Gestão e futebol: Bora Bahêea

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Armando Avena
  • Armando Avena

Publicado em 3 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Um bom gestor tem dois grandes desafios. O primeiro, que é  indispensável para a consecução do segundo, é a gestão da vida quotidiana. O segundo é ir além da vida quotidiana e criar, transformar, fazer algo novo. O presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintini, está fazendo jus à definição de gestor e, em um ano e quatro meses de gestão, pode apresentar resultados nas finanças e nos estádios que demonstram isso. Em 2018, por exemplo, o Bahia registrou uma receita total recorde de R$ 136 milhões, o que significa um crescimento de mais 40% em relação ao ano de 2017, montante bem maior do que a receita esperada. (Foto: Betto Jr/CORREIO) Com esse desempenho, o Bahia é de longe o clube que mais fatura no Nordeste, ocupa o 14º lugar no ranking dos maiores clubes e está prestes a tornar-se o 13º maior clube do país, superando o Atlético Paranaense. E isso vai acontecer porque o faturamento do Bahia em 2019 vai atingir R$ 160 milhões, R$ 17 milhões a mais do que o previsto e apresentado no início do ano ao Conselho Deliberativo. Converso com Guilherme Bellintani e indago como foi possível tal desempenho e o presidente do Bahia lista uma série de fatores a exemplo da redução dos gastos, da renegociação do contrato com a Arena Fonte Nova e do trabalho para a ampliação do quadro de sócios, que mais que dobraram em um ano, pulando de 14 mil para 32 mil sócios. E informa que dos 46 mil assentos da Arena Fonte Nova disponíveis para este ano, 23 mil, cerca de 50%, já estão vendidos a sócios que compram tíquetes para o ano inteiro, uma prática comum na Europa com os season ticket vendidos para toda a temporada. 

Bellintani afirma também que 73% das receitas do clube em 2017 foram provenientes da televisão e que em um ano reduziu essa dependência para cerca de 52%. Apesar do bom desempenho, o Bahia ainda contabiliza um endividamento de longo prazo da ordem de R$ 170 milhões e  o presidente do clube reconhece que o custo da dívida ainda é muito alto, mas informa que a dívida, que em 2017  representava 2 vezes o faturamento, foi reduzida à metade disso. E lembra que clubes como Botafogo, Fluminense e Vasco  possuem um faturamento muito maior, mas grande parte dele está comprometida com a dívida, reduzindo a receita disponível, enquanto no Bahia não existe um centavo de antecipação de cota de receita. 

É nítida a qualidade da gestão financeira do clube, mas cobro do presidente do Bahia o mesmo desempenho em campo. Bellintani faz questão de dizer que “nem tudo que se planeja fora de campo dá certo dentro de campo”, mas lembra a boa classificação no Brasileirão 2018 e a conquista do bicampeonato baiano e afirma que a frustração, inclusive financeira, da perda da Copa Sul-Americana foi mais que compensada pelo bom desempenho do clube na Copa Brasil.  “No ranking de melhores clubes da CBF, o Bahia, que estava em 21º lugar em 2017, subiu seis posições em 2018, se posicionando em 15º lugar entre os grandes clubes brasileiros”, diz com orgulho.  

Por fim, como bom tricolor, indago  qual  a perspectiva  para o desempenho do Bahia no Brasileirão 2019.  Bellintani, que estudou Economia do Futebol após eleger-se presidente, mantém-se atualizado sobre as pesquisas no setor, recorre a um estudo que correlaciona o ranking de faturamento dos clubes, com sua posição na tabela, colocando-os sempre 4 posições acima ou abaixo da posição financeira. Mas lembra que o Bahia foi 12º lugar no Brasileirão de 2017 e ficou em 11º lugar no campeonato de 2018, e que assim não é demais esperar que o Esquadrão de Aço termine o campeonato posicionando-se na tabela entre os dez melhores clubes do Brasil.

A MARCA BAHIA A marca Bahia é um ativo valioso e a venda de camisas é uma maneira de arrecadar recursos para o clube.  Segundo o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, a fabricação de camisas estava até 2017 a cargo da Umbro Brasil, especializada no setor, e o clube recebia cerca de R$ 800 mil  de royalties. Em 2018, o Bahia resolveu ter sua marca própria, Esquadrão, e fabricar suas próprias camisas, ampliando o valor dos royalties de 10% para 30%. Resultado: em 2018, o Bahia arrecadou cerca de R$ 5 milhões com a venda de camisas. E o envolvimento da torcida foi tal que em 8 meses de 2018 foram vendidas 90 mil camisas, 20 mil a mais do que em todo o ano de 2017. 

A BAHIA ILHADA Sob o ponto de vista do transporte aéreo, a Bahia está meio ilhada, especialmente em relação ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Não há voos diretos saindo de Salvador para a maior parte das capitais localizadas nessas regiões. E, em relação ao Sul e Sudeste, Salvador tem uma das passagens mais caras do Brasil. É mais rápido e  mais barato ir de carro para Aracaju, Maceió, Natal e outras capitais do que ir de avião e levar horas para chegar ao destino, fazendo  escala ou conexões.  A crise da Avianca e a supressão de voos daí recorrente são os principais motivos para essa situação, mas a Bahia precisa de uma política governamental mais agressiva para atrair novas rotas e que envolva todas as esferas de governo, o trade turístico e a Vinci que administra o aeroporto. Por exemplo: reduzir para 12% o ICMS do querosene de aviação deixou de ser vantagem competitiva, pois quase todos os estados adotaram o percentual. É preciso ir mais longe e fazer com que a visão estratégica supere a visão de caixa.

POLÍTICA DE CÉUS ABERTOS A Bahia e todos os estados do Nordeste deveriam estar lutando pela aprovação da Medida Provisória 863, que tramita no Congresso Nacional e abre o setor aéreo ao capital estrangeiro, além de obrigar que as empresas aéreas retomem a política de bagagem gratuita para os passageiros. A política de céus abertos permitiria quebrar o cartel da aviação, hoje dominado pela Latam, Gol e Azul e abriria os céus do Brasil para as empresas estrangeiras. 

A medida provisória exige que 5% dos voos dessas empresas sejam regionais, o que poderia viabilizar novas rotas. Além disso, foi o cartel da aviação que mentiu ao país dizendo que a cobrança pela bagagem reduziria o preço das passagens aéreas e o que se viu foi um aumento desenfreados nos preços. O pior é que ainda existe quem defenda o cartel das empresas aéreas, assim como o cartel dos bancos, impedindo uma salutar competição com o  argumento  duvidoso da defesa do interesse nacional quando, na verdade, o que se defende é o superlucro de banqueiros e das empresas de aviação.

FEIRA LITERÁRIA DE PRAIA DO FORTE Começou ontem a FLIPF – Feira Internacional Literária de Praia do Forte e será com imenso prazer que estarei, hoje, a partir das 18h, autografando exemplares do meu livro Maria Madalena: O Evangelho Segundo Maria no Hotel Via dos Corais. A FLIPF tende a se consolidar como uma feira literária do mesmo porte e importância que a Flip – Feira Literária de Paraty e essa primeira edição terá a presença de nomes nacionais e internacionais que representam a literatura. Juntar praia, alegria e literatura, não tem preço.