Grupo especial reforça policiamento após morte de menina no Santo Inácio

Ações também foram intensificadas na Mata Escura; suspeitos atearam fogo a ônibus

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  • Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 13:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/SSP

O policiamento em Mata Escura e Jardim Santo Inácio foi reforçado após a morte da garota Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, na quarta-feira (24). A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), do Batalhão de Choque, está nos bairros em busca dos criminosos que trocaram tiros com a Polícia Militar, resultando na morte da menina.

Segundo a polícia, os criminosos também são responsáveis por atear fogo a um ônibus no Jardim Santo Inácio na manhã de ontem. “Todos os policiais ficaram sentidos. Somos pais também. A quadrilha está identificada e vamos trabalhar para tirá-la de circulação", diz o comandante da 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) , o major César Souza Ferreira, que atua na região. 

Além do Choque, o Pelotão Especial Tático Ostensivo (Peto) da 48ª CIPM e das Rondas Especiais (Rondesp) Central estão na região intensificando o patrulhamento e fazendo abordagens a suspeitos. 

Drogas Dois irmãos adolescentes foram presos durante um desses patrulhamentos, com drogas em uma casa. No celular de um deles, a PM encontrou mensagens de um traficante informando que na parte de cima a quadrilha estava na "atividade", ou seja, indicando a fiscalização. "Aqui embaixo também atividade", respondeu o adolescente.

"Esta é a nossa realidade. Dois adolescentes morando sozinhos e trabalhando para uma quadrilha. No outro caso, uma mãe, grávida, com um filho envolvido e usando drogas na frente da outra filha. É neste cenário que descemos todos os dias e em alguns momentos o confronto acontece", diz o major César.

O sepultamento de Geovanna aconteceu na manhã desta sexta-feira no Cemitério Municipal de Pirajá. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Bala perdida e morte Os dois policiais militares que participaram de uma ação  que resultou na morte da menina Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, na manhã de quarta-feira (24), terão que entregar as armas do alegado confronto para a perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Após falarem sobre o incidente - os PMs contam que foram recebidos a tiros, por um grupo de suspeitos, na comunidade Paz e Vida -, os policiais devem continuar trabalhando normalmente. Isso porque, segundo a assessoria da corporação, não há nenhuma prova contra os PMs."Até o momento, não existem elementos que imputem a responsabilidade aos policiais, uma vez que os militares relataram um confronto", diz o comunicado.  No dia do crime, Geovanna estava sentada no sofá de casa - um barraco improvisado -, quando resolveu sair para rua. Ela viu o avô, que chegava para fazer uma visita, e tentou ir ao encontro dele. Nesse momento, acabou atingida por um tiro na cabeça e caiu na porta da residência. Geovanna foi baleada na cabeça quando corria para ver o avô (Foto: Reprodução/Carol Aquino/CORREIO) Um estilhaço do projétil que matou a menina caiu no sofá onde ela estava sentada segundos antes, conforme contou ao CORREIO a avó da vítima, Valdete Maria Paixão, 66 anos. A comunidade e a família de Geovanna culpam a polícia pela morte."[Policiais], não venham dizendo que foi troca de tiros. Vocês precisam ser homens e assumir que mataram a minha neta. Se querem bandidos, vão procurar fora daqui", desabafou Valdete. De acordo com a vice-presidente da associação de moradores da comunidade, Cileide Gomes da Silva, os policiais estavam em um carro modelo Ford Ka, preto e sem padronização. O local, ainda de acordo com ela, é tranquilo e seguro."Foi um absurdo. Aqui só mora mãe e pai de família, crianças que brincam na rua. Não é a primeira vez que a polícia entra aqui dessa forma", afirmou a líder comunitária.A comunidade surgiu há cinco anos, e hoje moram lá 250 famílias. Geovanna vivia no local há cerca de oito meses com a avó, depois que os pais se separaram. O irmão mais novo dela, de apenas 5 anos, também presenciou o crime. A garota era aluna da Escola Municipal Jardim Santo Inácio."Meu neto, quando viu, ficou sem saber o que estava acontecendo com a irmã. Ele me perguntou: 'por que ela estava deitada, vó?'", relatou Valdete.