Indigenista da Funai e jornalista inglês estão desaparecidos no Vale do Jacari, na Amazônia

Bruno Araújo é alvo de constantes ameaças em função do trabalho que tem feito junto aos indígenas contra invasores na região

Publicado em 6 de junho de 2022 às 12:17

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Divulgação/Funai

O indigenista da Fundação Nacional do índio (Funai), Bruno Araújo, e o jornalista de nacionalidade inglesa - correspondente do The Guardian - Dom Phillips estão desaparecidos há mais de 24h no Vale do Javari, na Amazônia. Phillips reside em Salvador. No Twitter, sua última publicação foi feita no dia 31 de maio.  O jornalista Dom Phillips reside em Salvador (Foto: Reprodução) O desaparecimento da dupla foi comunicado por documento divulgado pela Coordenação da Organização Indígena Unijava, em nome dos povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá e o Opi – Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. A dupla fazia o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. Eles visitavam a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu. Dom Phillips foi ao local para realizar entrevistas. 

De acordo com o documento, os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) no dia 03 de junho de 2022 às 19:25h. No dia 05/06 os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte. Antes, no entanto, pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”, com o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetada pelas intensas invasões.

Pelo que consta nas informações trocadas via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 06:00h, onde conversaram com a esposa do “Churrasco” e depois seguiram rumo a Atalaia do Norte, local onde deveriam ter chegado por volta de 08h/09h da manhã desta segunda-feira (6). 

Equipes da Unijava, formada por indígenas extremamente conhecedores da região, realizaram buscas na área, saindo de Atalaia do Norte. Outra equipe saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado.

“Ressalte-se que Bruno Pereira é pessoa experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos. Os dois desaparecidos viajavam com uma embarcação nova, 40 HP, 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem e 07 tambores vazios de combustível”, diz o documento. 

O grupo reforça que na semana do desaparecimento a equipe havia recebido ameaça. “A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da UNIVAJA, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”, destaca. Bruno Araújo era alvo de constantes ameaças em função do trabalho que vinha fazendo junto aos indígenas contra invasores na região. 

De acordo com O Globo, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Exército já foram acionados para realizar buscas.