Homem-Aranha do Comércio conquista soteropolitanos com acrobacias e carisma

Artista colombiano que viralizou está 'salvando o mundo' na cidade há duas semanas

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  • Wendel de Novais

Publicado em 7 de agosto de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Arisson Marinho/CORREIO

O soteropolitano já sabe que, no trânsito, cada sinal vermelho é, além de uma oportunidade para a passagem dos pedestres, um abre-alas para manifestações musicais, teatrais e circenses de artistas que ganham a vida mostrando o seu talento nas ruas - e de pessoas pedindo ajuda. O que não é de costume é ver um 'verdadeiro' Homem-Aranha, envolvido em um tecido, que não se contenta apenas com faixa de pedestres como palco e passa "voando" entre carros, ônibus e motocicletas, como acontece desde a semana passada na esquina da Rua Miguel Calmon, no Comércio, onde fica o INSS, que agora é ponto de parada certo para quem trabalha ou passa pela região. 

É que todo mundo quer ver, fotografar e aplaudir o herói, ou melhor, Cristiano Larrotta Talero, 34 anos, um colombiano que é artista circense e já rodou boa parte do Nordeste e do Norte do Brasil com o seu trabalho durante os últimos cinco anos. Por aqui, ele está há duas semanas procurando o melhor lugar para mostrar suas acrobacias, o que já parece ter encontrado de acordo com Manoel dos Santos, 57, que trabalha no mesmo local. "É sucesso, essa é a terceira vez que ele vem e todo mundo para, seja quem tá a pé ou de carro. Aqui fica cheio, um tumulto do povo curioso pra ver. Ele estourou, tá famoso, trouxe alegria pra nós", conta. 

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Bem recebido Uma recepção que alegra Cristiano, que já trabalhou em circos, festas, companhias de teatro e chegou até a se apresentar como DJ Alok, mas, por conta da inconstância nas ofertas de trabalho, precisa tirar nas ruas o dinheiro que sustenta seus dois filhos. "Faz parte, tenho que fluir para lugares onde possa mostrar meu trabalho. E, infelizmente, as coisas não estavam favoráveis em Pernambuco e tive que vir pra cá. O povo brasileiro me recebeu sempre muito bem e aqui não é diferente, muita gente valoriza meu trabalho", afirma ele, que está alegre pela forma que tem chamado a atenção das pessoas no Comércio.

O colombiano conta ainda que, além de estar contente de fazer o que ama com as suas acrobacias, se diverte pelas diferentes reações que gera no pessoal que o encontra voando por cima dos carros enrolado em uma fita. "Muito engraçado, é bonito ver como eles ficam quando mostro meu trabalho. Tem gente que gosta demais, outras ficam com medo, pessoas que gritam de susto, mas, na maioria dos casos, parabenizam, me ajudam com dinheiro", fala Cristiano, que conseguiu um lugar para morar no Pelourinho onde paga R$ 30 pela diária, o que tem dado para sustentar com seu talento. Artista se diverte com reação dos soteropolitanos ao seu trabalho (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Vocação que, de acordo com o colombiano, vem de família. Até porque Cristiano é irmão de duas gêmeas que fazem ginástica artística e queriam levar o irmão para o mesmo caminho, o que não deu certo porque ele preferiu trocar a competição do esporte pela liberdade circense. "Desde pequeno, elas queriam que eu fizesse ginástica, mas não gosto de competição. Para mim, o que encanta mesmo é a liberdade de mostrar coisas diferentes em diversos estilos, como cada um faz quando mostra sua arte e é assim que quero viver", explica ele, que também é professor de educação física. 

Busca por emprego Conseguir viver da arte é, inclusive, um dos principais objetivos do artista que está sozinho na cidade, sem a presença da esposa e dos dois filhos que voltaram para Bogotá, sua terra natal, por conta da instabilidade que estavam enfrentando por aqui. "Eles precisaram ir para Colômbia e estou tentando algo mais concreto para que possam retornar. Uma das ambições principais que tenho é achar algo bom e que possa mudar o estilo de vida da minha família, dar mais segurança para eles", declara Cristiano, que espera que a repercussão do seu trabalho nas redes sociais garanta um emprego para o artista que sabe de tudo um pouco. Cristiano sonha com a possibilidade de ter um emprego (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Ele domina trapézio, barras simétricas, acrobacias em tecido, malabarismo e muitas outras técnicas circenses. Tudo para cumprir também uma outra missão: levar arte para o público. "Eu, assim como todos artistas, quero levar cultura para a sociedade, fazer com que desliguem um pouco televisões e celulares e apreciem a arte que está muito perto da espiritualidade, onde a gente passa valores e ética para a nova geração", destaca. 

*sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro