Jovens e vacinados: ilha de Maré imuniza população a partir de 18 anos

Na próxima semana, será a vez das ilhas dos Frades e de Bom Jesus dos Passos

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  • Gil Santos

Publicado em 2 de julho de 2021 às 05:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr./Secom PMS

O sol nem está tão forte nesta sexta-feira (2), a previsão é de muitas nuvens, mas para os moradores da Ilha de Maré o dia amanheceu brilhando. O motivo para tanta alegria é que por lá a pandemia tem chance de acabar mais cedo. Na quinta-feira (1), a Prefeitura de Salvador fez um mutirão e vacinou toda a população com 18 anos ou mais. Na próxima terça-feira (6), será a vez dos habitantes da ilha de Bom Jesus dos Passos e da ilha dos Frades.

O estudante Tassiano Duarte tem 24 anos, não possui comorbidade e não faz parte de nenhum outro grupo prioritário, mas já está vacinado. Ele teve covid-19 no ano passado e foi uma das primeiras pessoas a procurar um dos postos de vacinação montados na ilha de Maré. A imunização começou às 8h e ele contou que chegou pouco depois.

“Para mim foi uma experiência gratificante porque essa vacina era necessária para a nossa imunização, e para que aos poucos a gente volte à normalidade na rua e nas escolas, enfim, nos locais onde tem maior concentração de pessoas. Estou contente por ser vacinado e espero que esse benefício venha para todos, independentemente da idade ou de classe social”, disse.

A prefeitura anunciou no começo da semana que iria antecipar a imunização dos moradores das três ilhas da capital para facilitar a logística. Juntas, as três localidades têm 12 mil habitantes, mas 9 mil já estão protegidos. O objetivo é zerar a fila protegendo as 3 mil pessoas restantes, com 18 anos ou mais.

Quem mora na região comemorou a decisão. Barqueiros que trabalham com o turismo contaram que depois que a pandemia começou o número de visitantes caiu, e acreditam que com a imunização de toda a população das ilhas os turistas vão se sentir mais seguros e motivados em fazer os passeios. Outros habitantes reclamaram de aglomerações em bares e praias, aos fins de semana, e afirmaram que a vacina vai trazer alívio.

Na ilha de Maré a vacinação foi montada em dois pontos, na Escola Municipal de Botelho, em Botelho, e na Escola Municipal Claudemira Santos Lima, na localidade de Santana, onde houve fila para tomar a vacina. O coordenador do distrito sanitário responsável pelas Ilhas, Moisés Teles, contou que cerca de 20 trabalhadores atuaram na vacinação.

“Foram mil doses, sendo 900 da Janssen e 100 da Pfizer porque ainda existia um quantitativo de gestantes, puérperas e lactantes que não podem tomar a Janssen. Houve procura, fila, mas de forma ordenada. A Guarda Municipal acompanhou, mas não houve nenhuma indisponibilidade”, contou.

Para receber a dose é preciso estar com o nome cadastrado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e os moradores estão sendo vacinados com a Janssen, vacina de dose única. Na terça-feira (6), os habitantes da ilha de Bom Jesus dos Passos e da ilha dos Frades vão receber o mesmo imunizante.

Logística O prefeito Bruno Reis anunciou no início da semana a vacinação de toda o público alvo das três ilhas de Salvador e disse que a decisão foi tomada para acelerar o processo de imunização. Ele citou locais de difícil acesso em que as equipes da Secretaria Municipal de Saúde tinham dificuldade de visitar recorrentemente e afirmou que a medida vai ajudar a economizar recursos públicos.

“A decisão de imunizar logo as ilhas foi por uma questão operacional, de a gente ter que mandar equipes para fazer a vacinação. E vamos aplicar a Janssen porque é dose única, então, fazemos a imunização, concluímos a vacinação, e seguimos no continente. Como o número de pessoas que ainda precisa se vacinar não é expressivo a ponto de comprometer o nosso calendário, nós tomamos essa decisão”, disse, na terça-feira (29).

Quase 1,5 milhão de pessoas foram vacinadas em Salvador até agora, sendo 1 milhão com a primeira dose e outros 462 mil com a segunda dose. As mulheres representam 60% do público imunizado, e 59% da população protegida se autodeclara preta ou parda, é o maior percentual, sendo seguido por 26% que não informaram a cor ou etnia, e 13% de brancos. Na quinta, a taxa de ocupação dos leitos de UTI era de 69% na capital.

Evento-teste A Prefeitura de Salvador está cogitando fazer um evento-teste para avaliar a efetividade das vacinas. O prefeito Bruno Reis comentou sobre o assunto no início da semana e disse que isso pode acontecer em uma das três ilhas da cidade.

Para isso, primeiro, seria preciso uma parceria do município com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para desenvolver um estudo nesse sentido. Essa conversa está em andamento. Depois, seria preciso aguardar os 20 dias necessários para a eficácia completa da vacina. E terceiro, os números da pandemia na cidade teriam que estar controlados.

Bruno Reis disse que vai aguardar até o final de julho e analisar o cenário, porque precisa observar também as consequências das aglomerações das festas juninas. “Se a gente chegar ao dia 15 de julho e não houver aumento de casos, se os números continuarem caindo como estão, a prefeitura vai realizar um evento-teste, para em agosto a gente começar a retomar os eventos em nossa cidade”, disse.

Nesta quinta-feira, começaram a ser vacinadas pessoas com 43 anos ou mais e a aplicação da segunda dose foi suspensa. Nesta sexta (2), mesmo com o feriado do Dois de Julho, a vacinação vai continuar.