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Da Redação
Publicado em 15 de novembro de 2017 às 15:00
- Atualizado há 2 anos
Três projetos educacionais representaram a Bahia na final regional da 12ª edição do Prêmio Itaú-Unicef, ocorrida na noite de terça-feira (14), em Recife (PE). As ações, desenvolvidas em escolas de Ibotirama, Salvador e Seabra, não chegaram a vencer em suas respectivas categorias, mas foram contempladas com R$ 10 mil pela classificação à final nordestina.>
O prêmio Itaú-Unicef – que existe desde 1995, e já recebeu mais de 17 mil inscrições, premiando iniciativas em 1.752 cidades – tem como objetivo reconhecer e estimular parcerias entre Organizações da Sociedade Civil (OSC) e escolas públicas no desenvolvimento de ações socioeducativas que ampliem tempos, espaços e conteúdos de aprendizagem para crianças e adolescentes na faixa etária dos 6 aos 18 anos.>
Nesta fase, foram reconhecidas 32 parcerias, selecionadas entre as 96 finalistas divulgadas na etapa anterior. Em cada regional foram premiadas quatro parcerias, de acordo com o porte orçamentário das organizações – micro, pequeno, médio e grande.>
Mãos dadas O primeiro projeto baiano a disputar a preferência dos avaliadores do prêmio foi o Conexão Mãos Dadas, da zona rural de Ibotirama, cidade no Vale do São Francisco. A ação, classificada como micro porte, é voltada para a educação, em diversas frentes, de alunos da escola municipal Castro Alves, que tem parceria com a Associação Beneficente Comunidade de Mãos Dadas, no bairro de Alto do Fundão.>
“Lá a gente desenvolve muitas atividades, voltadas para os alunos e para toda a comunidade. Temos programa de inclusão digital, aulas de jiu-jitsu, caratê, incentivo à leitura, entre outros. Temos também atividades para os pais dos alunos, como oficinas de vassouras para mães desempregadas, ciranda de contos para um grupo da terceira idade, então, é muito abrangente”, conta Consuelda Oliveira, diretora da associação. Mesmo sem prêmio, Gerzia e Consuelda acreditam que indicação à final é reconhecimento de bom trabalho feito em Ibotirama (Foto: Reprodução) Segundo a diretora da escola, Gerzia Araújo Silva, a heterogeneidade é uma forma de lidar com as carências observadas na região onde a escola fica. “Vamos criando os projetos de acordo com a necessidade das comunidades do entorno”, explica ela, que apesar de não ter conseguido ir para a etapa nacional, e levado para o projeto mais R$ 20 mil, acredita que, do encontro em Recife com outros sócio-educadores, deu para tirar proveito. “O mais importante é essa troca de experiência, conhecer outras realidades”, comentou. >
Conheça um pouco do Mãos Dadas. >
O projeto vencedor da categoria veio da cidade de Major Sales, no Rio Grande do Norte, chamado Circulando a Cultura na Escola.>
Escola, berço de artistas O segundo projeto baiano na final, agora na categoria pequeno porte, foi o Ser Tão Cênico: o Artista Nasce na Escola, desenvolvido na escola municipal de 1º Grau de Lagoa da Boa Vista, em Seabra, região da Chapada Diamantina. A ação é desenvolvida em parceria com a Associação Comunitária Grupo Cultural Lamparinas do Sertão, e assim como no caso do Mãos Dadas, atende a centenas de estudantes, familiares e vizinhos da unidade.>
Com foco no teatro e no incentivo à leitura, promovido através de oficinas, o projeto atende, principalmente, a crianças entre 8 e 12 anos. Segundo os responsáveis pelo Ser Tão Cênico, as oficinas são pensadas, planejadas e aplicadas com o objetivo de desenvolver a criatividade da criançada. Para isso, mergulham em todos os estágios da produção teatral. A turma aprende técnicas de pintura e maquiagem, confecção de máscaras, desenho e confecção cenário e figurino, criação coletiva e encenação de textos teatrais.>
Saiba mais sobre o trabalho desenvolvido por eles.>
O vencedor na categoria pequeno porte foi o projeto Promovendo Vivências de Cidadania, do município de Itapiúna, interior do Ceará.>
Aquele frevo axé Na capital pernambucana, também concorreu entre os finalistas um projeto consagrado, desenvolvido em Salvador há 27 anos. É o Projeto Axé, que levou o legado e a torcida de 80 estudantes da Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima, no Centro Histórico, diretamente beneficiados pelo projeto, considerado de médio porte.>
“Foi uma festa geral dos alunos (quando souberam da indicação). É o primeiro ano que nós conseguimos chegar a finalista”, contou a diretora Joseane da Fé Copque, há 11 anos no comando da escola. “Nós temos essa parceria com o Projeto Axé desde 2007, há dez anos, e é um reconhecimento de um trabalho”, comentou ela.>
A assistente da coordenação de Arteducação do Projeto Axé, Ângela Gonçalves, acredita que a indicação ao prêmio é um reconhecimento dos esforços feitos para transformar a vidade de centenas de jovens carentes. “Nós temos um trabalho de educação de rua, que tem um trabalho de atrair os meninos e meninas, para poder fazer com que eles demonstrem o desejo de estar fora da rua, de construir um projeto de vida. E a escola é um referencial importantíssimo, para que ele tenha um futuro”, comentou. “(A indicação) é uma chancela. Na Bahia, concorreram 98 projetos e três chegaram aqui, então nós temos orgulho”, completou Ângela. A Bahia foi o estado com mais projetos inscritos na regional Nordeste, seguido de Ceará e Pernambuco.>
Para a diretora Joseane, apesar de não ter ido para a final nacional, os resultados que a parceria tem obtido, nos últimos anos, compensa qualquer coisa.“Os frutos são visíveis. A evasão diminuiu bastante. A maioria dos alunos do projeto, posso assegurar, tem quase 100% de frequência. Nós conseguimos que a criança desenvolvesse o gosto pela educação”, afirma ela. O vencedor da categoria foi Cordeletrando - Educar, Rimar e Transformar, desenvolvido em Campos Sales, no Ceará. Já o projeto Juventude Comunica Direitos, também do Ceará, mas de Fortaleza, levou os R$ 20 mil (cada) na categoria grande porte.>
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Mais expectativa Para a coordenadora de Fomento da Fundação Itaú Social, Camila Feldberg, o encerramento das etapas regionais, ocorrido na capital pernambucana, já dão uma ideia de como o prêmio tem ajudado a incentivar práticas cada vez mais criativas e transformadoras.>
“São iniciativas que estão espalhadas pelos mais diversos cantos do país. O prêmio tem uma entrada inclusive em municípios muito pequenos e quando a gente conhece as organizações, isso nos inspira a continuar e cada vez mais contribuir para que essas iniciativas ser mais relevantes”, afirma ela, ao ser perguntada sobre a possibilidade de ampliação do prêmio.>
Pelo método escolhido pelo Itaú-Unicef, as organizações concorrem dentro de suas regionais com outras do mesmo perfil orçamentário. Como finalistas da etapa anterior, OSC e escola receberam R$ 10 mil cada uma. Agora, como regionais premiadas recebem mais R$ 20 mil cada. >
A premiação nacional será no 11 de dezembro, no auditório Ibirapuera, em São Paulo, quando serão anunciadas as quatro parcerias premiadas nacionais (uma de cada porte orçamentário) e OSC e escola receberão mais R$ 100 mil cada uma. O prêmio total para cada instituição reconhecida na última etapa somará R$ 130 mil.“Esses são momentos importantes, que a gente aprofunda na avaliação dessas premiadas regionais. Elas vão receber visitas técnicas e passarão por uma análise mais aprofundada, mas a gente já conclui que são muitas iniciativas, muito relevantes, e que garantem direitos nos locais onde elas acontecem”, completa Camila Feldberg.O Prêmio O Prêmio Itaú-Unicef é uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Este ano, tem como mote “Educação Integral: Parcerias em Construção”.>
“O Prêmio ajuda a fortalecer organizações que transformam o território onde atuam e a vida de milhares de crianças e adolescentes em todas as regiões do País. Elas ampliam as oportunidades e contribuem para garantir o direito de aprender de algumas das crianças que mais precisam”, afirma a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer.>
Ao se inscrever, a OSC indica a escola com a qual trabalha e as ações socioeducativas que desenvolvem conjuntamente. As avaliações consideram o mérito das ações desenvolvidas e os aspectos de gestão para a sua sustentabilidade.>
Os projetos inscritos passaram por análise preliminar e foram divididos em oito regionais: Belém (que inclui os estados da região Norte), Belo Horizonte (estado de Minas Gerais), Curitiba (estados do Sul), Goiânia (estados do Centro-Oeste e Distrito Federal), Recife (estados do Nordeste), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Espírito Santo), Ribeirão Preto (interior do estado de São Paulo) e São Paulo (região metropolitana e litoral de São Paulo).>
Nesta edição, o Prêmio Itaú-Unicef recebeu 1.651 inscrições de todos os estados do país. “A diversidade e relevância das parcerias inscritas no Prêmio revelam projetos fundamentais para garantir o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. Elas são muito inspiradoras para do trabalho conjunto entre escolas e organizações”, avalou a superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Mônica Franco.>
*O jornalista viajou para Recife a convite da organização do evento.>