Inspiração: webinar gratuito apresenta iniciativas inovadoras para o jornalismo

Evento será conduzido por Juan Torres, editor de Inovação do CORREIO

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  • Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Uma ideia inovadora, que mude as concepções do trabalho dentro da redação do jornal e que facilite a apuração das notícias diariamente. Esse é o intuito do Prêmio Correio de Futuro, que chega a sua segunda edição num formato que une comunicação e tecnologia, sendo realizado de forma 100% virtual. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site www.premiocorreiodefuturo.com.br.

Editor de Inovação do CORREIO, Juan Torres vai realizar um webinar gratuito nessa quinta-feira (30), às 19h. Os interessados podem se inscrever preenchendo o formulário no link bit.ly/webinariopremiocorreio. Quem assistir poderá tirar algumas dúvidas relacionadas à inscrição dos projetos e também terá a oportunidade de entrar em contato com iniciativas que inspiram a criação do projeto.

“É uma oportunidade de aprendizado para os participantes desde o primeiro momento, e não só para quem chega na final. Só em se inscrever já é um desenvolvimento”, avaliou o editor, que acredita que o Prêmio está aberto não só para quem se encaixa nas áreas de TI ou Comunicação, mas também para quem tenha uma boa ideia e queira executá-la.

Além de ter contato com ferramentas, o espectador também poderá conhecer alguns dos vencedores da última edição do Prêmio. A ferramenta do Leitor Pauteiro foi criada por estudantes de jornalismo da Unifacs e faturou a competição depois de superar outras sete ideias.

Criatividade Juan conta que as ferramentas desenvolvidas pelos participantes devem auxiliar o jornalista, através da tecnologia, a monitorar ou capturar informações com maior facilidade. Juan dá o exemplo de plataformas que podem resgatar informações de bancos de dados públicos de toda a Bahia e acrescentar às matérias, como aconteceu em 2018, quando uma reportagem do CORREIO foi publicada abrindo dados sobre a balneabilidade de praias baianas.

Foram retirados dados de mais de 1.400 PDFs, em parceria com a Escola de Dados. Outra ferramenta que segue a mesma lógica é a Operação Serenata de Amor, uma inteligência artificial (IA) que alerta quando um deputado tem gastos com a alimentação fora do padrão. Tudo isso facilita o trabalho de quem está na redação.

E como funciona o processo de seleção? Já na inscrição, os competidores são desafiados a “explicar a importância do seu projeto”, como define Juan, através de um questionário. Essa é uma forma de avaliar a criatividade e o alcance que a ferramenta pode ter. Após a seleção dos candidatos, chega a hora de uma conversa ao vivo com a bancada do Jornal CORREIO, formada pelos profissionais da empresa, entre eles o editor-chefe do Correio24horas, Wladmir Lima, a editora-chefe do jornal impresso, Linda Bezerra, além de Juan Torres. 

Como não há um número máximo ou mínimo de participantes por fase, é só desenvolver bem a sua ideia e ser criativo para carimbar o passaporte para a semifinal. 

Essa foi a fase que os estudantes de jornalismo Thídila Salim e Carlos Magno, ambos de 24 anos, chegaram na edição de 2019. Eles haviam apresentado um projeto de agenda cultural online, para que a cobertura dessa editoria fosse mais ampla. “Eu acho que nós, estudantes de jornalismo, ficamos muitas vezes fechados no nosso cantinho. E a proposta de poder agregar pessoas de outras áreas do conhecimento é bem enriquecedora. Inclusive, a gente só conheceu o Emanuel Estrela, estudante de TI que fez parte da nossa equipe, por causa do concurso”, lembrou Thídila. 

Para Carlos, que ainda não havia visitado uma redação de jornal, o momento foi muito marcante: “Foi uma experiência muito massa. Sempre fui mais voltado para a carreira acadêmica e naquele momento, no CORREIO, vi uma outra possibilidade, de um ambiente muito bom, ainda mais com essa discussão de tecnologia que tínhamos no projeto”.

Nessa penúltima fase, será preciso tornar a sua ideia um pouco mais concreta, apresentando de forma detalhada como será o seu funcionamento. Aqui o grande desafio será o pitch que cada representante ou equipe deverá fazer. Serão cinco minutos para desenvolver a prática da sua ferramenta e convencer a equipe do jornal a comprar a sua ideia. 

Já na final, o evento se torna um pouco maior. Além do público, que poderá assistir a transmissão, a equipe do CORREIO convida uma parte da comissão julgadora. No ano passado, quem esteve na sede do jornal foi a argentina Florencia Coelho, que é Gerente de Pesquisa e Treinamento em Novas Mídias do La Nación, e ministrou uma palestra. Juan lembra dos momentos finais, que foram bem acirrados e fizeram jus ao desempenho das equipes. 

“A previsão do comitê era de uma reunião de 15 minutos para definirmos o vencedor, mas demoramos quase 50. Isso porque debatemos as ideias que estavam todas excelentes. Foi mais um momento de uma boa troca de ideia e muita informação”. Daqui sai o projeto vencedor, que passará por um período de desenvolvimento de três meses, junto com a equipe do CORREIO, até que seja colocado em prática.

Aprendizado Para quem venceu em 2019, além de ter o contato com o dia a dia do jornal, o que mais valeu foi o processo percorrido até o troféu. Ícaro Carneiro, 23, é formado em sistema de informação pela Uneb, e não fazia ideia de como viabilizar algo para a comunicação. Ao se juntar com Elisa Brotto, 23, que é estudante de jornalismo pela Unifacs, desenvolveram o Leitor Pauteiro, ferramenta que permite que o público que acessa o correio24horas sugira pautas para serem apuradas pela redação. 

“É uma competição acirrada. O mais legal de tudo isso é ter vivido o evento, não só o pós, que são os meses de desenvolvimento. Além das reuniões com Juan, onde a gente entendia a prática de como funcionaria dentro do grande jornal do nosso estado”, lembrou. Elisa completa que a partilha de ideias é fundamental para a inspiração: “Você percebe que não está sozinho. Quando você pensa que pode mudar algo, lembra que outras pessoas também pensam assim”.

E se mesmo depois de entender cada passo a passo e se inspirar com essas histórias você ainda não se convenceu a participar, a estudante de jornalismo lembra de uma frase muito importante: “O não você já tem. Se inscreva, não custa nada. Além de ser um aprendizado você carrega uma experiência muito boa. Tente e você pode se surpreender lá na frente”, finalizou.

Inovação O professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (Ihac/Ufba) e coordenador do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Interatividade, Computação e Novas Interfaces (ICON), Francisco Barretto, acredita que o contexto interdisciplinar é propício para o desenvolvimento de ideias inovadoras. Barretto explica que a inovação é uma reutilização ou reassociação de um recurso existente, sendo capaz de ser um motor da economia e alterar a forma como as relações sociais são estabelecidas. 

“Nesse sentido, a aplicação da inovação ao jornalismo é fundamental para provocar a sua adaptação para as mudanças sociais e tecnológicas. O impresso, por exemplo, é importante para algumas pessoas, já outra parcela da população acessa a informação de uma forma diferente. É importante que haja a adaptação para atender essa nova demanda e modalidade de consumo de informação”, pontuou o professor.

Mentor de três equipes que chegaram à final do Prêmio Correio de Futuro no ano passado, Barretto afirma que a iniciativa incentiva seus participantes a aplicarem os conhecimentos acadêmicos na prática.

“Muitas vezes, o estudante tem um embasamento, mas tem a dificuldade de conectar o conhecimento com o que é produzido na prática. O prêmio também é um caminho saudável para contribuir para solucionar problemas reais da sociedade de forma geral. Se a colaboração de alguma forma facilitar o trabalho do jornalismo, a sociedade de beneficia pois o jornalismo bem feito tem o impacto de supervisionar a atuação dos entes públicos”, ressaltou

Para a professora da Faculdade de Comunicação da Ufba e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-Line (GJol) , Suzana Barbosa, o prêmio é uma oportunidade para refletir sobre as redações e com os profissionais podem inovar na área. “Esses concursos buscam despertar no estudante o pensamento sobre o fazer jornalístico, seus desafios e como contribuir para o novo”, afirmou.

Para a inovação, é necessário pensar em modos distintos de fazer o jornalismo, não só com a agregação de tecnologia, mas também com uma abordagem social, ressaltou Barbosa. "É necessário pensar o que pode ser agregado ao fazer jornalístico que seja capaz de acrescentar possibilidades de melhoria de alguns processos para facilitar o trabalho e garantir conteúdos qualificados, apurados e checados. Que se possa pensar no novo para se entregar melhores produtos para atender o que a sociedade espera do jornalismo. Por exemplo, a inovação pode expandir o acesso a informações para que as pessoas possam formar opinião para construir a cidadania”, disse a pesquisadora.

Barbosa aponta ainda que empresas de comunicação, em especial os grande veículos, buscam investir em inovação, inclusive, com laboratórios focados no tema. 

O Prêmio Correio de Futuro é um projeto do Jornal Correio, com o patrocínio do Hapvida, apoio da Claro, parceria do Sebrae e o apoio institucional da Brasil. io.