Judiciário baiano diz dar total apoio às investigações da Faroeste: ‘seja esclarecido’

PF deflagrou 6ª e 7ª fases da operação, com prisão de desembargadoras; titular da SSP-BA foi afastado

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  • Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 19:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) divulgou um comunicado, nesta segunda-feira (14), a fim de demonstrar apoio às ações promovidas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF) contra um esquema de compra e venda de sentenças judiciais envolvendo servidores da própria corte. Horas antes, os órgãos federais deflagraram, na Bahia, as 6ª e 7ª fases da Operação Faroeste, que terminou com a prisão de duas desembargadoras suspeitas de participação nos ilícitos, que envolviam grilagem de terra no Oeste do estado. 

No documento que autoriza as novas fases da operação, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) apontou que “o aprofundamento das investigações revelou uma engrenagem criminosa com diversas ramificações e possível envolvimento de dezenas de pessoas, muitas delas autoridades da alta cúpula do poder público baiano”. Na ação, o STJ também determinou o afastamento do cargo, por um ano, do secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa.

“O Poder Judiciário do Estado da Bahia reitera e ratifica o total apoio às instituições competentes para o processo de investigação conduzido pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal”, afirma a nota do TJ-BA, reforçando que se tratam de novas fases da operação deflagrada em 2019, agora com mandados de busca e apreensão de documentos no prédio sede do próprio Poder Judicário, a sede do TJ-BA, no CAB. O trabalho foi conduzido pela Polícia Federal.

“O Superior Tribunal de Justiça é o órgão competente para avaliação das provas e aceitação ou não da denúncia, portanto, capaz de esclarecer todos os fatos. Para o Presidente do TJBA, Desembargador Lourival Almeida Trindade, a administração tem, como dever fundamental, prestar todo e qualquer apoio, a fim de que qualquer fato, envolvendo magistrados e servidores, seja esclarecido e apurado. A transparência tem sido o pilar dessa gestão do Tribunal de Justiça”, continua o comunicado.

“O TJBA, à luz da Constituição Federal, respeitará sempre o ‘Princípio do Contraditório’ que preserva a proteção ao direito de defesa, de natureza constitucional, conforme consagrado no artigo 5º, inciso LV: ‘aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes’”, completa o comunicado.

Na decisão cumprida nesta segunda, o STJ autorizou a busca e apreensão em desfavor de:Amanda Santiago Andrade Souza; Arthur Gabriel Ramos Barata Lima; Diego Freitas Ribeiro; Ediene Santos Lousado; Fabricio Boer da Veiga; Gabriela Caldas Rosa de Macedo; Ilona Marcia Reis; Ivanilton Santos da Silva; Ivanilton Santos da Silva Júnior; João Batista Alcântara Filho; José Alves Pinheiro; Lígia Maria Ramos Cunha Lima; Marcelo Junqueira Ayres Filho; Maurício Teles Barbosa; Ronilson Pires de Carvalho; Rui Carlos Barata Lima Filho; Sérgio Celso Nunes Santos. Além disso, o STJ concedeu o pedido do MPF de afastamento cautelar do exercício da função de seis pessoas pelo prazo de um ano. São elas:Os desembargadores Lígia Maria Ramos Cunha Lima; Ilona Marcia Reis; Ivanilton Santos da Silva;  O juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia João Batista Alcântara Filho;  O delegado da Polícia Federal e Secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, Maurício Teles Barbosa; A delegada da Polícia Civil da Bahia e Chefe de Gabinete da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, Gabriela Caldas Rosa de Macedo; E a promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia, Ediene Santos Lousado. Eliane foi chefe do MP da Bahia por duas gestões. Deixou o cargo em fevereiro deste ano, após derrota do grupo liderado por ela na disputa com a oposição no órgão. A decisão também prorrogou o afastamento do exercício das funções de desembargador, os denunciados Gesivaldo Nascimento Britto, José Olegário Monção Caldas, Maria da Graça Osório Pimentel Leal e Maria do Socorro Barreto Santiago, e das funções de Juiz de Direito, os denunciados Sérgio Humberto de Quadros Sampaio e Marivalda Almeida Moutinho, alvos da primeira fase da operação.

Foi autorizada a prisão temporária de Lígia Maria Ramos Cunha Lima e Ilona Marcia Reis, pelo prazo de cinco dias. O órgão também decretou a prisão preventiva de Ronilson Pires de Carvalho que, de acordo com o documento, se encontra foragido. 

Em nota, o Governo do Estado disse que "irá cumprir a decisão judicial". O Governo também informou que "aguarda as informações oficiais do processo em curso para tomar as medidas cabíveis". Foram procurados também o Ministério Público Estadual (MP-BA) e a Associação dos Magistrados (Amab), que não responderam aos questionamentos até a publicação desta reportagem.