Inema testará barreiras de contenção em nove estuários baianos

Ibama não tem certeza sobre eficácia. Inema também solicitou exame de toxicidade da água

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  • Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2019 às 05:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

O Instito do Meio Ambiente (Ibama) já informou que as barreiras de contenção podem não ter grande eficácia na retenção dos resíduos de óleo, mas o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) quer analisar a viabilidade de utilizar os equipamentos em, pelo menos, nove estuários do Litoral Norte da Bahia. Serão visitados os estuários dos seguintes rios: Itapicuru, Real, Inhambupe, Jacuípe, Sauípe, Subaúma, Pojuca, Itariri e Imbassaí.

Nesta segunda-feira (28), ambos os órgãos, junto com a Marinha, a Petrobras e a organização internacional ITOPF - empresa especializada em derramamento de óleo que presta serviço para o Governo Federal, começaram as visitas técnicas para saber quais procedimentos podem ser utilizados nos estuários e mangues do Litoral Norte. As análises dos locais devem se encerrar nesta quarta (30). A equipe faz uma varredura do combate ao petróleo cru na região entre Salvador até a divisa com Sergipe.

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Para o diretor de Águas do Inema, Eduardo Topázio, é necessário utilizar o critério da precaução e tomar novas medidas para conter o avanço dos resíduos, em especial, nas áreas de mangue e nos estuários. “Entendemos que cada caso é um caso e convencemos [em reunião na última semana] os órgãos a irem ao local para avalizar os casos”, afirmou.

Cuidado com os mangues O superintendente do Ibama, Rodrigo Alves, disse que a vistoria vai analisar quais medidas podem ser tomadas para além da limpeza dos mangues. “Se tivermos conclusão do que pode ser feito, as medidas podem ser adotadas em outras localidades”, apontou. Ele ressaltou ainda que esta é apenas a primeira das visitas.

Topázio deseja que seja apontada uma alternativa para conter o óleo nos estuários da Bahia. Segundo ele, o órgão tenta evitar que as manchas cheguem nos mangues, áreas de limpeza mais difícil que as praias.

Sobre a possibilidade apontada pelo Ibama de que as barreiras podem causar um efeito inverso e acabar impedindo a depuração natural dos mangues, Topázio garantiu que a afirmativa não está correta. “Mesmo que o óleo esteja dentro, ele deve parar na barreira ao voltar e assim é possível puxar o material para um local mais seguro”, pontuou.

Tóxicos no mar Ainda sob uma névoa de mistério quanto às características do material já dito como tóxico pelos cientistas, o Inema encomendou ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Ceped) um estudo para identificar a presença dos temidos hidrocarbonetos na água do mar. O prazo para os resultados não foi informado.

De certo, o que se sabe é que rios e praias destinados ao lazer humano são considerados impróprios para banho sempre que for identificada a presença de óleos, graxas e outras substâncias capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação. Pelo menos é isso o que determina a resolução nº 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

De acordo com Eduardo Topázio, a resolução é uma questão interpretativa. “Não vamos fazer terrorismo com a população. As praias estão limpas e depois de limpas não há risco em frequentar”, declarou. O Inema emitiu um comunicado desaconselhando o contato com a água do mar de praias em que há presença do óleo.

Ainda conforme o documento, os trechos de praias e balneários serão interditados se os órgãos de controle ambiental constatarem que a má qualidade das águas justifica esta medida. São passíveis de interdição os trechos em que ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como derramamento de óleo e extravasamento de esgoto.

Líder do grupo Guardiões do Litoral em Itapuã, Juvenal Lacerda informou que, dentre as 17 praias monitoradas por eles, pouco registro de óleo foi identificado em Salvador neste início de semana. Procurada a Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb) manteve em 108 toneladas a quantidade de óleo removida na capital baiana e não registrou novidades na cidade.

Pescados De acordo com a Bahia Pesca, técnicos do órgão estão coletando peixes e mariscos para análise laboratorial. Um relatório será enviado à Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental do Estado da Bahia, que determinará se esse pescado é próprio para consumo ou se está contaminado.

As análises serão feitas no Laboratório de Estudo do Petróleo (Lepetro), da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Conforme o órgão, serão coletados quase 200 peixes e mariscos em seis regiões do estado: Jandaíra (em rio Real), Conde (no rio Itapicuru), Entre Rios (rio Subaúma e rio Sauípe), Camaçari (rio Jacuípe), Lauro de Freitas (rio Joanes), Itapuã (no mar) e Santiago do Iguape (área de controle, não atingida pelo óleo). O prazo de conclusão do relatório é de 15 dias úteis.

Reforço Em reunião nesta segunda, a Marinha do Brasil e o Governo do Estado decidiram estreitar as relações para combater as manchas de petróleo nas praias da Bahia. Com isso, foi formado neste final de semana o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA-Bahia) composto por Marinha, Ibama, Agência Nacional de Petróleo (ANP). 

Conforme o vice-almirante do 2º Distrito Naval, os representantes do governo estadual participarão do centro de controle da Marinha, o que não invalidaria o Comando Unificado já estabelecido. Sem destrinchar as ações, o comando informou que serão feitas atividades complementares que facilitarão a interlocução do estado com o Governo Federal.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro