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Hagamenon Brito
Publicado em 16 de agosto de 2018 às 15:04
- Atualizado há um ano
Você acha Beyoncé empoderada? Uma estrela importante para a autoestima das mulheres negras em todo em o mundo? Pois a Mrs. Carter deve muito desse bem-vindo poder ao papel histórico de Aretha Franklin (1942-2018), a Rainha do Soul, que partiu hoje (16) para fazer um bailão black no céu, ao lado de Ray Charles, James Brown, Marvin Gaye, Otis Redding, Michael Jackson e Prince. Aretha Franklin integrava a realeza da black music e foi considerada pela Rolling Stone a melhor cantora de todos os tempos (foto/divulgação) Na onda dos movimentos de empoderamento, do #MeToo e das questões igualitárias femininas, muitos cantarolaram ou se lembraram de Respect. O clássico interpretado por Aretha, em 1967, alcançou o topo das paradas, mas se transformou, com o passar do tempo, em um hino feminista e dos direitos humanos – curiosamente, foi cantado pela primeira vez por um homem, Otis Redding. Mas a diva Aretha se apropriou completamente da canção, invertendo os papéis na letra.
Estrela mais brilhante na constelação da soul music e do R&B ao longo do século XX, com um vozeirão de subir aos céus e uma presença monumental, Aretha Franklin entrou na minha vida antes que eu entendesse a real dimensão da sua grandeza. Aos 12 anos, ouvi aquela voz especial no som ambiente da única loja de discos da pequena cidade onde nasci, na Bahia – me encantei, perguntei ao atendente quem estava cantando e voltei um dia depois para comprar o LP.
Ouça os os maiores sucessos da rainha do soul
Junto com a admiração pela artista, veio a identificação afetiva ao saber que Aretha era filha de um pastor e começara a cantar, criança, na congregação batista de seu pai, em Detroit. Eu, que nasci numa família batista, frequentando os cultos e cantando hinos que eram versões de clássicos americanos do gospel, me tornei um discípulo fervoroso de Aretha – e da black music – à medida que crescia e mais conhecimento pop adquiria.
Também uma boa compositora, Aretha ganhou 18 prêmios Grammy, vendeu mais de 75 milhões de discos, distinguiu-se como a primeira mulher a integrar, em 1979, o Rock & Roll Hall of Fame, foi considerada a maior cantora de todos os tempos pela revista Rolling Stone e bem poderia ter sido batizada também como a Rainha do Povo, pois foi uma artista que uniu negros e brancos, republicanos e democratas, americanos de Norte a Sul. Também uma boa compositora, Aretha ganhou 18 prêmios Grammy, vendeu mais de 75 milhões de discos (foto/divulgação) Ela foi condecorada por George W. Bush com a Medalha da Liberdade, em 2005 e cantou (Respect) na posse de Barack Obama, tal como também já o fizera para Jimmy Carter e Bill Clinton. Mas só o 44º Presidente dos EUA chorou de emoção – era um momento importante para a comunidade negra americana, mas era também a crença de Obama em como Aretha Franklin simbolizava o melhor da sua grande nação.
A história incluiu a diva várias vezes na sua trilha sonora: foi Aretha Franklin que cantou igualmente no funeral do símbolo do movimento dos direitos civis, Martin Luther King. “I Have a Dream” era um lema que a cantora também poderia ter dito, lá atrás, quando tudo começou no coro da New Bethel Baptist Church.