Imagens de esperança: projeto ‘150 fotos pela Bahia’ arrecada R$ 273 mil para doações

Campanha de fotógrafos baianos vai ajudar quase 5.500 pessoas com cestas básicas, álcool gel e máscaras

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  • Daniela Leone

Publicado em 19 de julho de 2020 às 21:00

- Atualizado há um ano

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Distribuição de cestas básicas na comunidade de Vila Vitória, em Salvador por Foto: Paulo Coqueiro/Divulgação

Site do projeto 150 fotos pela Bahia (Foto: Reprodução) O talento de 150 fotógrafos baianos está ajudando a amenizar as dificuldades de famílias de 20 instituições e comunidades da Bahia afetadas pela pandemia do novo coronavírus, a exemplo do Quabales, no Nordeste de Amaralina, e do Acervo da Laje, em Plataforma. A campanha '150 fotos pela Bahia' arrecadou R$ 273 mil com a venda de 1.741 fotografias entre 15 de junho e 5 de julho.

O valor foi revertido em 33 toneladas de mantimentos, organizados em 1.305 cestas básicas para quase 5.500 pessoas, além de álcool gel e 14.500 máscaras. A distribuição foi iniciada no dia 4 de julho e será finalizada no próximo dia 26.

A campanha reuniu imagens cedidas por 150 fotógrafos. Cada uma delas foi vendida através da internet por R$ 150.

O projeto foi realizado pela NMNC Produção Artística, em parceria com a Fundação Pierre Verger e o Estúdio Lukas Cravo e teve o apoio de instituições culturais e educacionais da Bahia. A ideia foi inspirada em iniciativas similares promovidas por fotógrafos de outras capitais brasileiras e países europeus.

“Essa foi uma campanha totalmente independente. Nenhum dos participantes recebeu nenhum valor por isso. Nem mesmo a Fundação Pierre Verger recebeu taxa de administração para fazer um trabalho de parceria tão importante", afirmou o coordenador da campanha, Paulo Coqueiro.

Ainda segundo ele, a iniciativa "levanta questões importantes no que diz respeito às próximas mobilizações coletivas daqui para frente". "A gente fica sem entender como esse resultado nos surpreendeu tanto, esse fenômeno que misturou ação social e cultura”, explicou.

Ainda de acordo com Coqueiro, "é incrível e difícil de entender como 150 fotógrafos tão distintos, longe, sem nenhum encontro presencial, conseguiram um resultado tão mobilizador e poderoso".

"Essa campanha foi uma das mobilizações mais bacanas que eu pude participar, uma ação política, a favor da expressão da fotografia baiana em prol de uma população vulnerável, que também lança pistas a favor de novas possibilidade de convergências e ação”, acrescentou ele.

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As contribuições da editora de fotografia do CORREIO, Sora Maia, e da repórter fotográfica Marina Silva, estavam entre as 150 fotos. O registro assinado por Sora foi feito em um fim de tarde, na orla do bairro de Amaralina, em Salvador.

“Eu acho que foi uma campanha super importante para a fotografia e para a cidadania também. Foi impressionante o que a gente movimentou em arrecadação e finalização. Eu, como pessoa participante, estou me sentindo muito honrada e feliz com o resultado. Foi um grande apanhado para a fotografia por mostrar 150 fotógrafos com trabalhos tão legais”, afirmou.

Já Marina Silva cedeu uma imagem capturada na cidade histórica de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. A fotografia mostra uma baiana vestida de branco na janela de um casarão de fachada vermelha.

“Fiquei muito feliz em participar. Ser lembrada e convidada a participar de uma campanha como essa é um reconhecimento do nosso trabalho diário. O resultado foi muito além do que todos nós esperávamos e demonstra a força da fotografia baiana, de uma ação cultural em prol do social de grande alcance”, festejou Marina.

No mundo A maioria das fotografias foi adquirida por compradores da Bahia (1.021), mas muitas imagens também foram compradas por apreciadores de arte de outros estados, a exemplo de Rio de Janeiro (227) e São Paulo (142), e de outros países: França (168), Estados Unidos (16), Itália (16), Portugal (4), Bélgica (4) e Dinamarca (3).

Houve duas compras de coleção inteira. Uma delas foi feita por uma intuição chamada Samba Résille, sediada em Toulouse, na França, que tem como principal objetivo a divulgação e ensino da música brasileira.

“É muito importante você ter uma instituição que compra um conjunto desse de imagens. Não é uma foto, é uma amostra da fotografia baiana contemporânea. É bem bacana isso. Todo trabalho que vai para fora é maravilhoso”, pontuou Sora Maia. A outra foi adquirida por um colecionador que não autorizou a divulgação do nome.