Jovem é assassinado por adolescentes e tem corpo queimado no Oeste baiano

Crime de homofobia aconteceu em Luís Eduardo Magalhães; suspeito, que é menor de idade, foi preso e aguarda encaminhamento para Salvador

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  • Wendel de Novais

Publicado em 16 de julho de 2020 às 21:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Augusto Isensee/Divulgação

Guilherme de Souza, 21 anos, estava voltando para casa, na madrugada do último domingo (12), em Luís Eduardo Magalhães, Oeste da Bahia, quando foi encontrado por dois rapazes, de 14 e 16 anos, que o mataram com pedradas e pauladas. Após matá-lo, os adolescentes arrastaram a vítima para uma casa abandonada, onde o jovem de 14 anos ateou fogo no corpo. O motivo do crime foi a sexualidade de Guilherme.

O assassinato de Guilherme foi premeditado pelo jovem de 14 anos, que foi apreendido pela polícia e confessou o crime. O suspeito, que tirou a vida de Guilherme por se incomodar com a sexualidade da vítima, disse, em depoimento, que já planejava o crime há uma semana porque "teria sido assediado pelo rapaz".

O delegado e coordenador regional de Polícia Civil (PC) da região, Rivaldo Luz, afirmou que o jovem demonstrou frieza ao falar do crime.“Ele contou com riqueza de detalhes como fez. Disse que deu um chute e seguidamente deu três pedradas na cabeça da vítima. É um menor muito problemático, que demonstra uma grande frieza”, conta.Ainda segundo o titular da PC, a mãe do jovem revelou que, desde novo, ele se mostrava uma pessoa fria e perigosa. “A própria mãe, que não mora com ele há um ano, disse que o menor era uma pessoa violenta, fria e calculista. Ela revelou que ele já tinha sido expulso de vários colégios”, relata o delegado, que disse que o jovem está isolado na delegacia, aguardando o encaminhamento para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Salvador.

Por ser menor de idade, o rapaz não será preso, mas deve receber medidas socioeducativas. A advogada criminalista Suzy Brito afirma que o jovem não deve passar muito tempo em reclusão. “Há uma série de sentenças que podem ser dadas para menores de idade. Mas, nesse caso, por ser um crime grave e de comoção social, é provável que o juiz o sancione a internação do autor com duração de até três anos. Essa é a medida mais pesada que pode ser concedida”, explica. 

Presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira comentou o ocorrido e disse que a ação reflete uma sociedade que não para de matar pessoas LGBTQIA+. “A homofobia é tão agressiva na sociedade e influencia tanto no comportamento desses adolescentes, que eles repetem padrões visto em ações de pessoas adultas. Marcelo, que afirmou não ser a favor da diminuição da maioridade penal, também disse que, nesses casos, vê injustiça na lei. “Esse menino cometeu um crime hediondo. Foi preso e vai responder de acordo com a idade, pegando três anos de reclusão e medidas corretivas. O outro perdeu o direito de viver e a família ficou acabada. A lei é muito injusta, nesse caso, mas é a lei”, lamentou. Segundo dados do GGB, pelo menos uma pessoa LGBTQIA+ morre por dia no Brasil.

O outro adolescente, de 16 anos, está foragido. Segundo o delegado Rivaldo Luiz, ele não participou do ato de queimar o corpo da vítima, mas agiu ativamente no assassinato. “Ele só não colocou fogo no corpo, mas agrediu e matou a vítima como o outro que está preso e, quando encontrado, responderá legalmente por isso”, afirmou.

De acordo com o delegado, além do outro suspeito, pessoas que testemunharam a ação e não fizeram nada para impedir o crime estão sendo investigadas e também serão responsabilizadas.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela