Homem é condenado a 15 anos por tiro no rosto em assalto no Canela

Leandro foi condenado ainda a pagamento de multa e cumprirá pena em regime fechado

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 11:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O homem preso por atirar no rosto de Luís Daniel Carvalho Souza, 41 anos, em um ponto de ônibus durante um assalto no Canela, em abril de 2019, foi condenado a 15 anos de prisão. A sentença de Leandro Monteiro Silva de Jesus foi proferida pelo Juiz Anderson de Souza Bastos, da 4ª Vara Criminal de Salvador.

Leandro foi condenado ainda a pagamento de multa e cumprirá pena em regime fechado. A condenação foi publicada pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

Ele foi preso no dia 24 de abril de 2019 por policiais da 41ª Companhia Indendente de Polícia Militar (Federação), um dia depois de atirar em Luís Daniel na Rua Padre Feijó. Preso pelo crime de roubo, Leandro havia deixado o presídio para prisão domiciliar meses antes do crime.

Tiro no rosto Luís Daniel foi abordado pelo bandido enquanto aguardava em um ponto de ônibus. Em depoimento, ele disse que teve o celular pedido em assalto e já estava entregando o aparelho quando ouviu o disparo. Luís foi atingido por um tiro que entrou na lateral direita do rosto, transfixou e saiu pela esquerda. 

Ele foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE) em uma viatura da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Barra), que passava pelo local e encontrou Luís ensanguentado. Os PMs relataram que chegaram a avistar o assaltante fugir a pé.

Em um vídeo ao qual a reportagem teve acesso, feito logo após a tentativa de assalto, o homem aparece consciente, sentado no banco do ponto de ônibus, já baleado, e tentando explicar a outras pessoas o que havia acontecido. Entre os pertences de Luís, estavam celular, relógio e notebook. Nada foi levado. De acordo com o boletim de ocorrência registrado no HGE, o crime ocorreu por volta de 6h45, em frente à Creche da Ufba.

O crime não surpreendeu aos moradores e pessoas que frequentam a região. De acordo com estudantes e moradores, o tempo de esperar o coletivo, ali, na Rua Padre Feijó, entre os bairros da Graça, Canela e Federação, é sempre um momento de tensão. Segundo alerta os cartazes, os roubos são registrados com regularidade: "dia sim, dia não".

Falta de segurança

Estudante de Economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Railan Santana, 21 anos, que pega ônibus no mesmo ponto há quase três anos, disse que ficou surpreso ao ver as imagens de Luís Daniel Carvalho Souza, 41, todo ensanguentado, logo após sofrer o ataque.  O estudante Railan Santana contou que ficou surpreso com violência de assalto (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A vítima, que mora na Graça e estava a caminho do trabalho, foi socorrida pela Polícia Militar até o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece internada. Nada foi levado do rapaz."O assalto não foi uma surpresa, mas a violência utilizada me surpreendeu, sim", disse o estudante, que aguardava no ponto, na manhã desta quarta.Railan contou à reportagem que o histórico de assaltos é tão grande, que o Buzufba (coletivo que transporta os estudantes da Ufba) só para no local até determinado horário. "Os motoristas não param aqui, porque, em geral, já fica deserto à tarde. Minha sorte é que estudo de manhã, quando o movimento de estudantes é um pouco maior", comentou, ao dizer que nunca presenciou um assalto.

À noite, por exemplo, quem estuda na Ufba tem que se dirigir até uma parada anterior, ou à próxima, já na entrada de acesso ao Campo Grande. Railan também acrescentou que, nos grupos de WhatsApp de alunos da universidade, é comum ver relatos de pessoas que foram vítimas de ladrões na região.

Rota de Fuga Localizado em frente à creche da Ufba e à Escola Mundo Novo, o ponto de ônibus pode ser acessado por duas escadarias que também dão acesso à Avenida Centenário - o que, para os frequentadores, facilita a fuga de bandidos. 

Coincidência ou não, foi por onde fugiu o bandido que atacou Luís Daniel. De acordo com os militares que deram socorro à vítima, o ladrão, que estava sozinho, fugiu pela escada da lateral esquerda ao ponto, por volta de 6h50. O crime é investigado pela 1ª Delegacia (Barris). Por meio da assessoria, a Polícia Civil informou que ainda não tem informações sobre o bandido.

Policiamento Em nota enviada à reportagem, a Polícia Militar informou, no entanto, que o policiamento no bairro do Canela é realizado de forma “ostensiva e preventiva, em regime de 24 horas” por militares do 18º Batalhão (Centro Histórico), que “emprega viaturas na área, sob sua responsabilidade, além de outras localidades”.

A PM também afirmou que rondas e abordagens são reforçadas. “Atuam a Companhia Independente de Policiamento Ostensivo (CIPT), Rondas Especiais (Rondesp), Bahia de Todos os Santos (BTS) e do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) da unidade, além de guarnições da 41ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Federação) e 11ª CIPM (Barra), que atuam na região limítrofe às três Unidades”. Dois policiais faziam a ronda na região nesta quarta-feira (24) (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) “A PM realiza o trabalho preventivo e repressivo de forma ostensiva durante 24 horas em toda cidade. Cada unidade é responsável por uma determinada região e conta com o apoio de especializadas. Faz parte do trabalho preventivo as abordagens em pontos de ônibus e passarelas realizadas por policiais militares. O policiamento é empregado conforme o fluxo de pessoas e com base nas ocorrências registradas”, conclui a nota.

Sem se identificar, uma pedestre salientou, no entanto, que é incomum ver polícia no local. Natural, segundo ela, é a incidência de roubos. “Trabalho aqui há mais de um ano e ouço histórias com frequência. É sempre um risco enorme ficar aqui esperando". A mulher, que chegou a ver Luís Daniel ser socorrido, contou que a alternativa que encontra quando o local fica deserto é embarcar em qualquer coletivo e saltar num ponto onde não se sinta a mercê de bandidos.