José Rocha: 'Crise aproximou o presidente do Congresso’

Deputado diz que após pandemia Jair Bolsonaro percebeu que precisava ter uma base política

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  • Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus acabou afastando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do seu discurso de campanha sobre o relacionamento com a classe política e o aproximou do Parlamento. Para o deputado José Rocha (PL), a situação mostrou para o presidente que ele precisava trabalhar com uma base de apoio mais estruturada no Congresso Nacional.  O parlamentar baiano foi o convidado do programa Política & Economia, transmitido ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas) e apresentado pelo jornalista Donaldson Gomes. 

Ele lembra que o início do atual governo foi marcado por muitas turbulências, porém a situação vem se ajustando desde então. “Foi uma relação de muitos desencontros no início. Mas de seis meses para cá, o presidente da República (Jair Bolsonaro) conseguiu manter um entendimento com a maioria dos partidos que têm assentos no Congresso Nacional e conseguiu um alinhamento nas votações de interesse do país”, destacou. “Hoje essa relação está equilibrada e respeitosa, tanto do Executivo para o Legislativo e vice-versa”. 

“A vitória eleitoral do presidente se deu muito em função de um desgaste eleitoral do PT e ele entendeu naquele momento que poderia governar sem partidos. Este foi o grande equívoco dele, porque precisava do apoio do Legislativo para aprovar os seus projetos”, lembra. Segundo o deputado, hoje existe um cenário de boa convivência entre os dois poderes. “Não dá para dizer que o PL participa da base, por exemplo, mas o partido apoia ações do governo que são importantes para o país. Estar na base do governo é quando você tem representantes lá e nós não temos nenhuma indicação em nível de ministério”, explica. 

Segundo ele, há uma preocupação dos parlamentares em apoiar projetos importantes para o país, principalmente aqueles relacionados à área econômica. E, mais recentemente, em trabalhar nas propostas que ajudem o país a superar a crise do coronavírus. “Isso provocou um impacto muito grande e levou todos nós a sentarmos e fazer algo para que o pós-pandemia não fosse pior. Felizmente, este entendimento aconteceu e aprovamos todas as medidas relacionadas à covid-19 e agora vamos encarar a pauta econômica, com vários temas importantes para a recuperação da economia”, explicou. 

Para o parlamentar, as duas principais questões a serem analisadas pelo Congresso no pós-pandemia são as reformas tributária e administrativa, além da questão da autonomia do Banco Central (BC). Ele destacou ainda os projetos de concessões que estão sendo estudados nas áreas rodoviária e ferroviária, sem contar com a agenda de privatizações. “Temos processos de privatizações, como é o caso da Eletrobras, que eu acho uma necessidade, além de outros processos que estão em debate, como o caso dos Correios e do Banco do Brasil”, enumera. 

Se a relação com o presidente Jair Bolsonaro melhorou, dentro do Congresso, alguns embates internos chamam a atenção. Um deles, para a instalação da Comissão Mista do Orçamento (CMO), indica uma disputa de forças. Enquanto uma parte dos parlamentares apoia o nome do baiano Elmar Nascimento (DEM), outra apoia a candidata Flávia Arruda (PL), do Distrito Federal. José Rocha diz que hoje a tendência é de um bate-chapa entre os grupos. “Acho que deveria haver um entendimento para que não tivéssemos ganhadores ou perdedores”. 

O parlamentar explicou ainda o que é o bloco chamado de centrão na Câmara. “O centrão foi um termo pejorativo criado no passado, de um grupo de partidos que se alinhava dentro do Congresso Nacional. Depois deixou de existir. Hoje, temos um grupo de partidos diferentes do que estavam unidos naquela época”, explica. “É um grupo de partidos independentes que se aliam para enfrentar determinados temas. Não estão unidos em todos”. 

Eleições municipais O deputado José Rocha lamentou a ausência do PL na disputa eleitoral para a Prefeitura de Salvador. “Um partido só cresce quando disputa as eleições majoritárias e na Bahia eu sempre defendi candidaturas próprias. Em Salvador, gostaria de ter saído com o Irmão Lázaro, que é um político que foi deputado federal, disputou o Senado e tem a favor a negritude, é artista e todos os requisitos para ter tido uma boa candidatura”, afirma. 

Sem candidatura própria o partido optou pelo apoio a Bruno Reis (DEM). Para José Rocha, a decisão criou um problema na relação com o governo estadual, onde o PL ocupa a Secretaria do Turismo. “Se o secretário (Fausto Franco) for mantido, será uma deferência pessoal a mim, se ele não for mantido vou entender como uma resposta ao partido”, diz.