Governo entrega ao STF testes de coronavírus de Bolsonaro

Jornal foi à Justiça para obter exames que presidente se negou a divulgar

Publicado em 12 de maio de 2020 às 23:01

- Atualizado há um ano

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Foto: Reprodução O governo entregou ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), os exames do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o novo coronavírus. O líder nacional afirmou que fez dois testes, ambos com resultado negativo, segundo ele, mas sempre se recusou a mostrar os documentos. As informações são do G1.

O ministro foi escolhido pelo sistema de sorteio da Corte para decidir sobre o pedido do jornal "O Estado de S. Paulo", que quer que o presidente mostre seus exames sobre a doença.

O advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Júnior, disse em documento enviado ao ministro que "a entrega dos documentos (exames) a que se refere a presente Reclamação, tendo em conta a natureza pessoal dos dados em questão, dar-se-á em mãos no Gabinete de Vossa Excelência".

Em nota, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que entregou os exames a Lewandowski. "Os laudos confirmam que o presidente testou negativo para a doença", diz o comunicado.

O gabinete de Lewandowski confirmou o recebimento: "Os exames foram entregues pela AGU e recebidos no gabinete do Ministro Ricardo Lewandowski às 22h desta terça-feira. O documento foi lacrado e será encaminhado para análise do Ministro na manhã desta quarta-feira que decidirá sobre a eventual divulgação".

O 'Estadão' recorreu ao STF nessa segunda-feira (11) e pediu a suspensão de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) segundo a qual Bolsonaro não precisa mostrar os resultados. O presidente do STJ, João Otávio Noronha, suspendeu decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que havia determinado a entrega dos exames ao jornal.

Ao STF, o jornal argumentou que a liberdade de imprensa também pressupõe não haver obstáculos para a obtenção de documentos que sejam de interesse público.

"Não haveria de ser pleno o fluxo informativo defendido por essa Corte se a atividade jornalística, além do livre-arbítrio na publicação de notícias e críticas, não estivesse também amparada no direito de, isenta de qualquer embaraço, e por qualquer meio, tomar conhecimento de fatos relevantes. Noutras palavras, inexiste liberdade de imprensa se não for desimpedida a colheita, obtenção e o recebimento de informações e documentos de interesse público pelos jornalistas", declararam os advogados que assinam a ação.

Na última sexta-feira (8), o presidente do STJ, ministro João Otávio Noronha, atendeu a um recurso da AGU e derrubou as decisões do TRF-3 e da Justiça Federal de São Paulo que obrigavam o Bolsonaro a entregar as informações médicas.