Hotéis de Salvador chegam a quase 100% de ocupação no feriadão

Verão baiano deve ter melhor cenário dos últimos 5 anos

O mês de novembro chegou recheado de feriados prolongados e as taxas de ocupação dos hotéis de Salvador já dão uma dica de como será o verão na capital baiana. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), a expectativa para o feriadão da Proclamação da República, que acontece nesta quinta-feira (15) e se estende por todo o fim de semana, é uma média de 90 a 95% das vagas de hospedagem ocupadas.

O presidente da ABIH-BA, Glicério Lemos, afirma que “os feriados prolongados representam uma ótima oportunidade para as pessoas que, devido às obrigações de trabalho, não podem tirar férias regulares”. No entanto, além do turismo dos feriadões, novembro abre também a temporada das férias escolares e recessos de final de ano, o que movimenta ainda mais o setor.

Glicério destacou que 2018 tem apresentado “as melhores taxas de ocupação dos últimos cinco anos” e, para o Réveillon, a expectativa da Associação é de 100% dos hotéis preenchidos na cidade, enquanto durante o verão ficará com lotação entre 92% e 96%.

Ao CORREIO, o secretário municipal de Cultura e Turismo Cláudio Tinoco conta que já é possível perceber uma melhora de 10% nos índices, se comparado com o mesmo período do ano passado. Além disso, ele afirma que “os números apresentados pela ABIH só confirmam o que já vem sido observado desde o início do ano, quando, no primeiro semestre, a capital baiana teve a melhor taxa de ocupação dos últimos 6 anos”. Gerente-geral do The Hotel, na Barra, Leonardo Berlim comemora procura dos turistas (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) De quem é a culpa? Apontar com precisão o culpado pelo reaquecimento do turismo em Salvador é tarefa praticamente impossível.

“Há uma série de fatores, como os feriados prolongados, que, neste ano, caíram em dias da semana que permitiram às pessoas unirem com o fim de semana, a ausência de Salvador em noticiários relacionados à política ou matérias de Segurança Pública, entre outros”, aponta Leonardo Berlim, gerente-geral do The Hotel, na Barra.

Cláudio Tinoco concorda com a análise.“Foi um ano de muitos eventos grandes da cidade, como a maratona, shows internacionais, principalmente o de Roger Waters, e tudo isso gerou um movimento acima da média para o setor”, declarou. O titular da pasta afirma ainda que, quanto mais turistas e eventos o município recebe, maior a responsabilidade da Prefeitura. “Neste cenário, a gente tem que garantir uma receptividade cada vez melhor aos turistas, não só nas áreas públicas, como, também, em todas os demais atrativos privados, levando um serviço de qualidade e uma variedade de opções aos visitantes”, explica Tinoco.

No caso de Leonardo Berlim, o The Hotel já está com 98% dos quartos ocupados, com previsão de novas reservas até o final do feriado da Proclamação da República. “Os números são ótimos e permanecem por todo o verão. Com o Carnaval no final de fevereiro e início de março, o período da alta estação na cidade foi esticado, o que nos beneficia ainda mais”, comemora.

Acima da média O cenário parece mesmo animador. O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA-BA) Sílvio Pessoa atenta para o fato de que, nos últimos três feriados, os hotéis soteropolitanos apresentaram ocupação acima do esperado.

“O feriado do dia 15 vai ter a melhor ocupação, em razão de ele ser prolongado. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, a próxima terça-feira (20) é Dia da Consciência Negra, o que faz com que as pessoas tirem quase uma semana de folga”, destaca.

Ainda segundo Sílvio Pessoa, outro fator essencial para atrair os turistas até a capital baiana é o sol.“Enquanto o sul e o sudeste vão ter um feriado de chuvas fortes, de acordo com a previsão do tempo, em Salvador o sol vai se manter forte”, opina. Novela Segundo Sol explorou paisagens e pontos turísticos de Salvador (Foto: Divulgação) ‘Axé Pelô’ Mas, mesmo com todos os argumentos que justificam o reaquecimento do setor turístico em Salvador, um elemento foi consenso nas entrevistas feitas pelo CORREIO: o retorno da cidade à mídia com a novela Segundo Sol, do diretor Dennis Carvalho, que foi exibida pela Rede Globo/Rede Bahia até a última sexta-feira (9).“Foram 6 meses de Salvador em rede nacional, reforçando a cultura da cidade, as belezas geográficas, os pontos turísticos e toda a cultura”, analisa Sílvio Pessoa.“A publicidade positiva de Salvador despertou ainda mais a vontade de as pessoas virem visitar a cidade”, acrescenta Leonardo Berlim.

Esse é o caso da advogada e servidora da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Ludmila Prevot, de 29 anos. Ela, que mora em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, vai aproveitar um compromisso profissional para esticar as férias em Salvador, em janeiro de 2019.

“Eu vou fazer uma prova para o cargo de juiz na Bahia, marcada para o dia 13. Mas, como estarei de férias e é alto verão, decidi estender a estadia para conhecer melhor a cidade”, admite. Turistas curtem praia durante o dia e festas à noite (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Perfil dos turistas Ludmila se encaixa na faixa etária dos turistas que visitam a capital baiana no período do verão, segundo Leonardo Berlim. “Aqui no nosso hotel, por exemplo, a presença mais forte é do público entre 25 e 35 anos, que buscam, além das praias e cultura, as festas típicas do período”, conta.

E é justamente esse o interesse de Ludmila: encontrar amigos, conhecer praias e aproveitar a programação das festas locais.

De acordo com o gerente geral do The Hotel, o comportamento entre os visitantes pouco varia."Os turistas, durante o dia, curtem as praias, programações culturais, museus e pontos turísticos. À noite, a recepção fica lotada de gente interessada nas baladas, e isso a gente tem muito neste período”, explica.Programe-se Além da ocupação alta nos feriados prolongados e festas de fim de ano, o The Hotel também já tem muitos foliões confirmados para o período de Carnaval. Na festa momesca, só restam quartos disponíveis para a sexta e o sábado.

A dica do presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação é não deixar para a última hora.

“Se as pessoas resolverem fazer a reserva com antecedência, vão encontrar os preços acessíveis, porque tudo varia de acordo com a lei da oferta e da procura. É necessário se programar para economizar. E o que se observa na cidade é que os preços estão bem acessíveis, porque, muito em razão da crise, não tivemos aumento de preços”, destaca Sílvio Pessoa. Para o Carnaval, só restam quartos disponíveis em dois dias no The Hotel, da Barra (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Cenário estadual Os municípios e localidades baianos estão aproveitando o feriado prolongado e preparando atrações para atrair cada vez mais turistas. Esse é o caso de Cairu, no Sul do estado, que tem previsão de 100% de ocupação para os hotéis da região, principalmente em Morro de São Paulo, ilha do arquipélago de Tinharé. 

Outro município que deve ficar lotado é Itacaré. De acordo com o secretário municipal de Turismo Júlio Oliveira, a expectativa é de 100% dos quartos ocupados para este feriado. Situação semelhante é encontrada em Porto Seguro, também no Sul baiano, onde, segundo Wilson Spagnol, representante da ABIH na região, a taxa média vai ser de 92%.

Além dos altos números registrados nos mais de 400 hotéis de Salvador, os empreendimentos da linha turísticas localizados entre Stella Maris e o Pelourinho também já estão todos com lotação máxima. 

Já na Praia do Forte, na Linha Verde, a taxa de ocupação hoteleira para o feriadão de 15 de novembro é de 93%, de acordo com a Associação Comercial e Turística da Praia do Forte (Turisforte). Em Lençóis, a expectativa é que o índice seja de 90%, segundo Anselmo Macedo, presidente do Conselho Municipal de Turismo.

O secretário do Turismo da Bahia, José Alves, afirmou que a crescente demanda registrada este ano gera confiança. "O setor está preparado para bem receber o turista e confiante na ampliação do número de visitantes durante a alta temporada", afirma.

E os guias? Se o turismo voltou a crescer em Salvador e na Bahia, é natural que os guias lucrem mais. De acordo o Sindicato dos Guias de Turismo da Bahia, essa é a forma lógica de pensar, mas, na prática, as coisas não funcionam assim. A entidade destaca que o guia é uma profissão que deve ser regulamentada e que o exercício ilegal causa grandes prejuízos.

O sindicato faz parte da Federação Nacional dos Guias de Turismo (Fenagtur), que é presidida pelo guia de turismo Henrique Dantas e vem lutando também contra o exercício ilegal da profissão, além de contar com a ajuda do Ministério do Turismo. 

Atualmente, a Bahia conta com cerca de 700 guias de turismo devidamente regulamentados, sendo apenas 300 em Salvador. No entanto, como apontou a entidade, metade dos profissionais no estado está desempregada ou exerce outra atividade.

No entanto, mesmo com o cenário da ilegalidade, a aposta do sindicato é que os números cresçam na alta estação, até após o Carnaval, acompanhando a recuperação do setor turístico tanto na capital quanto no estado.

* Sob supervisão da subeditora Fernanda Varela.