Inflação de dezembro em Salvador e RMS é a segunda menor do país

IPCA ficou em 0,92% no último mês de 2020; IBGE realiza pesquisa em 16 regiões

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  • Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 17:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em dezembro, a inflação em Salvador e Região Metropolitana (RMS) foi a segunda menor dentre as 16 áreas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A região fechou o mês com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,92%, encerrando a trajetória ascendente do indicador que se iniciou em setembro.

O IPCA na capital baiana ficou abaixo do registrado no país como um todo (1,35%) e só foi maior que o índice para o município de Aracaju, em Sergipe, que fechou dezembro com uma inflação de 0,91%.

De acordo com o IBGE, o resultado para dezembro foi inferior ao registrado em novembro (1,17%) na capital baiana. O índice também ficou abaixo do calculado para o mês de dezembro de 2019 (1,26%) para a região.

O resultado do IPCA de dezembro na RMS foi consequência dos aumentos nos preços médios de oito dos nove grupos de produtos e serviços que formam o índice. Habitação (3,32%) e transportes (1,79%) tiveram as maiores altas e foram os que mais puxaram para cima a prévia da inflação do mês na região.

Entre os gastos com moradia, a principal influência veio da energia elétrica residencial, que registrou aumento de 10,88%, puxada pela volta da bandeira vermelha patamar 2 após dez meses consecutivos de bandeira verde, sem a cobrança adicional na conta.

Já o crescimento dos transportes ocorreu, especialmente, pela alta de 4,89% no transporte público, puxada pelo valor da passagem aérea (35,76%), que foi o item com o maior aumento entre os produtos e serviços que compõem o IPCA. Também contribuíram os aumentos nos valores do veículo próprio (0,88%), e dos combustíveis (1,18%), especialmente a gasolina (1,12%).

Apresentando a quarta maior contribuição no índice, o grupo alimentação e bebidas teve o sétimo maior aumento na inflação de dezembro (0,25%) na RMS. No período, as maiores influências para o crescimento vieram da alimentação fora do domicílio, com elevação de 0,55%, com a alimentação no domicílio também apresentando leve alta de 0,13%.

O único grupo com queda em dezembro é a educação (-2,36%), puxada pela redução no valor dos cursos regulares (-3,31%), especialmente o ensino fundamental (-5,95%).

Inflação anual na RMS A Região Metropolitana de Salvador fechou o ano de 2020 com uma inflação de 4,31%, pouco abaixo da média nacional para o IPCA de 4,52%. O índice foi o maior para um ano na região desde 2016, que registrou uma inflação de 6,72%. No último ano, o IPCA da Região Metropolitana foi 11º maior dentre as 16 áreas investigadas. 

Com um aumento de 14,04% - o maior em 18 anos, quando o índice bateu 19,69%, os alimentos exerceram de longe a maior pressão inflacionária na Região Metropolitana de Salvador, informa o IBGE.

O IBGE aponta que a pressão dos alimentos consumidos em casa, com uma alta de 17,58%, foi maior do que a da alimentação fora do domicílio, que registrou crescimento de 5,29%. 

O aumento foi puxado pelas carnes (26,60%) - sobretudo a costela (35,75%) - e os cereais, leguminosas e oleaginosas (51,02%), especialmente o arroz (74,24%), que, de acordo com o IBGE, foi o segundo item com o maior aumento percentual e também o segundo que mais contribuiu para o aumento da inflação de 2020 na região.

O grupo dos alimentos também registrou o maior aumento percentual, com a alta anual de 103,97% do óleo de soja na região. Já a manga registrou redução de 28,09% e foi o item que apresentou a maior queda percentual em 2020.

O professor de Economia da Universidade Federal da Bahia e sócio da Arazul Research, Rodrigo Oliveira, explica a alta nos itens: “a pandemia afetou a produção de alimentos e mudou o comportamento dos consumidores, que passaram a comprar mais alimentos e ficar mais em casa. A alta do dólar pressionou o preço dos alimentos para cima. Como consequência disso, esse conjunto de bens sofreu muito mais que outros”. Oliveira aponta ainda que a alta da moeda estadunidense encareceu a importação de máquinas e insumos agrícolas.

A consequência do aumento da variação dos alimentos é um peso ainda maior no bolso da população mais pobre da RMS. “Os mais pobres gastam a renda com itens básicos, essa inflação dos alimentos mais alta pressiona os gastos das famílias com renda mais baixa. Se espera que esse choque dos alimentos seja passageiro, com a chegada da vacina e o processo de enfraquecimento do dólar. A tendência é que a inflação dos alimentos se normalize no 1º semestre de 2021”, afirma Oliveira.

Os custos com habitação (7,50%) tiveram o segundo maior aumento e a segunda maior contribuição para o IPCA do ano, na RMS. A maior influência foi da energia elétrica residencial: 16,58%. A eletricidade também foi o item de maior pressão inflacionária na região em 2020.

Em 2020, dois dos nove grupos de produtos e serviços que formam o IPCA tiveram deflação: vestuário (-8,25%) e educação (-0,49%). No primeiro, houve quedas tanto nas roupas femininas (-17,76%) quanto nas masculinas (-8,20%) e infantis (-8,63%). Entre as despesas com educação, as principais influências vieram dos cursos regulares (-1,11%), sobretudo do ensino fundamental (-2,73%) e da pré-escola (-7,89%). 

Apesar do grupo transportes ter fechado o ano em alta de 0,25%, a gasolina (-3,22%) e o seguro voluntário de veículo (-20,47%) foram os itens que mais ajudaram a segurar a inflação na Região Metropolitana de Salvador.