João Leão desiste da pré-candidatura ao Senado e filho ocupa vaga na chapa de Neto

O deputado federal Cacá Leão (PP) será o substituto do pai que agora irá concorrer à Câmara dos Deputados

Publicado em 4 de maio de 2022 às 05:00

. Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

O ritmo acelerado da campanha  foi o que motivou o até então pré-candidato João Leão (PP) a desistir da disputa pelo Senado Federal na chapa do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). O atual vice-governador, que irá concorrer para deputado federal nas eleições de outubro deste ano,  será substituído pelo filho Cacá Leão (PP). O anúncio foi feito à imprensa na tarde de ontem, na sede do União Brasil, em Ondina. Ao lado do pré-candidato  ACM Neto, João Leão,  76 anos,   garantiu  que está com a saúde em dia e  justificou que a desistência da pré-candidatura ao Senado se deu por conta da idade avançada e das dificuldades em acompanhar o andamento da campanha eleitoral. “Eu aguentar o ritmo da ligeireza antes era tranquilo, mas aguentar o ritmo do bonitão [ACM Neto] aqui não é fácil não. Tiveram vezes que fizemos cinco municípios em um só dia”, disse João Leão em tom de brincadeira.  O vice-governador rompeu com o grupo do governador  Rui Costa (PT) em março, após 12 anos de aliança com governos petistas na Bahia, e anunciou seu apoio ao pré-candidato  ACM Neto. Desde então, percorreu dezenas de municípios do interior. O deputado  Cacá Leão   foi líder do PP na Câmara dos Deputados no ano passado e chegou a ser considerado o melhor parlamentar no Congresso entre todos os baianos em 2021, segundo o Ranking dos Políticos. O ranqueamento é feito a partir do desempenho dos parlamentares levando em conta critérios como presença nas sessões, economia da cota parlamentar e ficha limpa. Trajetória de Cacá  

Durante o anúncio da troca do candidato ao Senado,   ACM Neto lembrou da trajetória de Cacá Leão na política e se mostrou feliz com o novo nome na chapa. “Muitos amigos meus sabem que, lá atrás, quando nem era vista como possível a aliança entre o União Brasil e o Progressistas, me perguntavam quem era meu candidato ao Senado dos sonhos, eu não pensava duas vezes e respondia Cacá Leão”, disse. Apesar da predileção, ACM Neto fez questão de ressaltar que a escolha pelo nome do filho de João Leão ao Senado não teve interferência nem dele nem do seu partido, o União Brasil. “Eu não provoquei e nem pedi que acontecesse [a mudança]. Não tem nenhuma motivação relacionada a qualquer preocupação política eleitoral, mas claro que fico muito feliz em saber que vou ter o deputado Cacá Leão como companheiro de chapa”, destacou.  Exercendo seu segundo mandato de deputado federal, Cacá Leão  é visto como um nome mais próximo ao governo federal do que João Leão e, consequentemente, ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Neto, no entanto, garantiu que a troca não possui relação com o cenário político nacional e aproveitou para ressaltar que não deve apoiar nenhum candidato à Presidência da República.  “A linha do deputado Cacá Leão em relação ao cenário nacional é muito próxima ao que eu penso. Cacá era da base do estado até o fim  da aliança do Progressistas [com o PT], é bem verdade que já querendo se desapegar, e enquanto foi líder do partido na Câmara fez o papel que tinha que cumprir. Mas vamos seguir ambos na mesma linha de manter a nossa posição independente em relação a qualquer candidatura nacional, respeitando os diversos partidos que compõem a nossa aliança”, reforçou o ex-prefeito.  O ex-prefeito de Salvador também utilizou a ocasião para cobrar seriedade dos adversários políticos nas eleições e reforçou que não vai apoiar nem o presidente Jair Bolsonaro (PL) e nem o ex-presidente Lula (PT) em um possível segundo turno. “Fica essa coisa meio sem explicação, em um lado o pessoal do PT me acusa de estar com Bolsonaro e, no outro, me acusam de estar com o PT. No fundo, o que os dois lados dizem confirma a minha posição real de independência: de não ter uma candidatura à Presidência oficial no meu projeto aqui na Bahia”, afirmou. O agora pré-candidato ao Senado revelou estar contente com o novo desafio e está animado para ir às ruas ao lado de ACM Neto nos próximos cinco meses de campanha. “Meu mandato é de resultados e seja quem for o presidente da República, estarei ao lado de ACM Neto e do povo da Bahia, lutando pela melhoria de vida dos baianos”, disse Cacá Leão.  Apesar da desistência de João Leão, ACM Neto disse que era favorável a pré-candidatura do atual vice-governador ao Senado e que não interferiu na troca (Foto: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO) O ex-prefeito de Salvador também utilizou a ocasião para cobrar seriedade dos adversários políticos nas eleições e reforçou que não vai apoiar nem o presidente Jair Bolsonaro (PL) e nem o ex-presidente Lula (PT) em um possível segundo turno. “Fica essa coisa meio sem explicação, em um lado o pessoal do PT me acusa de estar com Bolsonaro e, no outro, me acusam de estar com o PT. No fundo, o que os dois lados dizem confirma a minha posição real de independência: de não ter uma candidatura à presidência oficial no meu projeto aqui na Bahia”, afirmou.

Repercussões da troca no meio político

A decisão de anunciar a nova chapa na terça-feira (3) foi feita de última hora, como revelou o ex-prefeito ACM Neto. Mesmo assim, alguns aliados estiveram presentes no evento que consagrou Cacá Leão como pré-candidato ao Senado. Entre eles estavam o líder de oposição na Assembleia Legislativa, deputado Sandro Régis (UB), os também deputados estaduais Marcelinho Veiga (UB) e Niltinho (PP), além do ex-prefeito de Feira de Santana Zé Ronaldo (UB) e o prefeito de Barra Artur (PP). 

O deputado Niltinho afirmou na ocasião que a decisão de Cacá Leão ficar no lugar do pai na chapa é bem vista pelos aliados e teceu elogios ao parlamentar. “A escolha de Cacá é esperada pela Bahia, ele é um grande parlamentar e vem demonstrando isso no Congresso. João Leão escolheu a pedra preciosa da vida dele, que são sempre nossos  filhos, e não tenho dúvidas que ele trouxe alegria para os baianos”, afirmou. 

Também na terça-feira, o deputado federal e presidente do PP nacional Cláudio Cajado criticou a forma com que a mudança do postulante ao Senado foi feita dentro do partido. João Leão, no entanto, minimizou o atrito e deu a entender que o deputado gostaria de ter sido informado da decisão antes dos demais colegas. “Eu fiz o anúncio a todos ao mesmo tempo, Cajado me perdoe, amigo [...] Na hora ele disse que estava do lado do que a maioria decidisse”, afirmou.

Em nota, o Progressistas Bahia informou que a mudança na chapa foi feita para preservar a saúde do vice-governador por conta da agenda e ritmo intenso da pré-campanha da chapa majoritária no interior do estado. O partido também declarou que segue unido até as eleições de outubro. “A Executiva estadual do PP destaca que segue unida neste novo propósito que é eleger ACM Neto governador, Cacá Leão senador, João Leão deputado federal, reeleger o time de deputados estaduais e federais, além de ampliar com novas lideranças as cadeiras progressistas no legislativo”, diz. 

João Leão deve disputar vaga na Câmara dos Deputados

O atual vice-governador foi eleito  deputado em em cinco mandatos consecutivos entre 1995 e 2014, sendo que renunciou no último para assumir como vice de Rui Costa. 

A justificativa de João Leão é que a campanha para a Câmara é menos cansativa do que a para o Senado e que por isso ele está disposto a pleitear uma vaga. “As pessoas me perguntam como vou fazer a campanha de deputado federal, mas deputado são 35, 40 municípios. Esse cara [ACM Neto] quer percorrer todos os 417 municípios do estado da Bahia, então é um negócio realmente difícil”, explicou. 

Sobre as expectativas para a nova vaga, João Leão disse que quer cuidar das cidades do interior e de seus moradores. “A minha provável campanha é tomar conta dos meus municípios que Cacá, quando foi deputado, ocupou, então agora vou tentar tomar conta deles e fazer o trabalho que deputados fazem, como construir uma casinha, uma ponte, estrada. Então fico muito feliz de estar ocupando o lugar de meu filho”, disse.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.