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Mario Bitencourt
Publicado em 15 de abril de 2019 às 20:14
- Atualizado há 2 anos
Um homem foi preso preventivamente pela Polífica Federal nesta segunda-feira (15), em Ibicuí, no Sul da Bahia, durante uma operação de combate a fraudes no seguro-desemprego, que abrangeu ainda cidade dos estados de São Paulo e Goiás.>
Segundo a polícia, o suspeito atuava captando "laranjas" que pudessem atuar como funcionários fictícios e, depois, dar entrada no seguro. Um outro envolvido na operação está foragido e com mandado de prisão em aberto.>
Os nomes dos suspeitos não foram revelados. Esta foi a segunda fase da operação Mendacium (falsidade, em latim), que teve 21 mandados de prisão e 12 de busca e apreensão para as cidades de São Paulo, Mauá (SP), Porangatu (GO) e Ibicuí (BA).>
Presos Na primeira fase, foram presos os irmãos Sivaldo Rosa Lopes, que se apresenta à polícia como produtor rural, e Valdemar Rosa Lopes. Ambos são apontados como líderes da quadrilha.>
Na primeira fase da investigação, que teve quatro mandados de busca e apreensão, em São Paulo e Taboão da Serra (SP), os irmãos foram presos em flagrante num escritório em São Paulo. Eles ainda tentaram subornar os policiais com R$ 200 mil. >
Os irmãos estão presos por estelionato e corrupção ativa. Os advogados deles não foram localizados pelo CORREIO para comentar o caso.>
Valdemar é nascido em Nova Viçosa, extremo-Sul baiano. Em 2018, ele foi candidato a deputado estadual em Goiás, pelo PMB, e ficou como suplente, segundo a Justiça Eleitoral. Candidatou-se a prefeito de Porangatu em 2012 e 2016, mas perdeu em ambas.>
Com a dupla, a polícia encontrou vários documentos falsos, apetrechos para a falsificação de documentos, material de informática e R$ 420 mil em espécie. Mesmo após a operação, eles continuaram as fraudes, segundo a polícia.>
Sivaldo teve negado um pedido de habeas corpus pelo Tribunal Federal da 3ª Região, de São Paulo, no último dia 2 de abril. Em 28 de fevereiro ele foi condenado a 7 anos e 10 meses de prisão em regime fechado.>
No dia 9 de abril deste ano, Valdemar Lopes também teve negado um pedido de habeas corpus, mas pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.>
A investigação foi iniciada em outubro de 2017, com base em uma denúncia de um trabalhador. Segundo ele, que teve seu nome preservado, uma pessoa não identificada estaria recebendo seguro-desemprego em seu nome. Apesar disso, a investigação aponta que a dupla já age desde 2007.>
A delegada federal Sabrina Soares de Freitas, responsável pelas investigações, informou que os irmãos tinham cartas de 408 empresas falsas, que eram utilizadas para dar entrada no processo.>
As empresas, em nome de laranjas, atuavam de forma fictícia e tinham funcionários inventados, que davam entrada nos pedidos de seguro-desemprego em locais como o Sine – serviço de intermediação para o trabalho. No entanto, não foram confirmadas a participação de funcionários públicos entre os fraudadores. >
O Ministério da Economia apurou que, nos anos de 2015 a 2019, os investigados receberam mais de R$ 20 milhões em benefícios de seguro-desemprego fraudulentos, e que havia mais de R$ 10,5 milhões para receber, mas que foi bloqueado pela Justiça.>
“Os dados eram de pessoas verdadeiras, cooptadas. Geralmente, usavam os dados daquelas pessoas apenas uma vez. Depois criaram pessoas, tem umas 50 identidades falsas com foto de uma pessoa só”, explicou a delegada Sabrina Soares de Freitas.>