Índia nega envio imediato de vacinas; Governo Federal recorre ao Butantan

Sem as 2 milhões de doses indianas, Ministério pede 6 milhões de doses da Coronavac

Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 18:43

- Atualizado há um ano

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O governo da Índia negou o envio imediato das 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzida em território indiano que seriam enviadas para o Brasil. A informação é da Folha de S.Paulo. Com isso, o Governo Federal fica sem as 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca que seriam usadas no primeiro momento da campanha nacional de vacinação, que está marcada para o próximo dia 20.

Em entrevista ao apresentador José Luis Datana, na Rede Bandeirantes, o presidente Jair Bolsonaro admitiu o atraso, mas minimizou o prazo e disse que em, no máximo, três dias o avião brasileiro seguirá para a Índia. A aeronave estava prevista para sair do Brasil na noite desta sexta (15.)

"Hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia, um país de 1,3 bilhão de habitantes. Então resolveu-se aí, não foi decisão nossa, atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá, porque lá também tem pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí, no meu entender, daqui dois, três dias no máximo nosso avião vai partir e vai trazer essas 2 milhões de vacinas para cá"​, disse o presidente.

Para manter o calendário previsto, que com a vacinação a partir do dia 20, o Ministério da Saúde enviou, nesta sexta (15), ofício ao Butantan solicitando seis milhões de doses da Coronavac, com entrega imediata. A nota do Ministério ao instituto paulista pede a disponibilização das doses "para iniciar a logísca de distribuição para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitava, conforme cronograma previsto no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a Covid-19, tão logo seja concedido a autorização pela agência reguladora, cuja decisão está prevista para domingo".

Envio das doses da Índia segue sem data definida

Segundo a Folha, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligou para o chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, na noite desta quinta (14) e fez um apelo pela liberação das 2 milhões de doses da vacinas produzidas pelo Serum Institute. O lote é considerado um adiantamento da vacina, que posteriormente será produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Segundo a reportagem, não houve compromisso com uma data específica por parte dos indianos.

Na quinta-feira (14), jornais indianos já haviam publicado reportagens onde consideravam que o Governo Federal brasileiro havia se precipitado. Integrantes do alto escalão indiano consideraram que ainda era "muito cedo" para a exportação de doses da vacina. 

A Índia ainda não começou o seu programa de vacinação. Dirigentes do país asiático afirmaram que a Índia mantém o compromisso de ajudar países estrangeiros, incluindo o Brasil, mas que a decisão sobre a exportação de doses da vacina deve demorar mais tempo, porque não tem um prazo definido.

O  porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava. "O processo de vacinação na Índia está apenas começando. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre destinação para outras países enquanto ainda estamos analisando os cronogramas de produção e entrega. Nós tomaremos decisões a esse respeito no devido tempo, isso pode demorar", disse o porta-voz.

Ainda assim, o Governo Federal do Brasil confirmou a operação de importação. Um avião da Azul foi fretado pelo Ministério da Saúde para buscar as 2 milhões de doses. A partida do avião foi adiada nesta quinta, 14, e o plano é que ele deixe o Brasil nesta sexta-feira (15), as 23h, de onde deve seguir para Mumbai, segundo nota divulgada pelo Ministério da Saúde. O Governo brasileiro ainda não comentou a reportagem indiana.