Informação sobre corpos com coronavírus em funerária de BH é inverídica, diz PM

BO que relata chegada 73 corpos a uma funerária viralizou nas redes sociais; PM alerta que há informação improcedente

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  • Da Redação

Publicado em 23 de março de 2020 às 21:35

- Atualizado há um ano

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Autoridades investigam a veracidade da denúncia que consta em um boletim de ocorrência que se espalhou pela internet nesta segunda-feira (23) dizendo que a funerária Grupo Zelo, de Belo Horizonte, em Minas Gerais, teria recebido 73 cadáveres entre sexta-feira (20) e domingo (22), sendo que desses, 23 apresentavam sintomas de Covid-19. No documento - cuja veracidade de registro, mas não de texto, foi confirmada pela Polícia Militar (PM) - há o relato da "chegada de dezenas de corpos" em uma funerária do bairro Nova Gameleira, na capital mineira. A denúncia, inclusive, havia sido publicada aqui no CORREIO.

De acordo com o jornal Estado de Minas, pessoas ouvidas pela PM local disseram que os mortos teriam diagnóstico de problemas respiratórios, o que chamaria a atenção para a pandemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. No entanto, segundo a Polícia Militar, pelo menos uma das informações relatadas no boletim de ocorrência não é verdadeira. A Secretaria de Estado da Saúde afirma não ter o registro de óbitos em Minas Gerais até o momento.

Segundo o documento, o registro foi feito nesse domingo (22), pouco antes das 22h. Na denúncia anônima foi relatada a chegada de dezenas de corpos a uma funerária do bairro nas 48 horas anteriores, e que a maioria seria de pessoas diagnosticadas com sintomas da COVID-19. Além disso, os corpos estariam sendo analisados por estudantes de tanatologia. 

Os policiais foram até o endereço, sendo recebidos pelo gerente. Consta no boletim de ocorrência que ele relatou uma quantidade elevada de corpos no local, acima da rotina, e que a maioria das declarações de óbito listava problemas respiratórios, como "insuficiência respiratória aguda" e pneumonia. O homem teria também conferido os documentos, cujos números são citados na ocorrência.

Os corpos, segundo ele, teriam vindo de municípios da Grande BH, da Região Central e também da capital, um deles, segundo o homem, de um paciente que estava no Hospital da Polícia Militar. Os estudantes citados na denúncia teriam sido liberados. 

Na manhã desta segunda-feira (23), o major Flávio Santiago, porta voz da Polícia Militar de Minas Gerais, confirmou à imprensa que o boletim de ocorrência foi mesmo registrado por um policial, mas que ele não faz juízos de valor no texto. "Ele relata situações que são repassadas por um denunciante, e é claro e evidentemente que a Polícia Militar já tomou procedimentos, já encaminhou à polícia investigatória (Polícia Civil) para que isso seja melhor definido. Mas tem uma informação que já é extremamente importante: o caso relatado de uma pessoa falecida oriunda do Hospital Militar não é verídico", informou o militar ao jornal Estado de Minas.

"É importante que nós levemos essa informação a todos para não criar pânico desnecessário, inclusive com situações que estão em apuração", disse o major Santiago. "O mais importante é que essas informações estão sendo checadas, mas que já há o indício de informações inverídicas, como eu falei, e precisamos de muita cautela no repasse a essas informações", pontuou. 

A Polícia Civil informou que o governo de Minas deve se pronunciar sobre o caso. Segundo o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado no domingo (22), Minas Gerais não tem mortes pela COVID-19. 

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que a situação está sendo avaliada e acompanhada pelos órgãos competentes. “Vale ressaltar que não há, até o momento, nenhum caso confirmado de óbito por COVID-19 no estado de Minas Gerais. Tão logo as informações sejam apuradas adequadamente daremos os devidos esclarecimentos”, finalizou.

Por meio de nota, nesta segunda-feira (23), a funerária Grupo Zelo informou ao Estado de Minas que "em relação ao Boletim de Ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais, de que o Grupo Zelo estaria recebendo um volume alto de óbitos em sua unidade Gameleira, podemos afirmar que todos os atendimentos estão dentro da normalidade." Entretanto, afirma que  o número de atendimentos teve um aumento nos últimos dias, "mas nada que possa ser considerado significativo, estando dentro da regularidade para essa época do ano."

A funerária ainda diz que não é responsável pela emissão de atestados de óbitos, portanto está impossibilitado de atestar a causa das mortes dos atendimentos realizados.  "Até o momento, o Grupo Zelo não recebeu comunicação de nenhum caso de covid-19 confirmado por parte dos hospitais", informou.