Imprudências causam 73% dos acidentes de trânsito nas estradas baianas

Uso de celular e alta velocidade são as principais motivações

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  • Eduardo Dias

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 17:52

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Nas rodovias baianas, pressa, cansaço e frustração, aliados à falta de atenção no volante, são as principais causas responsáveis por acidentes de trânsito registrado este ano. Entre as principais motivações estão o uso do celular ao volante e o excesso de velocidade.

O estudo, realizado pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), compara o período de 1º de janeiro e 31 de agosto de 2018 ao mesmo período em 2019, e mostra que, este ano, as imprudências são responsáveis por causar 73% dos acidentes nas rodovias baianas.

Pensando numa forma de combater esses acidentes, a Seinfra promoveu na manhã desta sexta-feira (27), junto com a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o IV Workshop de Segurança Viária. O encontro, que teve como tema “O Sentido é a Vida: Gestão de Segurança Viária para Resultados”, discutiu as ações de segurança nas rodovias estaduais. O evento foi realizado no auditório da secretaria, no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador.

De acordo com o levantamento da Seinfra, o número de acidentes subiu de 3.354 para 3.450 em 2019 - ou seja, 2,7% a mais, se comparado ao ano anterior. Já os que registraram vítimas fatais, atingiram 261, um aumento de 8,8% em relação ao mesmo período no ano passado, quando foram contabilizadas 238 mortes. Os acidentes com feridos passaram de 1.704 para 1.827 - o que representa um aumento de 6,7%.

Segundo a coordenadora de segurança viária da Seinfra, Mag Gramacho, a rodovia com maior índice de acidentes na Bahia, com base no Sistema de Acidente e Estatística de Trânsito (ACT), é a BA-099, que liga a cidade de Lauro de Freitas às praias do Litoral Norte do estado, terminando na divisa da Bahia com Sergipe. No entanto, a rodovia não entrou totalmente no radar do levantamento por ter uma parte concedida para a iniciativa privada.

Em seguida, aparecem a BA-001, que percorre o litoral do estado, ao sul da capital, e a BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, que liga Xique-Xique a Feira de Santana, passando por Irecê e Morro do Chapéu, com os maiores números de acidentes.

Nos trechos, os acidentes são atribuídos em sua maioria à falta de sinalização nas estradas, imprudência por parte dos condutores e excesso de velocidade.

“Esses números são alimentados pela Polícia Rodoviária Estadual no nosso sistema. Nos últimos três anos, nós temos reduzido o número de acidentes, ainda de uma forma tímida. Até o final do ano, faremos um novo levantamento para comparar esses dados com todo o ano passado. A maioria desses acidentes, mais de 70% deles, é por questões comportamentais dos condutores”, explicou. Foto: Eduardo Dias/CORREIO Cidades com mais acidentes As cidades de Irecê, Guanambi e Jacobina figuram entre as com maior número de acidentes com morte, segundo o levantamento mais recente da Organização Mundial de Saúde, feito em 2015. Já as três que menos registraram vpitimas fatais no volante foram Santa Luz, Riacho de Santana e São Desidério.

Para Alexandre Garrido, engenheiro e consultor da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a maioria dos acidentes causados pelo fator humano são previsíveis e evitáveis. Segundo ele, na maioria dos casos, os acidentes estão ligados a motoristas de veículos pesados e transportes de cargas.

“Esses acidentes são causados por uma série de comportamentos e o principal deles é a fadiga, ou seja, o cansaço, que se mistura um pouco com a complacência, quando o indivíduo acha que pode fazer tudo, como uma ultrapassagem arriscada, e não percebe qual o seu limite”, explicou.  

Já o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) da Bahia, Antônio Meira, aponta o que gera esse tipo de acidente. "Eles podem ocorrer por fator de saúde do condutor ou também por ações comportamentais, como o uso do celular. No caso clínico, muitos acidentes acontecem por fadiga, sono, mal súbito, que pode ser provocado por doenças como problemas cardíacos, epilepsia, diabetes", explica.

Ele diz ainda que o uso de álcool e drogas traz grande risco para os motoristas. "São substâncias que provocam alteração nos reflexos, visão tubular, alteração na percepção do risco. Além disso, aumenta o tempo de reação da pessoa, o cérebro manda o comando e o corpo demora de reagir. Com isso, as pessoas passam em siais fechados, não conseguem frear a tempo caso veja um pedestre, entre outros", completa.

Recentemente, um levantamento apresentado no Painel da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que a Bahia é o 3º estado que mais mata nas estradas brasileiras. Só no ano passado, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 456 óbitos nas estradas de  todo o estado, atrás apenas de Minas Gerais e Paraná.  Apesar de ainda muito alto, o número de mortes nas estradas federais baianas no ano passado  é o menor em 11 anos.  Em   2007, foram 633  mortes. O pico, foi registrado em 2012 (849 mortes).

Ainda segundo o Relatório Global Sobre o Estado de Segurança Viária 2015, da OMS,  o índice de mortes em todo o Brasil era de 39.333 óbitos por acidentes. Destes, a cada quatro mortes, três tinham homens como vítimas. Neste mesmo levantamento, o número de óbitos na Bahia era de 2.390.

Hoje no mundo, 3,4 mil pessoas morrem diariamente em acidentes de trânsito.

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro