Herbem Gramacho: A revolução acessada pelo YouTube

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Publicado em 2 de março de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

A primeira transmissão de rádio feita no Brasil data de 1922. Há 95 anos, o discurso do então presidente Epitácio Pessoa abria não só a exposição em comemoração ao centenário da independência, como também uma era de novas possibilidades que o rádio trazia. A comunicação de massa instantânea virava realidade. Em 1950, a televisão estreava em solo nacional e o que era apenas som ganhava imagem. Depois, cor (em 1970). Pouco antes da virada do século chegou a internet. E o celular. E as redes sociais. E a internet no celular. E a internet na vida. E a vida na internet.Impossível saber onde vamos parar. Na verdade, a única certeza, por enquanto, é que não vamos parar. Ontem, Atlético Paranaense e Coritiba estabeleceram mais um marco no país: o primeiro jogo profissional transmitido somente através do YouTube e do Facebook. Sem nenhum canal de TV. Canal, só os dos clubes no YouTube.  A transmissão do clássico paranaense foi o embrião no futebol de uma revolução que já está em curso na sociedade, chamada por alguns estudiosos de era pós-digital. Embrião porque ainda não dá para prever qual será o próximo jogo exibido nos mesmos moldes, já que o futebol brasileiro é estruturado, na venda dos direitos de transmissão dos jogos dos clubes para a televisão. A verba televisiva é a principal fonte de receita da maioria dos times. O Atletiba, por exemplo, só foi parar no YouTube porque os dois rivais recusaram a proposta da TV. Mas Atlético-PR e Coritiba são os únicos entre os 12 do estadual do Paraná (ou de qualquer outro estado) nessa condição. Ou seja, nenhum outro jogo pode ser exibido, já que, no Brasil, a legislação define que o direito de transmissão de um jogo pertence aos dois times envolvidos. Como todos os outros times negociaram os direitos de transmissão com a TV, o único jogo possível via YouTube foi o Atletiba de ontem e serão os próximos Atletibas pelo Paranaense, se houver.A grana da televisão é o que faz a roda girar até então. Nosso clube contrata um craque por causa desse dinheiro, o craque torna os jogos mais interessantes, mais gente assiste e a TV obtém retorno financeiro com a venda das cotas de publicidade para os anunciantes. Esta estrutura já está pronta e funcionando plenamente. Mas o que Atlético-PR e Coritiba mostraram ontem ao Brasil, e ao mundo, é que existem outras possibilidades para os clubes. Depois do uso da ferramenta, a revolução se completa quando gera mudança de comportamento.  O uso da ferramenta é acessar o YouTube, como já fazemos. A mudança de comportamento é trocar os vídeos curtos por um jogo de futebol no YouTube. E, por tabela, mudar a estrutura do mercado publicitário, das vendas dos direitos de transmissão, da torcida, dos clubes.... Projetando alguns anos à frente, a roda vai continuar girando, só que, certamente, de outra maneira. Como aconteceu com o rádio.Dividendos da tragédiaA Caixa já anunciou alguns e, nos próximos dias, anunciará a renovação de patrocínio a outros clubes brasileiros. Em 2017, o banco deve patrocinar 17 dos 20 times da Série A, incluindo a dupla Ba-Vi. Palmeiras, São Paulo e Grêmio não serão patrocinados pela empresa estatal e a Chapecoense é a única dúvida. Isso não significa que a Caixa está abrindo o cofre. Pelo contrário: os contratos foram renovados sem reajuste, nem mesmo o da inflação. Mas como a crise deixou a iniciativa privada com o freio de mão puxado, os clubes seguraram o que já está garantido. Exceção foi a Chapecoense, cuja marca se valorizou após o acidente de avião em novembro do ano passado. O time catarinense negocia a renovação com a Caixa, mas já é certo que, em caso de desfecho positivo, a marca ocupará espaço menos valorizado na camisa. No peito, voltou o frigorífico Aurora, que pagará mais do que o banco pagava. Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.