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Carmen Vasconcelos
Publicado em 16 de março de 2020 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Um levantamento realizado pelo Sebrae no ano passado, mostrou que 77% dos Microempreendedores Individuais (MEI) nunca fizeram capacitação em finanças e 48% não fazem previsão de gastos. Mais da metade dos donos de microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) admitiram que necessitam de uma maior capacitação na área de controle e gestão financeira. Uma parte desses empresários misturam finanças pessoais e empresariais. Na maioria das situações, a gestão financeira e a administrativa se confundem, comprometendo o futuro do negócio. >
De acordo com o gerente regional do Sebrae Rogério Teixeira, a questão é bem complexa e envolve aspectos culturais, educacionais e pessoais. “Se um empresário possui um milhão de reais em produtos estocados, mas não possui capital de giro, por exemplo, o problema dele é gestão e não, necessariamente, um problema financeiro”, diz, enfatizando que o brasileiro não possui uma educação que o prepare para o planejamento e a gestão. Para ele, o empresário com dificuldade de gerir as finanças da empresa, também possui dificuldade para lidar com as despesas pessoais. >
Com uma postura parecida, o especialista do Sebrae, Hugo Cardoso salienta que o problema acontece em todos os níveis de negócios: “É uma realidade de todos os que gerenciam uma empresa, mas no caso dos microempreendedores individuais (MEI), a situação fica mais escancarada”, completa.>
Preparação Para superar o obstáculo que impede o sucesso de qualquer empreendimento, os especialistas não unânimes em apostar em fundamentos simples: capacitação e organização. Para a capacitação, vale salientar que existem cursos gratuitos no próprio Sebrae, que podem ser tanto presenciais quanto por meio eletrônico. “Esses cursos ajudam o empreendedor a pensar como tal, destacando a importância do planejamento, a gestão e o controle financeiro”, sugere, lembrando que existem ainda programas voltados para a formação escolar. “É preciso estimular o estudante, desde cedo, a pensar como empreendedor e nisso, podemos colaborar, bastando que a unidade de ensino nos contacte e agende um horário conosco”, orienta. No quesito organização, Teixeira lembra que é fundamental que o empreendedor tenha uma visão geral de todo o seu negócio, partir da análise e controle das atividades financeiras da empresa, possibilitando tomar decisões mais acertadas, e consequentemente, maximizar resultados. “Para garantir esse controle não é necessário computador de última geração ou programas elaborados, um caderno ou um bloco e anotações resolvem, afinal, o que não se controla não se consegue gerir”, ensina. >
Novos hábitos Um outro aspecto destacado pelos representantes do Sebrae diz respeito às retiradas. “Ser dono de um negócio não significa que todo o dinheiro da empresa é seu. Saber o que será destinado ao pro labore é importante, definir qual a retirada, o que será usado para pagar as contas também”, esclarece, destacando que as retiradas são ponto de muito conflito em virtude dessa concepção equivocada. >
Dentro dessa lógica, Hugo Cardoso sugere que o passo inicial é separar radicalmente o que é conta pessoal e as contas empresariais. Ele lembra que as instituições financeiras oferecem condições especiais para as contas empresariais, inclusive, com isenção de cobrança. “Essa vulnerabilidade do empreendedor brasileiro pode ser revertida com a adoção de contas bancárias”, orienta. Outro passo importante é a consciência de que o lucro deve ser utilizado principalmente para investir no crescimento da empresa. “O faturamento da empresa vai determinar o padrão de vida do empresário e não o contrário”, alerta. O especialista diz que para definir o pró-labore se deve adotar o valor adotado no mercado. >
Organizar o orçamento>
Tenha contas bancárias separadas O primeiro passo é separar a conta da empresa da conta pessoal. Muitas instituições financeiras oferecem contas empresariais isentas de algumas cobranças ou com condições especiais. O Bradesco, por exemplo, tem isenção por 1 ano;>
Defina o seu pró-labore O pró-labore é o salário determinado para o proprietário da empresa e não deve ser confundido com os lucros. Tenha consciência de que o lucro deve ser utilizado principalmente para investir no crescimento da empresa. O pró-labore pode usar o mercado como referência; >
Anote tudo que é retirado da empresa Saiba fazer o controle dos gastos da sua empresa e, para isso, anote tudo que é retirado ou utilizado, em forma de produto ou serviço. Deixe claro o que é retirado do seu pró-labore:controle o que é despesa pessoal e da empresa;>
Faça um plano de contas O plano de contas é uma ferramenta de controle que faz parte do fluxo de caixa e deve ser estruturado para que possibilite o acompanhamento das movimentações financeiras da empresa ao longo do tempo. Enumere quais são as despesas e receitas pessoais e da empresa;>
Não desista e tenha constância Para quem nunca fez um controle financeiro, a tarefa pode parecer complicada. Tenha consciência de que no começo vai dar trabalho, mas os benefícios logo serão percebidos, após o período de no mínimo um mês. Não desista e tenha constância.>