está bom."São duas situações difíceis, mas diferentes. Em termos de ambiente, agora está pior. O Vitória está olhando muito para o chão, e não vai achar nada lá. Tenho que procurar soluções na frente. Tem que parar com cabeça baixa, com sentimento de derrota, de pessimismo", disse."Estou vindo em cima de uma situação já sacramentada, que foi a não classificação no Baiano. Não tem volta. Não participei do acontecimento e não posso fazer nada para mudar isso. Estou praticamente começando um trabalho novo. O primeiro objetivo: passar para a próxima fase da Copa do Brasil. E o maior é fazer com que volte à Série B. Da outra vez, em 2019, era um trabalho em andamento, no meio de uma Série B. Não estava definido. Tínhamos 'x' pontos para fazermos em x'' jogos. Tinha jogadores mais experientes, mais jogadores que eu conhecia", explicou.

O primeiro desafio de Geninho será na quarta-feira (23), quando o Vitória recebe, no Barradão, o Glória-RS, pela segunda fase da Copa do Brasil. Será um duelo único eliminatório, e quem vencer avança para a terceira etapa da competição nacional. Em caso de empate, a vaga será definida nos pênaltis.

O objetivo é importantíssimo ao Vitória. Ainda mais com uma premiação alta em jogo: quem se classificar garante mais R$ 1,9 milhão aos cofres. Para não falhar no objetivo, Geninho garante: o time passará por mudanças. A começar pela atitude.

"Eu não tenho como chegar com um time montado. Muitos desses jogadores eu não vi jogar. Não vi o time do Vitória jogar. A partir de agora, vou entrar de cabeça. Vai ser pouco tempo de trabalho para esse jogo, que tem uma expectativa muito grande, de uma vitória. Vamos trabalhar. Vou tentar conhecer, o máximo possível, o grupo que eu tenho na mão", comentou."Não posso chegar aqui e repetir o que estava sendo feito, os resultados não vieram. Alguma coisa eu vou ter que mudar. E uma já tenho certeza: a atitude. O time tem que ter a minha vontade de ganhar, tem que me representar lá dentro. Eu aceito a derrota, mas não admito ela. Nem sempre vamos ter um futebol vistoso, mas vamos sempre fazer um futebol onde ganhar é fundamental. Claro que vou tentar jogar bem e ganhar, vou sofrer menos. Mas seu tiver que sofrer para ganhar, farei isso".Além da Copa do Brasil, o treinador terá pela frente a Série C, que ganhou novo formato em 2022. Desta vez, a primeira fase será em turno único, com todos jogando contra todos em 19 rodadas. Os 10 melhores ranqueados do torneio - o que inclui o Vitória - farão 10 partidas em casa e nove fora. Geninho criticou a mudança, e previu que o rubro-negro não terá vida fácil no campeonato.

"Será uma competição terrível. Essa mudança de regulamento complicou bastante as coisas. Viagens bem mais longas, adversários mais fortes. (...) Vemos equipes altamente estruturadas na disputa. Não há hoje uma disparidade técnica tão grande. Se o Vitória entrar na Série C achando que a camisa do Vitória vai subir, não vai. A diferença é a pegada, a maneira como se encara. É cada vez mais comum um futebol de resultados do que de espetáculo. Acho que temos mais equipes com chances de brigar para subir, 10, 12. As coisas são mais parelhas. Se tiver qualidade técnica, claro que vai fazer a diferença, decide um jogo. Mas, se junto com isso, não tiver o ímpeto de vencer, não chega a lugar algum", avaliou.

O treinador também comentou sobre a possibilidade da chegada de reforços. No fim de fevereiro, quando Dado Cavalcanti ainda estava no comando técnico, o presidente em exercício do Vitória, Fábio Mota, prometeu mais cinco jogadores para a Série C. Geninho não quis entrar em detalhes sobre o assunto, mas disse que ainda vai avaliar a necessidade.

"Conversei com o pessoal que faz parte da comissão técnica. Não existe o descarte de novas contratações, elas poderão acontecer dentro da necessidade. Por enquanto, estou só na teoria, ainda não fui para prática. Quero ver se aquilo que me passaram realmente é verdade. De repente, não precisa trazer. Mas existe a possibilidade da chegada de jogadores, já que o Vitória quer conquistar o objetivo, que é o acesso", falou.

Confira outros trechos da entrevista de Geninho:

Modelo de jogo O treinador tem que montar a equipe de acordo com as peças que tem. Gosto muito de jogar com três zagueiros, mas preciso ter peças para isso. Eu chego no meu grupo e vejo onde os jogadores se encaixariam melhor. Para todo esquema, é preciso ter jogador. O ideal é poder mudar o esquema durante o jogo. Mas, para isso, precisa treinar. 

Atitude do elenco Sobre comportamento de jogador, quem já trabalhou comigo... E dois ou três que estão aí já trabalharam e são a melhor referência minha dentro do grupo. Vão falar 'cuidado, o homem faz isso, isso não vai deixar fazer'. Vou conversar com alguns jogadores cujas atitudes não estão sendo compatíveis com que se esperava. Passar a eles o que espero, sentir deles se têm vontade de fazer e dar chance. Se não fizerem, só tem um caminho: fora. Um jogador que não vai se enquadrar no trabalho, que não vai querer ajudar a empurrar o caminhão, vai ser um peso a mais. Quanto menos peso, melhor é. Não estou dizendo que vou mandar gente embora, mas vou conversar com os jogadores.

Acerto rápido Minha chegada hoje começou, praticamente, no começo de dezembro. Fui convidado pelo presidente e por outros diretores do Vitória a fazer parte de uma reconstrução. Infelizmente, no momento eu não podia assumir esse cargo, mas disse que poderia colaborar com algumas coisas. Não colaborei tanto quanto acho que poderia, talvez por minha culpa mesmo, eu não tinha o tempo necessário para isso, e a diretoria tinha urgência. Acabei dando palpites em dois, três jogadores que eu conhecia, daqueles que foram contratados. Fiquei com esse compromisso com o Vitória. Se o clube precisasse de mim em outra situação, eu estaria à disposição. E, de maneira nenhuma, poderia falar 'não' de novo ao Vitória.

Reforços É muito importante o treinador palpitar em quem vem. Se eu conhecer o jogador, as características, é muito mais fácil. As chances de acertar são muito maiores. O jogador já sabe o meu trabalho, o que eu quero. E eu sei o que ele pode me dar. Às vezes, um desconhecido resolve. De repente, me dá tudo. Mas, pensando de maneira racional, as chances são maiores quando conhece.