Idosa morre após ser atropelada por ônibus e família pede justiça

Empresa afirma que senhora de 72 anos se chocou com lateral do veículo

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  • Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2022 às 06:00

. Crédito: Acervo Pessoal

Filhas de uma idosa de 72 anos que morreu após ter sido atropelada por um ônibus coletivo da empresa Ótima pedem justiça pela morte da mãe. A mulher, identificada como Elza Maria dos Anjos Santos, faleceu na sexta-feira (1°), após, segundo boletim de ocorrência registrado pelo motorista na Polícia Civil (PC), ter tentado atravessar a Estrada do Mandu, no bairro de São Marcos, em Salvador. 

A PC informou que a ocorrência foi registrada na 10ª DT/Pau da Lima, que apura o ocorrido. De acordo com o registro, a vítima atravessava a pista e quando avistou o ônibus tentou recuar, mas caiu, momento em que foi atropelada. A idosa foi socorrida para o Hospital Geral do Estado, mas morreu cinco horas depois. A polícia expediu guia para perícia no veículo.

A indignação da família começa no atropelamento e nas versões da história, segundo eles, contraditórias do motorista, que primeiro disse à Transalvador que a vítima havia somente se chocado com a lateral do ônibus, mas na delegacia informou que ela ia atravessar a rua e o coletivo passou em cima da perna esquerda dela. 

“Minha mãe teve todos os ossos da bacia fraturados, ela morreu de hemorragia aguda e ainda teve que fazer uma cirurgia aberta porque também teve o fígado afetado. Ou seja, ele não passou por cima da perna dela, da perna esquerda, como ele disse na delegacia, o atropelamento foi muito mais violento do que o que ele declarou”, disse Patrícia Anjos, filha da vítima. 

Patrícia explicou que o motorista permaneceu no local após o acidente esperando pela assistência jurídica da empresa. “Enquanto minha mãe estava sendo socorrida, o carro da Samu sequer tinha saído do local, ele já estava registrando um BO com a Transalvador”, alegou a filha de Elza Maria. 

“A empresa foi lá e tentou se cobrir, livrar a cara do motorista, essa é a verdade, e pronto. Eles falaram que iriam lá no hospital para conversar com a gente, mas não foram, não ligaram, não entraram em contato com ninguém, não procuraram nem saber o que tinha acontecido. Eles simplesmente estão quietos, não se pronunciaram em momento algum. E assim, a gente tem esse sentimento que parece que vai ficar só como mais um acidente, mas minha mãe morreu”, contou Patrícia.  Elza Maria, 72 anos, vítima do atropelamento (Foto: Acervo Pessoal) Segundo ela, que foi ao local depois do acidente conversar com as pessoas que presenciaram o ocorrido, dois comerciantes disseram que a responsabilidade do atropelamento foi do motorista, por imprudência no trânsito. “Ali tem um sinal que estava fechado, então como era uma um retorno, ele aproveitou que o sinal estava fechado para entrar e passar para a próxima via. Segundo o depoimento dessas duas pessoas, que têm barracas em frente ao local, foi que ele entrou com muita velocidade na curva e não se preocupou com os pedestres”, detalhou a mulher. “Pra gente isso é muito revoltante. Foi uma coisa que ficou anonimato e nosso desejo é externar isso, de tornar isso público, da empresa ver que que não é simplesmente chegar no trânsito, matar e no dia seguinte colocar o cara pra trabalhar de novo”.

Patrícia também questiona o fato de não poder registrar um novo boletim de ocorrência, porque o motorista já o fez. A Polícia explicou que “o registro do boletim informa que existe uma ocorrência. A ocorrência, portanto, é uma só, motivo pelo qual há apenas um registro dela. O fato de uma das partes envolvidas tê-la registrado não faz com que aquela versão tenha mais ou menos peso durante a investigação dos fatos. Todas as devidas medidas de polícia judiciária estão sendo realizadas para a apuração do caso”. 

Segundo a Ótima não houve atropelamento. “A senhora se chocou com a lateral do ônibus que estava a 12 km por hora. Ela foi atendida pelo Samu e regulada. Até então a empresa deu assistência possível”, defendeu a empresa por meio de nota.

Quando perguntada sobre as duas versões da histórias contadas pelo motorista, a empresa preferiu não se pronunciar, afirmando que “como o assunto já está na esfera policial, não cabe o debate na esfera jornalística. Estamos à disposição das autoridades e da família para os devidos esclarecimentos”. 

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela