Gripe é diferente de resfriado e mata mais crianças; entenda diferenças

Médico explica como identificar, prevenir e tratar doença

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  • Fernanda Varela

Publicado em 23 de maio de 2019 às 18:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Agência Brasil

É muito comum, principalmente em tempos chuvosos, ouvir que alguém está gripado. Basta começar a espirrar, sentir a famosa moleza no corpo ou se sentir indisposto, que o autodiagnóstico surge. 

O problema é que, na maioria das vezes, as pessoas confundem gripe e resfriado, considerando tudo uma coisa só. Fato é que as doenças não são nem um pouco parecidas. Enquanto o resfriado é passageiro, a gripe é muito mais perigosa e pode levar à morte, já que é causada pelo vírus Influenza.

O infectologista Antônio Bandeira alerta para as diferenças entre as doenças."É muito comum as pessoas confundirem tudo. O que geralmente acontece são pessoas resfriadas, mas os sintomas são bem diferentes da gripe. Colocam tudo num bolo só e acabam não tratando adequadamente, o que pode ser perigoso", explica.De acordo com o médico, no caso do resfriado comum, geralmente o doente não apresenta febre, não fica com seu estado geral comprometido e manifesta sintomas como dor de garganta e nariz escorrendo. Já os gripados, aqueles que estão infectados com Influenza, há febre, muita dor de cabeça, dor de garganta e tosse persistente, sem registro de coriza nasal.

Segundo Bandeira, se o paciente perceber que está com os sintomas da gripe, o ideal é procurar um infectologista de imediato. "Quando é descoberto no começo, a chance de recuperação é altíssima. Tem que ter cuidado para não chegar à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)", alerta.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Influenza da Bahia, divulgado nesta quarta-feira (22), pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a SRAG já deixou 25 mortos na Bahia só em 2019. Foram quatro mortos por H1N1, três por H3N2, um por Parainfluenza, 14 amostras negativas para Influenza (ou seja, causadas por outros vírus) e três estão em análise. A SRAG, segundo Bandeira, é uma consequência das infecções virais e é o que pode levar o paciente à morte. "A síndrome é como se fosse a manifestação da gravidade do paciente. Geralmente é causada pela Influenza, mas também pode ser causada pelo Vírus Sincicial Respiratório".

O paciente diagnosticado pela Influenza deve tomar imediatamente uma medicação que age diretamente no vírus. Trata-se do composto químico Oseltamivir, fornecido exclusivamente em hospitais e postos de saúde mediante apresentação de receita médica, sem venda em farmácias.

Morte em crianças e idosos é mais comum Segundo o infectologista, a gripe atinge mais frequentemente crianças com menos de dois anos, adultos acima dos 60 e portadores de alguma doença crônica, principalmente as respiratórias. No entanto, o índice de mortes é maior entre o público infantil. Em 2019, das quatro mortes por H1N1, três foram em crianças: um bebê de cinco meses, uma criança de três e outra de 10. A outra morte foi em um homem de 55 anos."Já o Vírus Sincicial Respiratório tem sua mortalidade quase sempre em crianças com medos de cinco anos. É muito raro causar o óbito em adultos. Temos também a Parainfluenza, que geralmente não mata, e o Metapneumovírus, que é relativamente novo e, por isso, tem pouca vigilância, as estatísticas ainda são conflitantes", completa Bandeira.De acordo com o boletim, dos 467 pacientes atingidos pela SRAG, foram 24 casos de H1N1, 18 por H3N2, um por Influenza A não subtipado e outros cinco por Influenza B.  Foram identificados ainda os seguintes vírus respiratórios: Vírus Sincicial Respiratório (22), Parainfluenza1 (02), Parainfluenza3 (04), Adenovírus (03) e Metapneumovírus (24).  Há ainda 236 casos em investigação. 

Por que gripe mata? Segundo o especialista, o que causa a morte não é o fato do paciente estar infectado com o vírus, mas as consequências que ele pode trazer. "Qualquer um dos vírus Influenza pode gerar insuficiência respiratória no paciente e é isso que leva à morte na maioria dos casos. É muito mais frequente nesse público infantil, de idade mais avançada ou em pacientes com doenças crônicas, principalmente as respiratórias".

A solução para não correr esse risco é simples. Basta se vacinar anualmente contra a gripe. Fazendo isso, o paciente se livra totalmente da possibilidade de ser infectado por qualquer vírus Influenza, embora não fique imune ao Vírus Sincicial Respiratório e outras doenças.

 "É importante se vacinar todo ano, porque além da composição da vacina mudar, é o período de imunização que ela garante ao paciente", diz Bandeira.

Mitos e verdades sobre vacinação contr a gripe*:

1 – Vírus da gripe causa gripe

Mito: Isso é impossível. A vacina contra a gripe é feita com o vírus morto. Portanto, é 100% segura e incapaz de provocar a doença nas pessoas que são vacinadas.

2 – Basta vacinar apenas uma vez e está imunizado para sempre?

Mito: É preciso tomar a vacina todos os anos. Primeiro porque a imunidade da vacina se mantém por um período de aproximadamente 12 meses. Segundo, porque a cada ano temos vírus diferentes, que causam diferentes tipos de gripe, e a vacina é produzida a partir dos vírus que estão mais propensos a aparecer durante o período de vacinação.

De acordo com a resolução da ANVISA, a vacina de influenza trivalente de 2019 deverá conter os seguintes vírus:Influenza A (H1N1) Influenza A (H3N2) Influenza B, Victoria. 3 – Gripes e resfriados são doenças diferentes?

Verdade: Embora os sintomas sejam muito parecidos, os vírus que causam a gripe e o resfriado são diferentes. A gripe é uma doença mais grave, que causa febre alta, dores musculares, dor de cabeça, dor de garganta e exige mais cuidados para não evoluir para uma pneumonia. Já o resfriado é mais brando e dura menos tempo.

4 – Grávidas não podem tomar vacina

Mito: Pelo contrário. É muito importante a vacinação das grávidas, pois quando a mãe é vacinada o bebê também fica protegido. Grávidas a partir do terceiro mês de gestação podem — e devem — tomar a vacina contra a gripe. Por estarem mais suscetíveis a infecções, como gripes e resfriados.

5 – A gripe pode matar!

Verdade: Se não for tratada a tempo, a gripe pode causar complicações graves e levar à morte, principalmente nos grupos de alto risco como pessoas com mais de 60 anos, crianças menores de cinco anos, gestantes e doentes crônicos.

6 – A vacina é a única forma de se proteger contra a gripe.

Mito: A vacina contra a gripe é a melhor e mais segura forma de se proteger contra a doença. Porém, existem outras medidas importantes que ajudam na prevenção: 

- Lavar e higienizar as mãos com frequência.  - Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, copos e garrafas.  - Evitar tocar mucosas do olho, nariz e boca.  - Ter boa alimentação e beber bastante líquido.  - Evitar contato com pessoas que estejam com sintomas da gripe.  - Manter a sua casa bem arejada.

* Fonte: Ministério da Saúde