Jornalista tem celular tomado por PMs e relata agressão no Pelourinho

PM diz que ela e o marido desacataram policiais durante abordagem a um suspeito

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  • Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2019 às 19:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

Uma abordagem policial terminou em tapas, empurrões e puxões de cabelo e envolveu a jornalista Paula Lacerda, de O Globo, e o marido dela, o professor Ronaldo Martins, na tarde desta quarta-feira (27), no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador.

O caso aconteceu no Terreiro de Jesus, por volta das 13h. O casal foi levado para a delegacia por desacato, segundo a PM. Até as 18h, os dois ainda aguardavam ser ouvidos. A jornalista alega, no entanto, que ela e o marido foram agredidos. Paula Lacerda ficou com manchas na pele após abordagem de PMs (Foto: Acervo pessoal) Ela contou que estava passeando com o marido no Terreiro de Jesus quando percebeu uma "abordagem truculenta" de policiais militares a um homem. Ela disse que se aproximou e tentou registrar a ação com o celular, mas foi interrompida pelos militares.

“Quando eu peguei o meu celular para gravar a situação, um deles veio, deu um tapão na minha mão e tomou o celular de mim dizendo que eu estava obstruindo a ação policial. Eu disse que o celular era meu instrumento de trabalho e pedi que ele devolvesse, mas isso virou uma coisa muito maior”, contou.

Os policiais não devolveram o aparelho e disseram que o casal seria conduzido para a delegacia. “Mas foi tudo muito violento. Eles nos agrediram com tapas, puxaram meu cabelo e deram mata-leão no meu marido. Cheguei na delegacia, ironicamente de Proteção ao Turista, toda roxa e meu marido com a roupa rasgada”, relatou ao CORREIO.

Ainda segundo Paula, entre cinco e sete policiais militares participaram da ação. A jornalista contou que os PMs apresentaram o celular danificado na delegacia e disseram que acharam o aparelho celular dela no chão.  Casal afirma que foi arrastado até a delegacia (Foto: Acervo pessoal) O outro lado Em nota, a assessoria da Polícia Militar informou que homens do 18º Batalhão (BPM/Centro Histórico) que estavam trabalhando na Base Móvel no Terreiro de Jesus tentaram conter um homem que estava "descontrolado e ameaçando transeuntes na escadaria da Catedral Basílica", no Terreiro de Jesus.

“Após a contenção e a tentativa de condução do homem para a delegacia, a guarnição foi interpelada por um casal e, a princípio a mulher, que estava bastante alterada e identificando-se como advogada, tentou evitar a condução do suspeito a todo custo”, diz a nota. 

Na versão dos policiais, depois que eles colocaram o suspeito no xadrez da viatura, Paula partiu para cima de um dos policiais e puxou o colete dele. O PM se desequilibrou e caiu. Em seguida, informou ao casal que eles seriam conduzidos para a delegacia por desacato.

Paula nega que tenha agredido os policiais e afirma que foram os PMs que partiram para a violência quando ela pediu que eles devolvessem o celular dela.

A PM disse que no trajeto até a delegacia o suspeito que estava descontrolado danificou o xadrez da viatura.

“Durante a apresentação dos conduzidos na delegacia, compareceu ao local um homem, que reconheceu o suspeito detido como sendo o autor de crime de dano, pois teria quebrado o retrovisor de seu veículo, depois que ele negou-se a pagar R$ 10 para que o conduzido olhasse o veículo”, informa o comunicado oficial.

Investigação O caso foi registrado na Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), no Pelourinho. Segundo a Polícia Civil, os PMs disseram na delegacia que estavam atendendo uma denúncia de ameaça e tentativa de furto a turistas, na região do Centro Histórico, e que o suspeito tentou agredi-los. Por esse motivo, o homem foi contido e imobilizado.

Na versão dos militares contada na delegacia, Paula e Ronaldo passavam no momento da abordagem e interferiram na ação. Ainda segundo essa versão, o casal agrediu os policiais e, por isso, foi conduzido.

A Polícia Civil afirmou que seria lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por desacato e, em seguida, o casal seria liberado.