Hibernação da Petrobras na Bahia agrava crise no Nordeste

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  • Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Em plena pandemia causada pela Covid-19, a Petrobras anunciou a hibernação de campos de petróleo na Bahia. Essa medida impacta diretamente a economia de 13 cidades produtoras de petróleo baianas, afeta os empregos de milhares de trabalhadores e agrava a crise sanitária e econômica na Bahia e em todo o Nordeste. A decisão da estatal pode causar a demissão de cerca de 4 mil trabalhadores terceirizados, que se juntarão aos mais de 13 milhões de desempregados no país, e poderá transferir cerca de 900 trabalhadores próprios para fora do estado, de acordo com a estimativa do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA). A paralisação também reduz a arrecadação de cidades produtoras de petróleo no estado e corta os royalties recebidos pelas regiões produtoras e pela Bahia como um todo. A Petrobras cita a queda nos preços do petróleo como justificativa para as ações, mas, para o diretor de comunicação do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa, os impactos vão muito além da crise, e a hibernação a médio e longo prazo pode significar o encerramento de toda a atividade de extração de petróleo e gás na Bahia. O preço do barril de petróleo sofreu diversas quedas e está cerca de 50% mais baixo. O colapso foi causado pela guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia e pela diminuição da demanda por conta do coronavírus. O cenário, de acordo com o sindicato, possibilita que a gestão atual da Petrobras realize o seu plano de desmontar e privatizar a estatal. A Petrobras vem tentando sair da Bahia desde 2018 e, em outubro do ano passado, foi impedida de fechar toda a sua operação no estado por liminar do Ministério Público do Trabalho. Ainda assim, a empresa vem gradualmente reduzindo a sua operação na área, com a desmobilização do edifício Torre Pituba e o fechamento da unidade de produção de fertilizantes Fafen-BA, em Camaçari. A estatal também já anunciou a venda da Refinaria Landulpho Alves, localizada em São Francisco do Conde e de diversos campos de petróleo, situados no recôncavo. “Em meio à pandemia, o papel da Petrobras, como uma empresa pública e braço do Estado brasileiro, deveria ser o de contribuir para impulsionar a economia local, estadual e nacional, mantendo e gerando novos postos de trabalho. A Petrobras sozinha representa 10% do PIB brasileiro, e o governo age de forma inversa fazendo com que a empresa pise no freio, provoque demissões e contribua fortemente para a desaceleração da economia, afirma Radiovaldo Costa, diretor de comunicação do Sindipetro-BA. “No ano passado, a Petrobras obteve um lucro de R$ 40 bilhões e, agora, quer impor uma conta amarga aos trabalhadores, às prefeituras e ao povo baiano. A responsabilidade social é um dos papéis de qualquer estatal e a Petrobras deveria estar exercendo o seu contribuindo para amenizar a crise econômica e sanitária que estamos vivendo”, ressalta o coordenador geral do Sindipetro, Jairo Batista. A estatal está presente na Bahia desde os anos 50, e o estado foi o primeiro produtor de petróleo do Brasil e o único a produzir o óleo negro até 1965. A saída gradual da estatal da região já traz enormes prejuízos à economia baiana, a geração de empregos e a oferta de derivados de petróleo. Até o momento, quatro campos baianos já iniciaram o processo de hibernação, que será completado em dois meses, segundo a Petrobras. Nessa primeira fase, 350 funcionários serão demitidos até 23 de maio, e cinco sondas já foram paralisadas. O fechamento temporário foi feito sem o aviso prévio de 30 dias, definido em contrato, e atingiu os municípios de Candeias, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Pojuca e Catu. Os outros 16 campos terrestres restantes na Bahia estão em risco e poderão paralisar até o fim do ano. A estatal também congelou todos os investimentos no estado. O Sindipetro Bahia vem se reunindo com os prefeitos dos municípios produtores de petróleo e com parlamentares de todo o estado, denunciando as consequências das decisões da empresa em todo o território baiano. O sindicato, juntamente com as prefeituras das cidades afetadas, se posiciona contra a hibernação da Petrobras na Bahia e a tentativa de desmonte da estatal, desta vez numa época de calamidade pública.

Fonte: Sindipetro Bahia

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