Homem que ganhou R$ 22 milhões na loteria é dono de rinha de galo na Bahia

Local foi alvo de operação policial nessa sexta-feira (13)

Publicado em 14 de setembro de 2019 às 16:35

- Atualizado há um ano

Rinha em São Gonçalo dos Campos (Divulgação Polícia Civil)

Uma rinha de galo. Esse foi um dos investimentos que o ex-auxiliar de eletricista e hoje empresário, conhecido como Mael, de São Gonçalo dos Campos, no centro-norte da Bahia, resolveu fazer após acertar sozinho as sete dezenas do Timemania, da Loteria Federal, em setembro de 2014, e ganhar R$ 22.077.129,12. O nome completo dele não foi divulgado.

Num sítio batizado de Club Pôr do Sol, na zona rural de São Gonçalo dos Campos, Mael construiu um espaço sofisticado para a prática ilegal, com ambiente climatizado, pesagem digital para os animais e baias modernas, mas que foi desbaratado pela Polícia Civil durante uma operação nessa sexta-feira (13), após denúncia anônima.

Mael não estava no local quando a polícia deu a batida e está sendo procurado neste sábado para que possa ser enquadrado em flagrante pelos crimes de maus-tratos aos animais (previsto na Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/98) e por exploração de jogos de azar – contravenção. Pode responder ainda por associação criminosa, informou a polícia.

O delegado coordenador da 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Corpin), baseada em Feira de Santana, Roberto Leal, contou que na rinha de Mael, em cujo espaço cabem 500 pessoas, ocorria uma competição nacional de rinha de galo. A polícia levou para a delegacia 28 homens que estavam diretamente ligados à prática ilegal.

Os homens, informou o delegado, são de outros estados em sua maioria, e muitos disseram que sobrevivem apenas de colocar galos para brigar uns contra os outros e apostar para ver quem vence. Eles foram ouvidos e liberados. Responderão, inicialmente, pelo crime de maus-tratos contra os animais – havia 184 galos na rinha. Gaiolas onde os animais ficavam (Divulgação Polícia Civil) O delegado, que realizou a operação com equipes especiais das polícias Civil e Militar, como a COE, o Batalhão de Choque, a Coppa e a Rondesp Leste, diz não ter dúvida de que “estamos diante de um grupo organizado”. Na rinha de Mael, até as fichas com valores das apostas vinham com a marca do sítio Pôr do Sol.

Foram encontrados com os apostadores R$ 119 mil, sendo R$ 47 mil em espécie e o restante em cheques. “Encontramos anotações que mostram que as apostas variavam de R$ 100 a R$ 15 mil”, afirmou Leal, que busca identificar quem era o organizador do evento ilegal. A rinha de Mael, diz o delegado, funcionava há pelo menos um ano. Entre o material apreendido estão cheques, dinheiro em espécie e fichas usadas nas apostas (Divulgação Polícia Civil) “Estamos buscando identificar onde está Mael, ele não é considerado foragido, mas ainda está dentro do prazo para ser levado para a delegacia em flagrante. Caso não consigamos, ele será intimado a comparecer à delegacia para esclarecer os fatos. Outras pessoas também serão responsabilizadas pela prática ilegal”, afirmou o delegado.

Os galos foram colocados sob os cuidados de um fiel depositário que cria aves na região de Feira de Santana. Os bichos, aparentemente, não apresentavam sinais de debilitação e serão todos examinados por um médico veterinário, o qual emitirá um laudo informando suas condições de saúde.

A rinha está lacrada após a ação da Polícia Civil. O delegado Roberto Leal informou que pedirá à Justiça que o local seja demolido. O CORREIO não conseguiu localizar Mael, que, no dia 18 de agosto, promoveu a Cavalgada Mega Mex em seu sítio. O telefone da Mega Mex foi atendido por uma mulher que disse que não trabalha mais com Mael e que não tinha autorização para informar o telefone do empresário.