Governo suspeita de 5,8% de pagamentos dos auxílios emergenciais

Quase 4 milhões de pessoas podem ter recebido os recursos sem que tivessem direito aos mesmos

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 20:00

- Atualizado há um ano

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O governo federal suspeita que 3,95 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial de maneira irregular – o que equivale a aproximadamente 5,8% do total de benefícios pagos para 67 milhões de brasileiros. A estimativa foi passada nesta terça-feira (dia 10) pelo ministro, Wagner de Campos Rosário, da Controladoria Geral da União. A estimativa dele é que as ações de controle tenham resultado numa economia de recursos públicos da ordem dos R$ 4 bilhões. Desde o início do pagamento dos benefícios, foram devolvidos R$ 187 milhões aos cofres públicos, de contribuintes que teriam recebido os recursos irregularmente. 

O ministro falou para um grupo de mil profissionais de auditoria interna brasileiros sobre as ações da CGU no combate às irregularidades, durante a pandemia da covid-19, durante o Conbrai – Congresso Brasileiro de Auditoria Interna, maior evento já realizado da carreira no país. Wagner Rosário participou de Brasília, através de uma videoconferência.    A quantidade de acessos à página de informações sobre o auxílio emergencial foi apontada como uma das provas do tamanho do desafio que foi fazer o pagamento do benefício, diz o ministro. A CGU ficou responsável por fornecer o suporte ao governo no sentido de evitar fraudes nos pagamentos. Segundo ele, a página do auxílio na internet foi o segundo endereço mais acessado da América Latina, atrás apenas de um grande site que trabalha com vendas online. “Foi algo que despertou o interesse em muita gente e o nosso papel foi buscar dar o máximo de transparência possível para essas informações”, conta. 

Segundo ele, o alto fluxo se deveu tanto a pessoas interessadas no auxílio, quanto a outras busacndo informações sobre quem estava recebendo os recursos. 

Nos últimos meses, a Controladoria Geral da União identificou diversas irregularidades na concessão dos benefícios. Segundo o ministro, as principais foram agentes públicos, casos de pessoas com renda incompatível, empresários, pessoas com um patrimônio alto, outras que já participavam de outros programas sociais, além de trabalhadores que constavam nos cadastros públicos como empregados com carteira assinada. 

Para Wagner Rosário, a quantidade de fraudes encontradas pode ser considerada pequena, se for levado em conta o tempo que a União teve para estruturar o programa. 

Nos últimos dias, integrantes do governo federal vem admitindo a possibilidade de retomar o pagamento do benefício no próximo ano, caso o país seja atingido por uma nova onda de infecções pelo coronavírus. Até o momento já foram pagos R$ 322 bilhões a título de auxílio. Inicialmente, o governo planejava pagar parcelas de R$ 200, mas após pressão de parlamentares, que pediam pelo menos R$ 500, decidiu ampliar o valor para R$ 600. Após cinco meses, o valor do benefício foi reduzido para R$ 300.