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Diretor do Hospital Regional Costa do Cacau nega que unidade seja foco da doença
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2020 às 05:25
- Atualizado há um ano
O Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC), em Ilhéus, no Sul da Bahia, tem 57 profissionais infectados pelo novo coronavírus (covid-19), de acordo com o diretor assistencial da unidade, Almir Gonçalves. Até o momento, foram realizados 484 testes em integrantes do corpo clínico do hospital, que tem, em média, mil colaboradores. Ou seja, cerca de 5.7% dos profissionais estão com a doença.
O município de Ilhéus tem a maior incidência de infectados pela doença por milhão de habitantes no estado, de acordo com boletim publicado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) nesta sexta-feira (24). Até as 17h de hoje, a cidade possuía 134 casos confirmados do coronavírus, aponta o documento. Três pacientes morreram em decorrência da doença em Ilhéus.
Em entrevista concedida na manhã desta sexta (24) ao programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM 105.9, o diretor do hospital público afirmou que apenas profissionais que também atuam em outras unidades de saúde foram infectados. Por isso, ele descarta que o local seja um foco da doença. “O mais relevante foi que os funcionários exclusivos do Costa do Cacau deram negativo para o vírus. Os dados nos mostram que, além do hospital ter uma taxa baixa de positivados, os nosso colaboradores exclusivos que estão todos os dias no hospital não têm a doença. Por esse motivo, a gente exclui a possibilidade do hospital ser um foco”, afirmou Gonçalves.
Ainda de acordo com o diretor, grande parte dos profissionais tem se infectado durante a retirada dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). “Esse vírus sobrevive até 5 dias fora do organismo, em superfícies e nas roupas. Pelo cotidiano do trabalho, precisamos retirar e colocar os EPIs algumas vezes durante o dia, o que aumenta as chances de contaminar devido à exposição repetida”, ressaltou o diretor da unidade durante a entrevista.
De acordo com informações fornecidas pela direção do Hospital Regional Costa do Cacau, cerca de 800 funcionários serão testados para diagnóstico da Covid-19. Para o diretor da unidade, a estratégia permite descobrir quantas pessoas estão infectadas e afastá-las das atividades laborais. O objetivo é achatar a curva de contágio pela Covid-19 na cidade.
O secretário de Saúde do município, Geraldo Magela, ressaltou que a testagem em massa garante a segurança no retorno ao trabalho e no atendimento prestado à população. “Esses colaboradores representam uma força de trabalho fundamental no combate ao vírus, porém estão diretamente envolvidos e mais expostos à infecção. Precisamos garantir que eles estejam bem e que não apresentam riscos para a saúde de outras pessoas", disse Magela.
Ao CORREIO, o secretário afirmou que o número de casos da doença em Ilhéus está dentro do esperado. “A situação está relativamente sob controle, houve o pico de contaminação no hospital. A ideia agora é descontaminar e ampliar o número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Um dia tivemos problema de UTIs cheias, mas agora temos uma folga”, informou.
A cidade possui 11 leitos de UTI SUS específicos para Covid-19 no Hospital de Ilhéus, além de outros nove que estarão disponíveis nesta unidade, bem como no Hospital Regional Costa do Cacau.
Ainda de acordo com Magela, cerca de 70% dos infectados da cidade tem ligação com funcionários da área de saúde. O secretário ressalta ainda que estes trabalhadores, geralmente, atuam em mais de um hospital, inclusive na vizinha Itabuna, que possui 104 casos confirmados do coronavírus. “Com esse cenário [de trabalho em várias unidades de saúde] o vírus circula”, ressaltou o gestor.
Para conter a disseminação do vírus, a prefeitura de Ilhéus vai decretar novas medidas de prevenção para doença, de acordo com o secretário de saúde. Uma delas vai determinar um toque de recolher na cidade a partir das 21h. “O prefeito ficou de baixar um decreto hoje ou amanhã fechando os estabelecimentos da cidade a partir das 21h, com exceção das farmácias. Há a necessidade de restringir ainda mais as medidas. Também vai haver o fechamento de ruas e a reordenação das feiras livres”, antecipou o secretário.
*Com orientação da subeditora Tharsila Prates