Iniciação científica no ensino médio premia jovens de Salvador em competições internacionais  

Através dos projetos de pesquisa, alunos desenvolvem competências e trocam experiências com estudantes de todo o mundo  

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  • Do Estúdio

Publicado em 30 de junho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Gilberto Jr/Coperperphoto_SistemaFIEB

A prática de atividades de pesquisa na rotina dos alunos de ensino médio é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de novas competências, além de uma forma dinâmica de reforçar o interesse dos estudantes em seu projeto de vida e carreira. Ainda pouco explorada na maior parte das instituições de ensino fora do nível superior, no Brasil, a iniciação científica foi o grande aliado de Marcos Felipe Pereira, que estudou no SESI entre o primeiro e o terceiro ano.

Interessado na área de química desde cedo, Marcos buscou, ainda no ensino fundamental, escolas que oferecessem atividades para desenvolver competências para ajudar no seu plano de se tornar um engenheiro químico.“Eu via o SESI como uma oportunidade de um acesso mais rápido ao ensino técnico, mas quando descobri que poderia fazer parte de um grupo de pesquisa, não pensei duas vezes, pois sabia que seria uma experiência importante para o meu futuro”__Marcos Felipe Pereira, ex-aluno do SESI Bahia De acordo com o professor coordenador da Iniciação Científica do SESI Bahia, Fernando Moutinho, por ter um DNA voltado para os conceitos de inovação, empreendedorismo e sustentabilidade, o SESI buscou incorporar a iniciação científica já a partir do primeiro ano do ensino médio como forma de ampliar os horizontes dos estudantes.“Desde 2011, temos investido na iniciação científica, estimulando os jovens a identificarem problemas do dia a dia, e desenvolverem soluções criativas e inovadoras. Eles optam pela área de conhecimento que tem maior afinidade, e os orientamos em seu projeto de pesquisa”_ Fernando Moutinho, professor coordenador da Iniciação Científica do SESI BahiaNo caso do estudante Gabriel Negrão, que se juntou ao grupo de pesquisa do SESI enquanto cursava o segundo ano do ensino médio, a proposta de poder levar o conhecimento teórico além da sala de aula e poder criar soluções para problemas reais foi o diferencial da iniciação científica. “Eu sempre fui apaixonado pela área de exatas, estudava por interesse próprio, porém entendo que para a maior parte das pessoas esse tipo de conhecimento fica confinado à sala de aula. No grupo de pesquisa, aprendemos a identificar um problema real do dia a dia e utilizar a nossa bagagem acadêmica para solucionar essa situação. Isso me abriu os horizontes”, relata.

Segundo Fernando, o processo é voltado ao protagonismo do estudante. Após o ingresso na iniciação científica, os estudantes são orientados a optar por uma área de conhecimento entre ciências da natureza, humanas, linguagens e exatas. A construção do projeto, a pesquisa, prototipagem e apresentação são orientados pelos professores, que apesar do acompanhamento, procuram dar autonomia ao aluno para desenvolver o projeto que é apresentado na Mostra SESI STEAM e em diversos eventos científicos, como feiras e mostras nacionais e até internacionais.

Intercâmbio de conhecimentos  Como toda semente plantada tende a florescer, o Programa de Iniciação Científica do SESI floresceu ao longo dos últimos cinco anos, e já tem dado frutos, projetando a instituição nacional e internacionalmente, através do destaque obtido pelos alunos em diversos eventos. Um exemplo disso é o trabalho apresentado pelas estudantes Nicole Melo e Yasmin Teles, que este ano receberam um dos quatro prêmios concedidos pela Regeneron ISEF - International Science and Engineering Fair (ISEF), considerada maior feira pré-universitária do mundo. Em 2021, a ISEF reuniu cerca de 1.800 jovens de 65 países, competindo com 1.480 projetos, em 21 categorias. As estudantes Nicole Melo e Yasmin Teles foram premiadas este ano na Regeneron ISEF (Foto: Gilberto Jr./Coperphoto Sistema FIEB) Parte do grupo TecVerdes, da Escola SESI Djalma Pessoa, em Salvador, Nicole e Yasmin desenvolveram um projeto chamado “Tecnologia alternativa para aumento germinativo e potencialização de compostos bioativos em cultivares de coentro a partir da biomassa de Dunaliella salina incorporada a biofilme polimérico”, que apresentou uma solução ao uso de fertilizantes e agrotóxicos na agricultura, usando um revestimento para sementes feito a partir do amido de mandioca associado à biomassa de microalga, com o objetivo de aumentar a produtividade no cultivo de vegetais e potencializar a quantidade de seus nutrientes.

A participação das estudantes na mostra internacional foi alcançada após a seleção do projeto na 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) para integrar a delegação brasileira, que levou 18 projetos para o ISEF. “Foi, sem dúvida, a experiência que mais me marcou, pois se trata do maior evento de ciência pré-universitária, e apesar desse ano ter sido online, ao participar desses encontros temos a oportunidade de interagir com outras pessoas de diversos lugares diferentes, que apesar das diferenças culturais, têm o mesmo propósito de transformar o mundo em um lugar melhor”_Nicole Melo, estudante  Consolidação Com a consolidação da iniciação científica no SESI, o reconhecimento dos trabalhos desenvolvidos pelos jovens pesquisadores só cresce ano após ano. Durante a edição 2018 da ISEF, o estudante Gabriel Negrão ficou em terceiro lugar no Prêmio Especial da Sociedade de Espectroscopia de Pittsburgh e recebeu menção honrosa da American Chemical Society dos Estados Unidos, com o projeto “Estudo sobre a síntese orgânica assimétrica do álcool 1-feniletanol através de processos biocatalíticos, utilizando-se casca de laranja (Citrus sinensis)”, projeto da linha de pesquisa Bioquímica e Química, que já tinha sido premiado como Destaque da Mostratec 2017.   Marcos Felipe Pereira, Gabriel Negrão Morais e João Vitor Oliveira participaram da ISEF em 2018 (Foto: Betto Jr./Coperphoto Sistema FIEB) Para Gabriel, a iniciação científica alimentou um grande sonho que antes parecia distante, mas agora se tornou realidade: estudar fora do Brasil. “Eu acredito que a pesquisa é capaz de nos tornar estudantes completos, pois me incentivou, por exemplo, a investir no estudo de outras áreas de conhecimento, desenvolver competências como a oratória e o domínio de outros idiomas, e até mesmo no lado pessoal, pois aprendi a me expressar melhor já que antes era tímido”, explica.““Além de todos esses benefícios, a iniciação científica me abriu portas. Eu já tinha participado de um programa de verão no exterior, e agora vou realizar o sonho de estudar química nos EUA”__Gabriel Negrão, estudante  À frente da coordenação do programa, o professor Fernando Moutinho aponta que os resultados obtidos pelos grupos de pesquisa formados por alunos do SESI demonstram a consolidação de um trabalho de sucesso, porém os benefícios vão muito além dos prêmios conquistados pelos jovens. “Sem dúvidas, a experiência de participar de mostras científicas e as premiações marcam a carreira dos alunos, mas todo o aprendizado e o desenvolvimento que eles acumulam e a possibilidade de planejar o futuro com a visão ampliada que a iniciação científica promove, é o aspecto mais valioso de todo esse trabalho”, finaliza.

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