Homem que matou viúva de juiz tinha passagem na Polícia por roubo

Também confessou envolvimento com tráfico de drogas

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  • Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2021 às 21:27

. Crédito: Ascom PC
. por Reprodução

O homem que assassinou Maria Helena Mazzei Pereira, de 67 anos, e admitiu ter esganado e estuprado a idosa já teve passagem na polícia por roubo e confessou ter tido envolvimento com tráfico de drogas. Em coletiva de imprensa, a coordenadora da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico) que acompanha o caso, Pilly Dantas revelou ainda que o suspeito, de nome não revelado, morava com a avó.

Maria Helena foi encontrada morta no quarto de um apart hotel, em Ondina, nesta quinta-feira (30). Desde a madrugada, a Polícia Civil apura o crime através da perícia e investigações com análise minuciosa das câmeras de monitoramento e registros de entrada e saída de visitantes. “Conseguimos chegar a conclusões muito rapidamente, uma vez que nosso primeiro contato com a cena do crime foi às 3h da manhã e passamos toda a noite trabalhando. Ele foi preso logo pela manhã e confessou tudo".

Apesar da confissão ser importante, ainda não é suficiente para a condenação, mas a análise do conjunto probatório vem ainda sendo feita. O nome do suspeito, de 23 anos, ainda não foi revelado pela Polícia, devido à Lei 13.869/2019, de Abuso de Autoridade.

Durante o interrogatório, o criminoso revelou ainda os detalhes do crime à Polícia. Ele admitiu ter escondido, em uma caixa de energia na Liberdade, onde mora, o celular que roubou da idosa. Antes disso, chegou a retirar o chip do smartphone roubado e, segundo depoimento à Polícia, teria o jogado no vaso sanitário, ainda no apartamento em Ondina. Ele era contratado de uma imobiliária e tinha acesso ao imóvel há cerca de uma semana. Foi autuado em flagrante, no bairro da Liberdade, e está à disposição da Justiça.

Segundo a Polícia Civil, o acusado tinha acesso a dois apartamentos do prédio que estavam sendo reformados, um no 4º e outro no 7º andar, onde ficava o de Maria Helena. Por ser um hotel, o local era muito acessado por visitantes e prestadores de serviço. De acordo com Pilly Dantas, o jovem trabalhava como pintor e, por isso, tinha acesso livre ao condomínio. Para acessar a casa da idosa, tocou a campainha e pediu um copo de água. Quando ela voltou com o utensílio, ele teria anunciado o assalto. Além do celular, chegou a se apossar de uma bolsa.

"Depois, então, teria evoluído para a prática da violência sexual. Ela tentou resistir e, por isso, encontramos lesões nas unhas e no rosto da vítima. Os resultados dos exames de delito ainda não saíram, mas tudo indica que ela não conseguiu se defender", explicou a coordenadora.

Ao perceber, então, que a vítima se debatia e gritava, o homem teria decidido matá-la. Durante depoimento, ele disse que a teria sufocado com um travesseiro. De acordo com informações da coordenadora, o suspeito tem 1,90m de altura, pesa mais de 100kg e já teve passagem na polícia, no ano passado, por roubo. Durante o interrogatório, sinalizou que já teve envolvimento com tráfico de drogas. O pai e o irmão teriam sido mortos em razão do tráfico.

Com a finalização dos laudos periciais e da necropsia, as informações se juntam às da equipe do campo de investigação para que haja a breve possibilidade de conclusão do inquérito e, assim, os autos possam ser encaminhados ao Ministério Público.

Reservada e educada

O enterro aconteceu durante esta tarde (30), no Jardim da Saudade. Família e amigos se reuniram para dar adeus a Maria Helena uma última vez. 

O crime ainda chocou as pessoas do um apart hotel que conheciam a idosa. O enterro contou com um grande grupos de amigos, familiares e conhecidos de Maria Helena “Sempre foi uma senhora tranquila. Vinha, fazia de tudo aqui no salão e depois ia para casa na maior serenidade. Terrível isso o que aconteceu com ela", disse um funcionário de um salão de beleza que fica no andar térreo no hotel. Ela era uma cliente antiga. "Ela esteve aqui há 15 dias, mas há anos que ela fazia o cabelo aqui com a gente. A família dela toda só corta aqui, inclusive a filha dela veio aqui ontem", contou.

Uma funcionária de um restaurante de comida a quilo disse que ficou sabendo da notícia logo cedo, com a movimentação dentro do hotel. “Estranhei o entra e sai de gente no início da manhã. Era a polícia atrás de informações. Uma a faxineira viu quando eles (policiais) comentaram que mataram a idosa para roubá-la”, comentou. Ela relatou que a vítima já tinha ido algumas vezes ao restaurante. "Lembro dela. Uma senhora branca e alta. Às vezes, quando não queria comer a comida do hotel, ela vinha para cá. Falava pouco ", contou. 

A dona de uma loja que funciona no também no andar térreo disse que ficou sabendo da situação através dos noticiários. “Fiquei estarrecida, pois a conhecida. Era uma mulher bonita, forte e reservada”, disse. Ela pontua a segurança do hotel. “Aqui é tudo cheio de câmera. Quem é de fora e quer ter acesso, tem que ser fotografado e apresentar a identidade na recepção. Mas nem sempre é assim. Tem gente que não é hóspede, não é morador, sequer comprador, mas põe os carros aqui para correr na orla, ir à academia e depois fica circulando no hotel. Os seguranças ficam com receio de abordar, porque as pessoas na maioria das vezes estão bem-vestidas", pontuou.

A família de Maria Helena preferiu não comentar o assunto. 

Assassinato dentro de quarto

Maria Helena Mazzei Pereira foi encontrada morta no quarto do apartamento em que vivia no Ondina Apart, em Ondina, na madrugada desta quinta-feira (30). Um parente da vítima já a encontrou sem vida, e deu por falta de alguns objetos pessoais de valor de Maria Helena na casa. O crime aconteceu na noite desta quarta.

Em nota, a administração do Ondina Apart lamentou a morte e se solidarizou com a família da vítima. "Esclarece, ainda, que as imagens das câmeras de segurança estão disponíveis para livre acesso da polícia e se coloca à disposição para ajudar no que for necessário", diz ainda o texto.

Maria Helena era viúva do juiz Rui Vinhas Pereira, que faleceu em 2012. Um memorial em homenagem ao juiz aposentado foi inaugurado no bairro dos Maristas, em Senhor do Bonfim. Em Valença, o Paço Municipal foi nomeado em 2016 como Palácio Dr. Rui Vinhas Pereira, em homenagem a ele.